Como é gostoso dar aquela boa evacuada. É uma questão de bom humor diário.
Segundo estatísticas, um em cada sete brasileiros tem dificuldade de ir ao banheiro. São quase 30 milhões sofrendo com a chamada constipação intestinal, ou simplesmente prisão de ventre.
Na maioria dos casos, a dificuldade em ‘fazer o número 2’ não é causada por razões médicas e sim sociais
Por mais que tenhamos pudores e não falemos sobre temas considerados escatológicos, todo mundo faz cocô.
Um fenômeno biológico natural da qual não escapa rainhas, reis, personalidades e pobres mortais desconhecidos possuem seus rituais e crenças sobre a defecação.
E existem muitas crenças falsas criadas sobre o ato de limpar os próprios intestinos.
Você pode pensar que é entendido do assunto, mas equívocos são comuns.
Confira a verdade por trás de cinco enganos sobre defecar:
5. Fazer cocô diariamente é o normal e o ideal
O exército dos Estados Unidos certa vez incentivou seus soldados a realizar três Bs diários: barbear-se, banhar-se e, bem… borrar-se. Isso pode implicar que o último B é uma rotina diária saudável à qual devemos nos esforçar para manter. Porém, a principal preocupação do exército não é exatamente saúde a longo prazo.
Gastroenterologistas ironizam que qualquer coisa na faixa de três vezes ao dia até três vezes por semana é normal, assumindo que as fezes não sejam muito soltas ou duras. Ou seja, regularidade não significa que a defecação deve acontecer diariamente, e sim, que isso deve acontecer de forma consistente. Frequência só se torna uma preocupação quando muda de repente, de qualquer forma que seja.
A prisão de ventre é causada por muitos fatores, como má alimentação, desidratação, falta de exercício, o jet lag ou a mudança de dieta durante uma viagem, gravidez e certos medicamentos. Ter um bom descanso, beber mais água, fazer exercícios e ter uma dieta rica em fibras de grãos, frutas e legumes devem resolver o problema. Se não, uma escassez de evacuações podem apontar (ou levar a) uma condição médica séria.
A diarreia, ou intestino solto, também é causada por vários fatores, geralmente por vírus, bactérias ou uma reação alérgica. Quando o quadro acontece com muita frequência, pode ser um sinal de uma doença crônica, como a síndrome do cólon irritável.
4. É de se esperar que cheire mal
Cocô pode não cheirar a rosas, mas também não deve cheirar como um pântano podre de rosas. Uma evacuação que cheire realmente muito mal – algo reconhecidamente difícil de quantificar por escrito – pode ser um sinal de uma infecção ou algo mais sério, como a doença de Crohn, doença celíaca ou colite ulcerosa.
A giardíase, uma infecção do parasita Giardia, é um dos culpados mais conhecidos por causar um cocô de cheiro horrível. Se sentir odor ruim durante um período prolongado ao defecar, você deve consultar um médico.
Talvez surpreendentemente, soltar gases de manhã à noite é normal e saudável, um subproduto natural das bactérias do seu intestino que digerem a comida. Mas, assim como no caso do cocô, gases consistentemente fedidos podem ser um sinal de algo sério.
3. O cólon precisa de uma boa lavagem
Limpeza de cólon é uma das piores coisas que você pode fazer para sua saúde a longo prazo – apesar de sua popularidade em vários lugares do mundo. Na sua forma mais benigna, a limpeza do cólon é um desperdício de tempo e dinheiro. Estudos recentes, no entanto, revelaram quão prejudicial a prática é.
Em suma, você não pode lavar as coisas ruins, sem lavar as coisas boas. Contudo, o pior é que não há coisas ruins para lavar. Essas toxinas e quilos de matéria fecal apodrecida e compactada? Não existem.
Com cada “limpeza”, você está liberando bactérias benéficas e eletrólitos. Cerca de mil espécies de bactérias residem no cólon e ajudam nas fases finais da digestão, incluindo a absorção de água, a fermentação de fibras e de absorção de vitaminas, particularmente das vitaminas K, B1, B2, B7 e B12.
Salas de emergência regularmente recebem pacientes que se machucam na limpeza intestinal. Efeitos colaterais mais comuns são desidratação, perfurações retais, embolia aérea, infecções do sangue e uma perda da capacidade de controlar os músculos dos intestinos.
Não há toxinas no cólon que sejam absorvidas no sangue para causar doenças. Esta teoria da autointoxicação foi comprovada incorreta mais de 100 anos atrás.
2. Levar o tempo que você precisar no banheiro é saudável
O mito de que é saudável sentar-se no vaso sanitário por um tempo prolongado permeia a cultura popular. O autor Henry Miller dedicou um capítulo de “Os Livros da Minha Vida”, de 1952, a ler no banheiro. Mesmo um episódio do seriado “Seinfeld” contou com o personagem George sendo forçado a comprar um livro ilustrado caro que ele tinha levado para o banheiro da livraria para ler.
E revistas são encontradas com tanta freqüência nos banheiros das pessoas que se poderia pensar que é natural, ou até mesmo benéfico, relaxar no toalete. Isso não procede por duas razões.
Estudos têm mostrado uma ligação entre a leitura no banheiro e doença hemorroidária. A teoria, que remonta a um estudo de 1974, é que ficar um tempo prolongado sentado no vaso sanitário, durante o qual o ânus está relaxado, seguido por esforço repetido, irrita os tecidos circundantes do reto chamadas almofadas anais, que ajudam os movimentos de controle intestinal. Isto pode levar a inflamar as veias nesta área, o que é popularmente conhecido como hemorroidas.
Um estudo publicado na revista “The Lancet”, em 1989, relatou que pacientes com hemorroidas eram mais do que duas vezes propensos a ler no banheiro. Um estudo de 1995 na revista “Colon & Rectum” descobriu que 40% dos pacientes com doença benigna anorretal lê no banheiro. E um estudo de 2009 publicado na “Neurogastroenterology & Motility” também descobriu que pessoas que sofrem com inflamação das hemorroidas são mais propensos a serem leitores sanitários.
O que não está claro, no entanto, é se passar um tempo prolongado sentado no vaso sanitário provoca hemorroidas ou o hábito é o resultado disso. De qualquer forma, os médicos recomendam uma dieta com mais fibra para não ficar mais tempo no banheiro e fazer com que o intestino funcione melhor.
A segunda razão de por que a leitura de banheiro é um problema é sujeira. Vários estudos revelam como livros, revistas e smartphones se contaminam com a matéria fecal quando usados no banheiro. E é difícil lavar papel ou um iPhone.
1. Mais cocô leva a mais perda de peso
Comparado com os outros mitos que citamos, este ao menos parece estar alinhado com as leis da física: quanto mais sai, menos você está carregando por aí. Infelizmente, não é bem por esse lado.
Muitas pessoas tomam laxantes ou bebem chás com a esperança de defecar mais calorias. O problema desta abordagem, entretanto, é que a absorção de calorias ocorre na maior parte no intestino delgado. Laxantes fazem o seu trabalho no intestino grosso, ou cólon.
No caso da dieta oriental, onde as taxas de obesidade são bem menores do que no ocidente, o que estamos testemunhando é o efeito de uma dieta rica em fibras, em que a fibra insolúvel proporciona uma sensação de saciedade sem agregar muitas calorias. Essa fibra vem em grãos integrais, feijões, vegetais e cascas de vegetais, sementes e nozes – característicos de uma dieta asiática. Alimentos ricos em fibras trazem menos calorias por quilo, em comparação aos alimentos pobres em fibras, tais como carnes e alimentos processados - característicos de uma dieta ocidental.
Fibras fazem com que você defeque com regularidade e esvaziam seu corpo com muita eficiência. É melhor começar a comer a granola que a sua irmã comprou e esqueceu no armário da cozinha, ao invés de comprar um laxante. [LiveScience, How Stuff Works, Chinatown Connection, The Telegraph]