No teatro do mensalão, nas manobras para se ganhar tempo na condenação dos acusados, a acesa discussão entre o presidente do Supremo Tribunal Federal e relator da ação penal o ministro Joaquim Barbosa, e o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, suspendeu a sessão plenária. até então pacífica de julgamento dos recursos dos condenados, quando se discutiam os embargos propostos pelo Bispo Rodrigues (ex-deputado do ex-PL).
Lewandowski insistia na necessidade de rever a pena por crime de corrupção passiva (3 anos) imposta ao réu, no ano passado, por 10 votos a zero (inclusive o de Lewnadowski).
Eis a discussão:
Barbosa – “Estamos aqui para examinar os embargos. Vossa excelência participou da votação unânime. Agora quer rediscutir.
Celso de Mello (decano) – “São importantes as razões que o ministro Lewandowski expõe. Tem sido tradição, quando um ministro prefere não pedir vista, que adiemos o fim da sessão.Talvez na próxima quarta-feira, e todos nós poderíamos discutir a partir desse ponto para que o tribunal possa apreciar os embargos, e dar uma resposta compatível com o entendimento de todos segundo o que consta dos autos.
Barbosa – Não acho ponderável. Vossa excelência está querendo reabrir uma discussão.
Lewandowski – Para que servem os embargos?
Barbosa – Não servem para arrependimentos!
Lewandowski – Então os embargos não servem para nada.
Celso – Eu ponderaria ao eminente presidente que talvez conviesse encerrar os trabalhos. Isto não vai retardar…
Barbosa – Já retardou.
Lewandowski – Estamos com pressa do quê? Queremos fazer justiça!
Barbosa – Fazemos o nosso trabalho. Não fazemos chicana!
Lewandowski – Peço que o senhor se retrate!
Barbosa – Não vou me retratar!
Lewandowski – Estou trazendo um argumento. Não estou brincando. Não admito isso. Vossa Excelência preside uma casa de tradição….
Barbosa – Que Vossa Excelência não respeita! Tem vista em mesa, portanto.
E a sessão encerrou-se bruscamente, permanecendo no plenário durante algum tempo, conversando, os ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Barroso e Celso de Mello. No salão contíguo ao plenário, privativo dos ministros, ouviram-se gritos não identificáveis.