CONTROLE ESTÉTICO NA CORÉIA DO NORTE
A padronização humana é um vírus.
A nossa mente é padronizada e seguimos padrões. A base do nosso pensamento é a comparação como forma de padronização. A compreensão deste mecanismo como um fato é o começo da libertação. Todo sistema de poder padroniza como fórmula de controle. Podemos libertar nossa mente de tudo, menos deste fato. O fato é que em toda história a humanidade vem sendo padronizada. Este é o nosso fundo, a nossa memória, nosso inconsciente, nosso condicionamento, e sobre esta memória funcionamos. No padrão temos a falsa segurança, e por isso temos medo do que se apresenta como diferente. A padronização existe em tudo e em todas as sociedades humanas, principalmente neste tempo de globalização. O que acreditamos ser diferente, ou um estado de liberdade também já nasce padronizado. A entidade humana é mais igual do que imagina, e as diferenças são apenas idiossincrasias individuais que fomentam a uma certa diversidade do planeta. A estética padroniza produzindo a base da aceitação. E buscamos esta padronização como meio de sermos aceitos socialmente.
A lição da notícia viral sobre os cortes de cabelos impostos pelo governo da Coréia do Norte, os 28 exemplos padronizados aprovados pelo regime comunista é apenas um caso extremo deste fenômeno que criticamos e não observamos na nossa realidade. As duas fotos de um salão norte coreano divulgadas por uma agência de notícias como registro de um controle de expressão estética severo pode ser uma forma de refletimos toda esta nossa discussão sobre nossas padronizações vigentes de uma estética severa. E como na Coréia do norte também somos fiscalizados com câmeras, com programas de TV. E estamos de acordo com o jornal estatal norte coreano Minju Choson que o cabelo é uma questão importante que mostra o padrão cultural, mental e moral da população. Eles possuem 18 opções de corte, com apenas três ultrapassando o ombro e não indo muito além de 4 dedos abaixo. Nada de cor, penteados, volume e acessórios. Homens com cabelos grisalhos podem deixar os cabelos um pouco maiores, mas jovens devem fazer a manutenção do corte a cada 15 dias no máximo. Segundo o site da BBC UK, um dos aspectos divulgados pelo sistema é a ideia que cabelos grandes roubam a energia do seu cérebro e prejudicam o desenvolvimento da inteligência. E quantas opções teremos? E o quanto da nossa energia tem sido roubada?
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O QUE É A BELEZA
No mundo há mais decoração que beleza.
A mente humana se tornou coletivizada e o “eu” é uma entidade fictícia que sobrevive numa falsa experiência de individualidade.
Sofremos da massificação, da propaganda, da religião organizada, das políticas de rede, da necessidade de ajustamento como método de nos sentirmos seguros.
A liberdade consiste na negação, na dúvida. Uma mente não sujeita aos dogmas, às crenças. Uma mente que não se refugia somente dentro dos limites da experiência. Uma mente que rompeu todas as barreiras da tradição, da autoridade, da ambição, que já não esta presa na rede da inveja. Que não necessita de guias ou mediadores. O medo nos conduz a necessidade de sermos ensinados, dirigidos e quando isto ocorre, infelizmente é inevitável a corrupção e a deterioração humana.
Podemos observar tudo isto acontecendo atualmente em grande escala na sociedade. Não estou falando da mente técnica, pois hoje há muito de tecnicismo no mundo. O que necessitamos é de uma mente criadora, livre inclusive da sociedade nos moldes como ela se apresenta atualmente. Para isto temos que colocá-la em dúvida, por mais sagrada ou poderosa que seja esta coisa. A verdadeira beleza exige a total demolição da nossas própria idéias e tradições. Estes são indivíduos belos necessários no mundo moderno onde a propaganda e o embuste estão assumindo o controle de tudo.
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HUMAN CONNECTOME PROJECT: MAPEANDO NOSSO CÉREBRO
A complexidade do cérebro humano envolve 100 bilhões de células nervosas ligadas entre si por 1 milhão de bilhões de conexões. Diante de tal magnitude, como nós humanos não temos utilizados nossa capacidade neuronal para solucionarmos os problemas bases que assolam nossa sociedade. Parece que as vias que dispomos ainda priorizam nossos “instintos primitivos” que exacerbam necessidades como a luta por territórios, sexo, alimentação e defesa. Não construímos de forma adequada vias neuronais que priorizam a harmonia social. Se como indivíduos não resolvermos estas questões não seremos capazes de gerar um pensamento coletivo diferente do que ainda temos hoje. Todas as nossas vias cerebrais estão contaminadas por uma significação que ainda nos gera muito sofrimento. E ainda estamos disfarçando estes mecanismos através das nossas atividades sociais, religiosas, econômicas, políticas e outras mais que apenas aumentam o sofrimento humano.
O projeto Connectome visa mapear todas as redes de ligações do cérebro humano, abrindo uma nova forma de pensar nosso cérebro. É importante entendermos as estruturas, contudo, apenas isto não explicará nosso comportamento insano diante de tanta calamidade que temos produzido conosco mesmo. O cérebro funciona pela mediação de um contexto relacional com nosso ambiente. Podemos descobrir todas as vias por onde transita a química cerebral, mas se não entendermos também os mecanismos ambientais, sociais que determinam nossas valorações nada disto resolverá. Ou vamos interceder farmacêuticamente como temos feito. Outra forma de ilusão perigosa.
A pergunta é: Se mudarmos o contexto onde o cérebro está inserido haveria modificação nestas vias? O que temos valorizado? O que temos simbolizado? Ao que parece, tudo que o homem necessitou conhecer acerca de si mesmo já foi dito por todos os filósofos, médicos, teólogos e psicólogos e continuamos transitando pelas mesmas vias de egoísmos e disfarces do nosso comportamento animal irracional.
O sofrimento só pode cessar quando se conhece o movimento de si mesmo que está além das estruturas funcionais do nosso organismo. Parece que todo o nosso movimento tem sido na manutenção de uma memória absurda de status quo. Insta ao homem atual como ser que possui a capacidade de valoração assumir o que realmente tem valor em sua vida de animal. Chega de disfarces numa luta de vir a ser. O homem na sua futilidade tem se “esforçado” numa atitude de “vir a ser”. Ou você é ou não é. A maioria das nossas atividades ainda tem sido um processo de evitação.
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