Google Glass, o “óculos do futuro”, o brinquedo tecnológico mais falado de 2012, amplia a discussão sobre a nossa visão da realidade.
Dentre todas as novas tecnologias da realidade aumentada (RA), a oferecida pelo uso do Glass permite ao usuário navegar pelas redes sociais, usar o GPS, ver a previsão do tempo, fazer fotos e vídeos, entre outros recursos bem interessantes.
O direito à reserva de informações pessoais e da própria vida privada ´novamente colocada em xeque-mate pela tecnologia?
Ao mesmo tempo que a Google oferece o acesso público, também promete uma política de privacidade. O público e o privado se embricam no Google Business.
A criação de novas regras de privacidade social segundo uma etiqueta digital na interface homem-máquina? Ou teremos uma profusão ainda maior de divertidas galerias de creep shots?
A democratização da privacidade segundo o pitoresco e melodramático cenário descrito por George Orwell em “1984”? Uma reedição aprimorada do romance de política totalitária que ressalta a vilania dos mestres da sociedade com objetivo brutal do uso da tecnologia de comunicações para assegurar o domínio do Estado.
As sinistras “teletelas” estão por toda parte e não apenas em nossas casas vomitando a propaganda e a vigilância para manter a população passiva. Em face deste monitoramento esterilizamos o nosso comportamento como cidadãos modelo? Qual novidade temos senão a tecnológica. O cenário pitoresco e tecnologicamente simplista de Orwell é ampliado todos os dias a medida que a Internet nos prova que não é uma monolítica Big Brother.
Somos um exército de Little Brother e não algumas sedes remotas nas paredes-off. O que foi democratizado, permitido e ensinado e é explorado no regime caótico de lentes, de rede e microfones que apontam em todas as direções.
Nosso antigo instinto de observador como Little Brother tecnológicos viramos as nossas lentes de para vida privada dos outros, mas também para nós mesmos na busca de atenção. E estamos sendo treinados a tão facilmente apontarmos as lentes para os outros tanto quanto para nós mesmos. Nesta confusão o foto shop da nossa imagem pública e privada será tratada com o filtro da igualdade? O que temos visto no nosso espelho tecnológico?
Face a carga de informações cada vez maior a disposição das pessoas, estas agora estão precisando de um recurso que a auxilie na identificação do que é necessário no momento de necessidade. Então, entra em cena o processo de customização da informação.
Em outras palavras precisamos alimentar nossos sentidos, como por exemplo a visão e audição a fim de fixarmos as informações recebidas.
O ato de repetição que ajuda a fixar a informação lida, isto é, a informação é passada da memória de curta duração para memória de trabalho e, posteriormente, para a memória de longa duração (onde está armazenado o conhecimento do ser humano).
A era do acesso interativo on-line a repositórios (multimídia) de informações em todo mundo.
O usuário, conectado a Internet, tem a possibilidade de navegar no ciberespaço e acessar os mais diferentes tipos de informações. Mas, o que temos visto é que ainda estamos viciados a determinados comportamentos e com toda a tecnologia da informação ao nosso dispor não houve uma mutação da memória humana no mundo on line.
O que vemos e compartilhamos?
“O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima”
Esta que é uma das sete principais leis herméticas nos princípios incluídos no livro Caibalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. Ha muito o homem se colocou e se isolou no patamar de uma individualidade como um observador acima de todos os fenômenos num tempo psicológico na dualidade que o exclui destes próprios fenômenos.
Na segurança virtual este mundo aparentemente não existe em potência.
Como humanos fazemos o que humanos fazem. Ou fazemos aquilo que humanos devem fazer na presença de humanos e na privacidade o que humanos não deveriam… Privacidade e censura andam juntas.
Será que a criação do mundo virtual só foi possível devido à nossa dualidade real? Agora esta tecnologia tem o poder de expor esta realidade?
A lógica de negócios do Google é o constante registro e arquivamento da nossa vida. Este é um grande caminho para nos observarmos. A nossa dicotomia platônica da realidade, o que é a coisa sensível e as idéias. E qual ajuste temos feito entre a imagem e a ideia da coisa?