Na história do Brasil, são poucos os nomes de personagens negros que transcenderam as fronteiras raciais. A maior parte delas está nos setores esportivo ou artísticos.
Esta condição não é somente no Brasil.
No mês da visibilidade negra, o que seria a arte da música sem a contribuição negra?
As matrizes africanas contribuíram para moldar a cultura e a música brasileira. Das congadas ao samba, passando pelos afoxés e blocos afro, a presença de elementos musicais e religiosos provenientes da África é marcante na nossa história, como ainda hoje se evidencia nas escolas de samba e nos sambas-enredo em todos os ritmos alucinantes e alucinógenos que os negros produzem..
Sem a contribuição da negra a música não existiria na forma como a ouvimos hoje.
Atualmente se constata uma progressiva desafricanização da música popular brasileira. vítima da globalização do gosto.
Mesmo esse pop milionário, aparentemente sem identidade palpável quando pretende ser “étnico”, é exatamente aquela parte da música dos negros americanos que a indústria do entretenimento desafricanizou.”
A música popular brasileira, de raízes tão acentuadamente africanas, mesmo sofrendo um processo de desafricanização ainda em curso.
Quando a bossa-nova resolveu simplificar a complexa polirritmia do samba e restringir sua percussão ao estritamente necessário, não estaria embutido nesse gesto, tido apenas como estético, uma intenção desafricanizadora? E quando a indústria fonográfica procura modernizar os ritmos afro-nordestinos (de maracatu para mangue-beat, por exemplo), não estará querendo fazer deles menos “boçais” e mais “ladinos”, pela absorção de conteúdos do pop internacional?
Mas, nada disto importa senão como observação.
O grande fato é que a maior contribuição negra é arte da música intrínseca em seu espírito como a bela cor da sua pele que nos envolve nos seus ritmos e nos faz sonhar com um mundo onde na vibração do canto não haja mais diferenças sociais.