Que vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados quando dizem a verdade, segundo Aristóteles.
Mas, quem é de verdade sabe quem é de mentira?
Para mentir é necessário sabermos a verdade. Sabermos que somos nós. E o que somos senão uma idiossincrasia das leis e regras sociais ao qual somos submetidos antes mesmo do nosso nascimento.
E nestas condições a mentira tem o seu valor. Mesmo na natureza o efeito de enganar serviu e serve claramente a sobrevivência das espécies. O lobo que se disfarça de ovelha não está mentido ou em contradição com a sua natureza de lobo. Este julgamento fica de acordo com as ovelhas que foram enganadas´ou não tiveram a capacidade de discernimento do que é um lobo disfarçado…
E, nós humanos não somos tão diferentes dos lobos quando temos que lidar com a realidade nua e crua da nossa natureza animal.
Em condições normais, um ser humano costuma mentir de duas a três vezes por dia.
E a mentira funciona por inúmeras razões.
Mentimos para obter vantagens. Para evitar ou adiar consequências negativas que a descrição completa e fiel dos eventos acarretaria em determinadas ocasiões.
Segundo a parábola de autor desconhecido, a verdade visitava os homens; sem roupa e sem adornos, tão nua quanto o seu nome.
E todos os que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas vindas.
Assim a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada.
Numa tarde, muito desolada e triste, encontrou a Parábola que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido.
— Verdade, porque estás tão abatida? – perguntou a Parábola.
— Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam tanto!
— Que disparate – riu a Parábola – não é por isso que os homens te evitam. Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente, por toda a parte onde passava era bem vinda.
Então a Parábola falou:
— A verdade é que os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles a preferem disfarçada!