A sexualidade ainda é um tema recorrente e cheio de preconceitos e tabus que são explorados pelas religiões, pela mídia, pelo mercado.
Contudo, que nós humanos exploremos este assunto de forma a construirmos um mundo onde a sexualidade e o ato sexual seja tão natural e simples como o ato de alimentar-se para viver. Mas, não resolvemos nem a fome no mundo, como resolveremos nossas neuroses sexuais?
Um dos grandes homens que contribuiu com sensibilidade desprovida destes aspectos sensacionalista sobre a sexualidade humana foi Wilhelm Reich.
Sua obra e pesquisa foi frequentemente atacado com interpretações distorcidas, como se houvesse algo “não correto”.
Reich defendeu a função da sexualidade humana como uma das manifestações biopáticas da estrutura de caráter neurótica do homem do séc. XX. Desenvolver estudos cada vez mais consistentes que culminaram na criação da metodologia de pesquisa orgonômica: o funcionalismo orgonômico.
Em sua obra “Superposição Cósmica” – 1950, Reich coloca: “Estamos livres para deixar a confirmação ou refutação do nosso trabalho, a qualquer pessoa que queira tomar para si tal tarefa. Devemos contudo lembrar àqueles que nunca se deram ao trabalho de olhar em um microscópio ou para o céu , que nunca entraram em um acumulador de energia orgone e contudo estão cheios de falsas opiniões “autoritárias” sobre a orgonomia, que fiquem de lado e não perturbem um trabalho sério. Fiquem no mínimo quietos!!!”
Reich segue dizendo: “É impossível dominar as funções da vida, se não se as vive completamente. Quando Malinowski decidiu estudar as culturas antigas foi para as ilhas Tobriand onde conviveu com seus habitantes em suas choupanas compartilhando suas vidas e amores … a visão revolucionária se desenvolve a partir da prática, e ao longo de um espaço de tempo … Estamos realizando um trabalho pioneiro com nosso conhecimento psiquiátrico e biofísico e revelando os princípios básicos do processo vital. Nosso trabalho é prevenir o câncer e outras biopatias e dessa maneira fornecer os princípios da economia sexual para todos e principalmente na educação das crianças. Sabemos que às vezes, a compreensão sobre os fenômenos pode surgir prematuramente em uma pessoa, antes que os demais indivíduos tenham atingido o mesmo nível de compreensão. A história das ciências naturais e do desenvolvimento cultural está cheia desses exemplos.” People in Trouble” – 1953,
Antes de Reich, a sexologia se ocupava da “sexualidade doente”, quer dizer “das perversões”.
Não havia qualquer pesquisa científica que permitisse construir uma teoria a respeito da função da sexualidade, capaz de preencher a lacuna deixada pela teoria econômico social de Marx.
A questão da família é em si mesma cheia de elementos emocionais e irracionais que nos remetem à moral e não à ciência natural.
Reich procurou preencher essa lacuna em seus livros:“A Revolução Sexual” – 1945 e “A Psicologia de Massas do Fascismo” – 1946. Nesses livros fica claro que o problema nunca foi a forma da família ou a questão da procriação em si, mas o fato de que a família e a procriação tinham obscurecido desde o início a função do prazer biológico do animal humano.
A potência orgástica, o cerne da posterior sociologia sexo econômica de Reich, só foi descoberta e descrita entre 1920 e 1927.
Reich ainda esclarece: “Em suma, todos os esforços para compreender e reorganizar a sociedade operaram-se sem nenhum conhecimento do problema biosexual do animal humano”.
Quando Reich escreveu seu livro “A Função do orgasmo”, o primeiro deles, 1925, 1927 – tentava já utilizar a questão da sexualidade de modo sócio político. Entendia os problemas econômicos trazendo limitações externas que se somavam às inibições genitais já individualmente condicionadas, despotencializando assim os indivíduos, tornando-os enfraquecidos, sedentos por autoridade externa e vulneráveis ao sadismo de alguns grupos fascistas. “O sonho de uma melhor existência social permanece sendo apenas um sonho, exatamente porque acima de tudo, no plano individual, continua comprometida a capacidade de satisfação genital. A grande miséria em que o homem se acha enredado, é devido a sua couraça caracterológica, que dificulta que ele acesse suas grandes potencialidades uma vez que o afasta da sua natureza primária e portanto da necessidade de viver em uma sociedade que permita que ele realize seu sonho de uma vida socialmente realizadora, e ainda, fornece justificativas para essa fuga …” Esclarece Reich em “O Éter, Deus e o Diabo” – 1949
A energia sexual é gerada no corpo e necessita liberar-se através da convulsão orgástica que envolve todo o organismo. Se esta liberação natural fica inibida, se produz um represamento dessa energia (estase), que dá origem a todo tipo de mecanismos neuróticos. A liberação dessa energia bloqueada através do restabelecimento da função do orgasmo é a meta terapêutica, já que desta forma se restabeleceria o fluxo natural da bioenergia e conseqüentemente se eliminaria a neurose.
No texto sobre o Funcionalismo Orgonômico, escrito por volta de 1947. “Tudo que fiz, foi realizar uma descoberta fundamental, superando o irresponsável porém compreensível acanhamento, no que se refere ao processo central da sexualidade. Eu meramente descobri a função do orgasmo, mas eu fiz isso de uma forma completa e consistente.”
Muito ainda haveria para falar sobre o que Reich chamou de “A Função do Orgasmo, mas talvez o mais importante seja dizer que essa pesquisa permitiu que outras portas fossem sendo abertas. Reich, além de descobrir a função terapêutica do orgasmo abriu caminho para uma consistente investigação científica que vai desce o funcionamento das amebas ao comportamento das galáxias.
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