MULHER FILMA PRÓPRIO ABORTO
Mulher filma o próprio aborto para questionar mitos sobre a prática
Emily Letts não se sentia pronta para ter filhos. Depois de poucas semanas de gestação, decidiu abortar. Filmou a operação para mostrar que, na opinião dela, um aborto não precisa ser assustador ou traumatizante
Emily Letts descobriu que estava grávida em novembro passado. Aos 25 anos, tendo começado há pouco uma nova carreira, não queria ter filhos. “Eu sabia que não estava pronta para cuidar de uma criança”, escreveu ela. Decidiu abortar. Letts vive em Cherry Hill, no estado americano da Nova Jersey. Lá, clínicas de aborto são legais, têm autorização do governo para funcionar.
Desde o ano anterior, inclusive, Letts trabalha em uma dessas clínicas, onde decidiu levar o procedimento adiante. Filmou a operação.
O vídeo foi assistido mais de 400 mil vezes. É delicado – filma Letts da cintura para cima. Médicos e aparelhos mal aparecem. Sua intenção, com isso, era informar, mostrando que um aborto cirúrgico não é, necessariamente, assustador. Em um ensaio para a revistaCosmopolitan, Letts escreveu : “Nós falamos muito sobre aborto mas, mesmo assim, ninguém sabe realmente como um aborto é. Um aborto em uma gestação ainda no primeiro trimestre leva de três a cinco minutos. Mesmo assim, mulheres vêm à clínica aterrorizadas, achando que serão cortadas, convencidas de que não serão capazes de ter filhos depois disso. A quantidade de informações erradas é incrível mas, pensem: mesmo assim, essas mulheres ainda estão dispostas a enfrentar esses medos porque sabem que não podem criar uma criança naquele momento”.
No mesmo texto, Letts explica que nunca foi uma ativista em favor do aborto. Pelo contrário – de início, ela queria ajudar mulheres a ter filhos. Uma de suas amigas é uma doula e lhe inspirou esse desejo. Enquanto pesquisava, Letts descobriu que existem três tipos de doulas: aquelas que ajudam durante o parto; as que auxiliam na adoção e aquelas que auxiliam em casos de aborto. Foi quando teve um estalo. Por anos, Letts trabalhara como atriz profissional. Sentia-se mal com o próprio corpo, tendo de competir com outras mulheres. De repente, percebeu que poderia ajudar mulheres a se sentir bem com elas mesmas, com suas decisões e com seus corpos, logo depois de elas terem passado por uma experiência potencialmente traumática. Letts iria ajudá-las a abortar.
Letts enfatiza que o aborto, desde que existam as devidas condições médicas e legais, é uma decisão pessoal. Esta é a história dela – uma mulher que decidiu não estar pronta para ser mãe e que, com poucas semanas de gestação, preferiu abortar. “Não vou fingir que isso é mais ou menos do que uma decisão pessoal. Não posso falar por ninguém em um caso tão pessoal”.
Segundo ela, o aborto não precisa ser uma experiência traumatizante para todas as pessoas, nem é em todos os momentos. Uma pesquisa realizada pela Universidade da California, em 2013, com mulheres americanas, concluiu que 90% delas se sentia aliviada – e não culpada – depois de realizar o procedimento. Além disso, apesar do temor, abortos legalizados são mais seguros do que dar à luz: de acordo com uma pesquisa de 2012, da Universidade Columbia, as chances de a mulher morrer após o parto são 14 vezes maiores do que de morrer depois de um aborto. Mas Letts sabe que a experiência pode ser terrível para muitas: “Eu sei que muitas delas sentem remorsos. Eu já vi as lágrimas”. Não foi o caso dela. Letts saiu da clínica aliviada – como os 90% das mulheres de que a pesquisa falava. Sentiu-se assim porque, para ela, aquela decisão, tão pessoal, era a mais adequada. Com o vídeo, Letts apenas quer que as pessoas reflitam e permitam que as mulheres, livres do terror e do preconceito, sintam-se livres para tomar suas próprias decisões. Seja essa decisão abortar ou dar à luz.
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Atendimento a Vítimas de Violência Sexual (PLC) 3/2013
Bancada feminina defende sanção de projeto sobre atendimento a vítimas de violência sexual
Autora do Projeto de Lei da Câmara (PLC 3/2013) que trata do protocolo de atendimento a vítimas de violência sexual nos hospitais da rede pública, a deputada Iara Bernardi (PT-SP) defende que a presidenta Dilma Rousseff sancione integralmente o texto.
O projeto não é consenso. Representantes de grupos religiosos, como o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entregaram documento ao governo pedindo o veto de dois dispositivos do texto, que tratam da profilaxia da gravidez e que as mulheres devem ser informadas sobre seus direitos legais.
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