EM BUSCA DA PRIVADA PERFEITA
Bill Gates aumenta prêmio para privada sustentável para US$ 1 milhão
Na tentativa de modernização da forma como lidamos com os nossos dejetos, a Fundação Bill & Melinda Gates premia com até US$ 1 milhão os melhores protótipos de sanitário capazes de evitar que o esgoto saia das casas sem tratamento, contaminando o meio ambiente e ameaçando a saúde da população. “A ideia do desafio ‘Reinvent the Toilet’ é premiar a melhor ideia de um sanitário que torne os dejetos seguros para evitar que os patógenos (microorganismos causadores de doenças) saiam das casas, entrem em contato com as pessoas; (deve ser) um sanitário acessível, fácil de usar e que possa ser comprado nas lojas”, explicou à AFP o encarregado sênior do programa de Água, Saneamento e Higiene da Fundação Bill & Melinda Gates, o marfinense Doulaye Kone. O desafio “Reinvent the Toilet” distribuiu quatro prêmios no ano passado. Mas a Fundação continua procurando novos projetos e este ano oferece recompensa de até US$ 1 milhão para o ganhador. Calcula-se que 1 bilhão de pessoas vivam em condições sanitárias inadequadas que causam doenças responsáveis pela morte de 1,5 milhão de crianças a cada ano. No Brasil, segundo dados oficiais, cerca de 40% das residências ainda não estão ligadas a rede de coleta e tratamento de esgoto, a instituição financia o projeto de uma latrina de biodecompósito, material que decompõe o material orgânico, desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na busca por incentivar estas soluções inovadoras, a Fundação destinou aproximadamente US$ 380 milhões a projetos vinculados a seu programa de saneamento nos últimos cinco anos. Atualmente, 65 são financiados em vários países, alguns latino-americanos, como Brasil, Peru e México.”Muitas destas doenças são evitáveis, mas se tornam endêmicas em regiões densamente povoadas, em áreas de favela e em países pobres simplesmente porque a infraestrutura sanitária não dispõe de tecnologia eficiente para proteger a saúde das pessoas”, afirmou. Os sistemas tradicionais de coleta e tratamento de esgoto são muito caros porque precisam de grande quantidade de água, rede de coleta e energia para alimentar as estações de tratamento. E as alternativas existentes, como as fossas sépticas, não conseguem evitar muitas vezes a contaminação ambiental, argumentou. “A forma diferente de resolver o problema é considerar que a solução não está necessariamente ligada a um sistema de dutos coletores. É possível ter um sanitário com um sistema adequado de tratamento doméstico, que permita resolver o problema localmente”, destacou. Para se candidatar ao prêmio, o projeto precisa atender a certos critérios, como evitar odores e insetos, custar até US$ 0,05 ao dia por usuário, evitar a contaminação do meio ambiente e permitir a recuperação de componentes que possam gerar renda, como gás e adubo para produzir fertilizantes. Kone participa no Rio de Janeiro da conferência internacional de Academias de Ciências (IAP), onde o desafio foi apresentado.
- Published in Comportamento