O ASSASSINATO DE CRISTO
Dola Indidis, um advogado queniano que é ex-porta-voz do Ministério da Justiça do Quênia está recorrendo a sentença de crucificação dada pelo Império Romano. Pediu à Corte Internacional de Justiça para anular o julgamento e condenação de Jesus Cristo e de sua sentença de morte subseqüente. Está tentando processar, entre outros, a República da Itália e o Estado de Israel sobre a execução do Messias cristão.
O advogado queniano diz ter a intenção de reparar a justiça no caso histórico que dá base ao surgimento da fé cristã.
“A acusação parcial e maliciosa [feita contra Jesus] violou seus direitos humanos”, disse Dola.
Ele virou-se para a corte sediada na Holanda, que costuma ouvir as questões de direito internacional, depois de uma tentativa de arquivar o processo no Superior Tribunal de Nairobi foi expulso em 2007.
Mr Indidis espera ter convicção de Jesus anulada.
Poucos erros aparentes de Justiça repercutiu tão longe e tão longo como a condenação e crucificação de Jesus mais de 2.000 anos atrás.
De acordo com o Novo Testamento, o Messias teve problemas após a realização de milagres e alegando que ele era o filho de Deus, o que levou as autoridades judaicas para prendê-lo sob a acusação de blasfêmia.
Eles levaram a Pôncio Pilatos, então governador romano da Judéia, que lhes disse que ele não tem competência para julgar o caso e enviou-o para o rei Herodes, que o mandou de volta a Pilatos.
Pilatos, Jesus encontrou-se inocente de todas as acusações, mas, depois de uma multidão de judeus irritados chamado por Ele para ser executado, o governador cedeu e teve crucificado ao lado de dois criminosos.
Dola diz que a sua iniciativa não tem ligação direta com sua fé, e que o resultado da sua ação não mudará em nada o que crê, mas entende ser necessário que o caso, visto por ele como uma “má conduta judicial, abuso de poder, preconceito e injúria” por parte de Pôncio Pilatos, seja revisto.
A ação do advogado Queniano é tratado como uma piada pelos veículos de imprensa.
Historiadores e teólogos têm a mesma visão de Dola. É justamente a crucificação de um inocente, a base teológica da Igreja, que dá a condição da “salvação” da “humanidade pecadora”.
Na crucificação de Cristo, uma injustiça social que vai contra os Direitos Humanos nasceu da fé de milhões de pessoas pelo mundo,
E a fundamentação das grandes instituições religiosas, dos Estados também se fundamentam nesta visão da necessidade de expiação e sacrifícios para se herdar o suposto paraíso. E assim continuamos a criar o inferno no mundo para se ter o direito ao céu após a morte.
Se a moda pega, advogados poderiam atuar em uma ação contra o próprio Deus que não defendeu o seu Filho diante das atrocidades cometida por Roma na crucificação. Que lei divina é esta que oferece o próprio filho inocente como pagamento de uma lei moral divina.
Desta louca ideologia divina nasce nosso comportamento de sacrifícios dos nossos filhos em guerras e culpas geradas pelos país. É justo os filhos pagarem pelos erros dos país.
O sacrifício, a punição, a condenação se tornou a base do nosso comportamento, das leis, da maioria das religiões, da condição financeira da maioria neste planeta que sustenta “deuses” em seu direito divino.
Este é o fundamento das instituições financeiras e religiosas na base de uma lei impossível de ser atendida, uma dívida impossível de ser paga, gerando a escravidão na economia espiritual e material no mundo. A necessidade do sacrifício diário.
Não é um caso de mais de 2000 mil anos que envolve, além do próprio Cristo, um império que não existe mais. É algo que aprendemos e apresentamos nas nossas atuais relações cotidianas.
A primeira tentativa, falha, do advogado aconteceu em 2007, no Tribunal Superior do Quênia, na cidade em Nairobi, e o caso não foi levado adiante.
Segundo informações Shalom Life, o líder religioso queniano Maloba Wesonga, porta-voz da Arquidiocese de Nairóbi, classificou como inútil o esforço do advogado: “Como sabemos, esse julgamento tinha que acontecer. Devemos entender que Jesus não era vulnerável e ninguém pode querer fazer justiça a Deus”, destacando a questão a partir do ponto de vista teológico.
O que temos que mudar é a nossa concepção de psicológica e financeira de fé.
- Published in Psicologia
DIMINUIÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PARA JOVENS E IMPUNIDADE PARA ELITE
“Os índices de criminalidade no Brasil são macabros. Mata-se mais em latrocínios aqui que no Iraque. E o que a mídia grande faz? Reduz tudo a uma única questão: ser ou não ser a favor da diminuição da maioridade penal.”
Vários casos de repercussão na mídia pressionam o Senado a tomar uma posição sobre a questão da violência cometida por adolescentes. Há os defensores da redução da maioridade penal para 16 anos.
A maioridade penal ou maioridade criminal define a idade mínima a partir da qual o sistema judiciário pode processar um cidadão como uma pessoa que se responsabiliza por seus atos, não existindo sobre ele quaisquer desagravos, atenuante ou subterfúgios baseados na sua idade. O indivíduo é reconhecido como adulto consciente das consequências individuais e coletivas dos seus atos e da responsabilidade legal embutidas nas suas ações. Definida pelo artigo 228 da Constituição a idade em que um jovem passa a responder inteiramente por seus atos como cidadão adulto é fixada em 18 anos.
A legislação brasileira adota o sistema biológico independente da capacidade psíquica ao entender que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto, por não possuir desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito dos seus atos.
Na legislação atual o menor infrator pode ficar mais de três anos internado em instituição de reeducação como a FEBEM, hoje Fundação Casa, apenas uma mudança de nomenclatura. E não sabemos o que é pior nas instituições brasileiras de reeducação, as prisões comuns ou a crueldade e sadismo sofrido por jovens nas instituições. O que estamos vendo é um genocídio com que as elites brasileiras executam de maneira permanente seus planos de faxina social. Nosso sistema penal e prisional é de caráter seletivo e classista. Qualquer um que acompanha as mídias faz a leitura que os presídios são o que há de mais terrível, um sistema sádico que não contribui para a diminuição da violência, acentuando-a, marginalizando-a, a violência como algo prazeroso, utilizando da violência para satisfazer os desejos de uma elite de destruição dos nossos jovens, educando-os para se tornarem doutores em sadismo. Nosso sistema penal só contribui para o aumento da violência e para a insegurança pública. Ninguém dá a mínima para esta situação, e os políticos, os juristas vêem os presidiários como uma massa humana que deve ser retirada da vista, torturada e exterminada. E as mídias bombardeiam a cabeça da população nesta mesma visão, educando todos no prazer da tortura, na vitimização em massa, e quando tudo foge do controle, bradam os conservadores por aumento das penas, do sadismo institucionalizado na redução da idade penal, que apenas vai tornar lícito a violência que já existe. Quem continuará a ser as maiores vítimas deste sistema conservador? A grande massa sem acesso a uma vida digna de trabalho, hospitais, educação, gado marcado para consumo tanto da elite branca composta pelas grandes fortunas, políticos, juízes, e da elite do tráfico, dos grandes cartéis de drogas e de jovens para a escravidão sexual, financeira e do trabalho. Uma sustenta a outra. Portanto, é uma grande bobagem esperar pela boa vontade do judiciário, dos políticos e dos que detêm o poder financeiro uma mudança. Isto só ocorrerá a partir de quem é vítima direta deste sistema.
Não adiante ficarmos babando diante dos grandes pilares de nossa maravilhosa ordem social, tratando-os como os novos sacerdotes imaculados e inquestionáveis. “O Supremo”, uma instituição altamente conservadora, que não faz nada em relação a situação dos presídios e julga os grandes com olhares e direitos de penas diferenciadas, contribuindo ainda mais com a onda conservadora que se espalha pelo país.
Enquanto a grande massa de favelados está em guerra, os que desviam verba de hospitais, de merenda escolar, que fraudam licitações, que compram votos dos parlamentares, que são figuras de mando do tráfico de droga, de armas e de pessoas, que conduzem esquemas de lavagem de dinheiro em grande escala continuam em ação. Para a imensa maioria da população carcerária a prisão continua a única solução, e o encarceramento em massa, um grande negócio.
As penalidades previstas são chamadas de medidas socioeducativas. Crianças até doze anos não podem ser julgadas ou punidas pelo Estado. De doze a 17 anos o jovem infrator é julgado na Vara da Infância e da Juventude, podendo receber advertência como punição, obrigação de reparação do dano, prestando serviços comunitário, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou internação em estabelecimento educacional, não podendo ser encaminhado ao sistema penitenciário. E esta deve ser a aplicação da penas para os privilegiados. Querem tratar os jovens como adultos que tiveram todas as condições sociais e educativas para serem donos e responsáveis pelos seus crime e punidos pelo Estado, enquanto transformam os criminosos de colarinho branco em jovens que não tinham esta mesma responsabilidade, colocando-os em prisões domiciliares, penas alternativas, direito a todos os julgamentos e recursos.
Não vemos ninguém falar na melhoria das condições sociais desta juventude. Mau e porcamente se remetem a um problema educacional de forma genérica. E o que é educação?
Se querem diminuir a maioridade penal para os jovens, que estendam esta diminuição para os seus direitos. Direito ao acesso financeiro digno, que subtende-se ao trabalho bem remunerado e não escravo. As condições de crescimento com acesso e escolha de boas escolas e universidades para todos como manda uma constituinte tão aclamada como democrática. Educação que realmente discuta a diversidade religiosa, o uso de drogas, a diversidade de orientação sexual, para que realmente tenham capacidade de responder por elas.
Os defensores da redução da maioridade penal acreditam que os adolescentes infratores não estão recebendo a punição devida, sendo o Estatuto da Criança e do Adolescente muito tolerante com os infratores, não intimidando os que pretendem transgredir a lei. Têm como argumento a legislação eleitoral que considera o jovem apto para votar aos 16 anos. O direito ao voto imputa a responsabilidade diante da justiça.
Discute-se assim a redução da idade da responsabilidade criminal para o jovem com a fala das maioria em 16 anos. Há propostas para 12 anos como idade-limite com punições mais severas. Não sendo mais o tempo máximo de permanência de menores infratores em instituições de três anos como determina a legislação, e sim de dez anos. A maioridade penal somente quando o caso envolver crime hediondo e “imputabilidade” penal quando o menos apresentar “idade psicológica” igual ou superior a 18 anos.
Os combatentes da mudança na legislação acreditam que a redução na maioridade penal não traria resultados na diminuição da violência e ainda acentuaria a exclusão de parte da população. Como alternativa a proposta de melhorar os sistema socioeducativos dos infratores, investimentos em educação e a mudança na forma de julgamento de menores violentos estabelecendo regras mais rígidas e mesmo a aplicação adequada a legislação vigente. Enquanto isto no Ministério da Justiça, o ministro da justiça fala como cidadão comum dizendo o que todos dizem:
“Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão nossa, eu preferia morrer”
Seríamos insensíveis ao sofrimento humano e no que tange as nossas moralidades na manutenção do nosso medíocre status social optando mais pela punição do que observamos a fundo o que fomenta o mercado da violência?
De que adianta estipularmos uma idade para a punição se a mesma está a tanto tempo conosco que nos acostumamos a ela. E há os que sentem prazer na punição como forma de poder.
Na política, na religião, na sociedade, em nossos condicionamentos, idiossincrasias individuais e coletivas a violência institucionalizada ou marginalizada como meio é um fato. Para isto necessitamos de Ministérios e ministros da justiça. De deuses e demônios. De policiais e bandidos na imensa e contraditória teia social, psicológica e sacra. Aumentaremos e pena e diminuiremos a cronologia de aplicação das mesmas. E no milênios de nosso existência conviveremos com a nossa violência, nosso medo e nossa culpa, nosso desespero, prazer e cegueira por não observarmos o fato de que tudo o que fizemos não resolveu e não resolverá nosso intrínseco desejo de justiça e vingança ante nossa pequenez existência. Nosso sistemas de condicionamentos políticos, religiosos e sociais e condicionamento não são e jamais serão justos. Então cruzaremos os braços disfarçando nossa hipocrisia como temos feito em nossos papéis como políticos, padres, pastores, pobres e ricos, ministros, presidentes, favelados ou burgos e gritaremos por justiça quando a mesma violência que não faz distinção invadir a nossa casa.
Não gostamos que nos apontem os nossos condicionamentos e condicionantes, mas diante da brutalidade do fato colocamos a solução ou a culpa neles. Tudo o que não funciona como gostaríamos depositamos a responsabilidade na educação. Uma da primeiras coisas que aprendemos em família, a educação. mas, o que é a educação?
A educação que o jovens tem recebido como modelo das políticas do Estado é que o crime compensa. As polarizações da mídia em relação as orientações religiosas e sexuais apenas geram mais separatismo e fomentam uma luta num país que nunca teve problemas com a diversidade aqui acolhida. Os grande nobres deste país semeiam a discórdia em temas de comportamentos de fórum íntimo, e, enquanto a massa atolada na pobreza física e intelectual se digladiam eles reinam soberanos tendo acesso a todos os direitos e as riquezas do país. As soluções apresentadas como mais do mesmo, aumento de penas, diminuição da idade cronológica não resolvem e não resolverão a miséria deste país.
- Published in Comportamento
POSSIBILIDADES DE AMORES
“O Homem é a única espécie biológica que destruiu a sua própria função sexual natural,e está doente em função disso.” Wilhelm Reich
Wilhelm Reich (1953) questionou o casamento monogâmico como única alternativa de relação familiar. No discurso em defesa da monogamia, grupos mostravam-se apenas interessados na manutenção da ordem social-política-econômica como forma impositiva de uma moral sexual única. Esta forma impositiva, e não propriamente a monogamia era geradora do desenvolvimento de neuroses, fadando o homem ao sofrimento.
Reich acreditava que a moral sexual-econômica de hoje antecipava a moral do futuro. Não somos uma ilha. Podemos ter pontos de vista diferente vivendo como parte de um processo gerador do desenvolvimento da sociedade. Pontos de vista ocorrendo de maneira completamente independente da vontade dos indivíduos, dos slogans religiosos e dos partidos.
Na família compulsória caracterizada por pai, mãe e filhos é onde comumente estabelece a atmosfera ideológica do conservadorismo, sendo não uma base natural, mas o alicerce da estrutura econômica social vigente. Nela se origina todo tipo de problemas relativos a sexualidade, a educação sexualmente negativa recebida desde a infância. A saúde de uma sociedade é equivalente a sua diversidade cultural e de suas manifestações morais.
O poliamor não é uma cultura nova. Este arranjo familiar é visto na história cultural da humanidade em sociedades que adotavam a poligamia e outras a poliandria.
O Poliamor
O poliamor é um movimento que surgiu na década de oitenta nos Estados Unidos, com sua primeira conferência internacional sendo realizada em 2005, em Hamburgo – Alemanha.
Ao contrário da monogamia romântica, tal movimento acredita que é mais feliz, saudável e natural que as pessoas amem e sejam amadas por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Diferentemente do amor livre, este tipo de relacionamento dá mais ênfase à amizade e ao companheirismo, e não somente ou necessariamente ao sexo; não incitando relações promíscuas. Assim, defendem a possibilidade de envolvimentos responsáveis, profundos e até mesmo duradouros com dois ou mais parceiros, simultaneamente.
Poliamor é frequentemente descrito como consensual, ético, responsável e não-monogâmico. A palavra é por vezes utilizado num sentido mais amplo para se referir a relações sexuais ou romântico que não incluem apenas sexo, embora haja discordância sobre quão amplamente se aplica; a ênfase na ética, honestidade e transparência como um todo é amplamente considerada por seus defensores como crucial para definir sua característica.
Em outras palavras, o poliamor como opção ou modo de vida, defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente.
O Poliamor como movimento é mais visível e organizado principalmente nos Estados Unidos, acompanhado de perto por movimentos na Alemanha e Reino Unido. No Brasil, já há até jurisprudência reconhecendo relações poliamorosas , sendo uma das principais estudiosas do assunto no país, a Dra Regina Navarro.
Recentemente, a imprensa em geral tem feito a cobertura quer do movimento poliamor em si, quer dos episódios que lhe estão ligados.
Em Novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor (International Conference on Polyamory & Mono-Normativity) em Hamburgo, Alemanha.
A palavra em si já foi inventada várias vezes, a maior parte das quais sob a forma de adjectivo (inclusivamente utilizado para referir Henrique VIII, Rei da Inglaterra). Existe publicada em Português uma breve história sobre a palavra.
Poliamor na Prática
Existem várias maneiras de o pôr em prática, consoante às preferências dos interessados, e necessariamente deve envolver o consentimento e a confiança mútua de todas as partes envolvidas.
Polifidelidade: envolve múltiplas relações românticas com contacto sexual restrito a parceiros específicos do grupo.
Sub-relacionamentos: distinguem-se entre relações “primárias” e “secundárias” (um exemplo é a maioria dos casamentos abertos)
Poligamia (poliginia e poliandria): uma pessoa casa com diversas pessoas (estas podem ou não estarem casadas ou terem relações românticas entre elas).
Relações em Grupo/casamento em grupo: todos se consideram associados de forma igualitária.
Popularizado até certo ponto por Robert A. Heinlein, em romances como: Stranger in a Strange Land e The Moon Is a Harsh Mistress, Starhawk nos seus livros The Fifth Sacred Thing e Walking to Mercury.
Redes de relacionamentos interconectados: uma pessoa em particular pode ter relações de diversas naturezas com diversas pessoas.
Relações Mono/Poli: um parceiro é monogâmico, mas permite que o outro tenha relações exteriores. Os chamados “acordos geométricos”, que são descritos de acordo com o número de pessoas envolvidas e pelas suas ligações.
Exemplos incluem “trios” e “quadras”, assim como as geometrias “V” e “N”. O elemento comum de uma relação V é algumas vezes referido como “pivô” ou “charneira”, e os parceiros ligados indirectamente são referidos como os “braços”. Os parceiros-braço estão ligados de forma mais clara com o parceiro pivô do que entre si. Situação contrastante com o “triângulo”, em que todos os 3 parceiros estão ligados de forma equitativa. Um trio pode ser um “V” , um triângulo, ou um “T” (um casal com uma relação estreita entre si e uma relação mais ténue com o terceiro). A geometria da relação pode variar ao longo do tempo.
Algumas pessoas em relações sexuais e/ou emocionais exclusivas podem, mesmo assim, auto-intitularem-se poliamorosas, se tiverem laços emocionais relevantes com outras pessoas. Adicionalmente, pessoas que se descrevem como poliamorosas podem entrar em relações monogâmicas com um determinado parceiro, quer por terem negociado a situação, quer por se sentirem bem com a situação monogâmica com aquele parceiro em particular.
Alguns praticantes do poliamor são adeptos do swing.
A expressão relacionamento aberto indica uma relação afetiva estável (usualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para terem outros parceiros. Se o casal que escolhe esta alternativa é casado, fala-se em casamento aberto. “Relação aberta” e “poliamor” não são sinónimos. Em termos genéricos, “aberto” refere-se a uma não exclusividade sexual no relacionamento, enquanto o poliamor envolve a extensão desta não exclusividade para o campo afetivo ao permitir que se criem laços emocionais exteriores à relação primordial com certa estabilidade.
Alguns relacionamentos definem regras restritas (ex: polifidelidade); estas relações são poliamorosas, mas não abertas.
Alguns relacionamentos permitem sexo fora da relação primária, mas não uma ligação emocional (como no swing); estas relações são abertas, mas não poliamorosas.
Alguns poliamorosos não aceitam as dicotomias de “estar numa relação/não estar numa relação” e “parceiros/não parceiros”. Sem esta separação não faz sentido classificar uma relação de “aberta” ou “fechada”.
Símbolo do Poliamor.
Poliamor como modo de vida pode, em muitas sociedades, ser contra as normas de comportamento geralmente aceitas (mesmo quando respeita as leis vigentes). Assim, os seus praticantes e/ou simpatizantes sofrem pressão mononormativa para se adequarem à norma de comportamento. Para se ajudarem mutuamente ou conhecerem pessoas com modo de vida semelhante, simpatizantes e praticantes do poliamor têm-se constituído em redes locais ou virtuais de suporte, discussão ou mesmo intervenção social (usando extensivamente a internet). Neste último caso, poli-activistas procuram intervir na sociedade em que se inserem, tentando criar uma imagem positiva e merecedora de respeito junto à sociedade majoritária. Por outro lado, consideram que a ajuda e o suporte emocional por vezes lá prestado constitui por si mesmo uma forma de intervenção social.
Poliamor é um tipo de relação em que cada pessoa tem a liberdade de manter mais do que um relacionamento ao mesmo tempo. Não segue a monogamia como modelo de felicidade, o que não implica, porém, a promiscuidade. Não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo facto de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente.
O Poliamor pressupõe uma total honestidade no seio da relação. Não se trata de enganar nem magoar ninguém. Tem como princípio que todas as pessoas envolvidas estão a par da situação e se sentem confortáveis com ela.
Difere de outras formas de não-monogamia pelo facto de aceitar a afetividade em relação a mais do que uma pessoa. Tal como o próprio nome indica, poliamor significa muitos amores, ou seja, a possibilidade de amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Chamar-lhe amor, paixão, desejo, atração, ou carinho, é apenas uma questão de terminologia. A ideia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão para além da mera relação sexual.
O Poliamor aceita como facto evidente que todas as pessoas têm sentimentos em relação a outras que as rodeiam. E isto não põe necessariamente em causa sentimentos ou relações anteriores.
O ciúme passa a ser questionável. Primeiro porque nenhuma relação está posta em causa pela mera existência de outra, mas sim pela sua própria capacidade de se manter ou não. Segundo, porque a principal causa do ciúme, a insegurança, pode ser eliminada, já que a abertura é total.
Não havendo consequências restritivas para um comportamento, deixa de haver razão para esconder seja o que for. Cada pessoa tem o domínio total da situação, e a liberdade para fazer escolhas a qualquer momento.
- Published in Comportamento, Entretenimento, Psicologia
ÍNDIOS E FAVELAS
“Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU?” Salil Shetty
Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional, em entrevista a BBC Brasil, fala sobre a onda de manifestações que balançou o país, as favelas do Rio e sua semelhança com a situação dos povos indígenas do Brasil. Os movimento tem legitimidade por se tratar de direitos humanos, sejam eles de ordem econômica, sociais, civis ou políticos.
O conceito básico quando se trata de direitos humanos é a questão do poder. As pessoas que estão no poder necessitam prestar contas diante das pessoas comuns. No Brasil como em muitas democracias, os líderes tem o péssimo hábito de presumir que na legitimidade da sua eleição, após obterem o poder só precisam prestas contas nas eleições seguintes.
A prestação de contas diante do poder deve ser uma constante diante da sociedade que delegou este poder.
Como as pessoas não estão mais apáticas, e esta é uma forma do povo cobrar dos governantes, elas querem o cumprimento das promessas, exigindo os seus direitos. O processo eleitoral deve ser o primeiro passo e não o último.
Frente as manifestações, a resposta do estado foi de repressão, uma herança da ditadura em termos do comportamento da polícia, que gerou muitas críticas, denúncias de abuso de poder e prisões arbitrárias. A própria Anistia se pronunciou sobre o uso excessivo da forma e de armas não-letais.
Foi a primeira vez que a classe média experimentou a brutalidade da polícia. Os moradores de favelas tem esta experiência como rotineiras, assim como os povos indígenas. Para o cidadão brasileiro médio foi um grande despertar sobre como a polícia atua.
A polícia necessita de mudança, de uma reforma profunda. O Brasil possui um dos maiores índices de homicídios violentos no mundo, sendo uma proporção significativa, cerca de 20% dos homicídios cometidos pela polícia. É necessário um policiamento que ajude as pessoas e não as prejudique. Uma força policial unificada com bancos de dados e informações unificadas, um treinamento mais sério para o policiamento comunitário. As melhores polícias do mundo não utilizam armas. Antes da ação repressora e violenta o policial deve servir como orientador e educador, protegendo o cidadão.
“A questão central é a impunidade. Nós visitamos o Complexo da Maré, onde 10 pessoas foram mortas, inclusive um policial (durante operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Bope, em junho). Tivemos o desaparecimento de Amarildo na Rocinha (o pedreiro que sumiu depois de ser levado para a Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP, da favela, em 14 de julho).
A Anistia vem levantando esses problemas há muito tempo, e agora eles se tornaram mais visíveis para a mídia e para a classe média por causa dos protestos e do uso excessivo da força.”
Apesar do estado ter que agir para conter o vandalismo e a depredação do patrimônio público, não se pode usar isto como justificativa para ações desproporcionais, justificando ataques a estudantes e pessoas comuns que estão protestando de forma pacífica.
Ao referir-se à operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no complexo da Maré, onde a ação terminou com dez mortos durante a Copa das Confederações, Shetty diz que a paz trazida por estes policiais gera medo nos moradores. A campanha feita junto aos moradores foi trazer o conhecimento dos seus direitos para que eles saibam como agir se a polícia entrar em suas casas chutando a porta no meio da noite. O problema do combate à impunidade policial é que o sistema de investigação é conduzido pela própria polícia. As pessoas não reclamam porque tem medo. Se reclamam não há investigação, e mesmo havendo investigação, nada acontece. A recomendação foi pela criação de um mecanismo independente de fiscalização de denuncias relacionadas à impunidade policial com o poder investigativo da participação civil.
O desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, um caso emblemático que aconteceu em uma favela pacificada mobilizou as pessoas em protestos até fora do Rio é um exemplo. Neste caso a mídia se tornou mais consciente e deu visibilidade ao caso.
“Conversamos com uma sobrinha do Amarildo, a Michele, e ela falou que ele tem seis filhos e que as crianças estão perguntando onde está o seu pai. Ele saiu para comprar limão para preparar um peixe e nunca mais voltou. É uma história dramática que aumentou a compreensão do problema após os protestos, ainda mais com a UPP lá.”
O governo ao sediar Copa do Mundo e a Olimpíada, tem que ver que grande parte da população do Rio nas favelas vivem com muito medo, intimidação e incertezas que não são compatíveis com grandes eventos.
“Os protestos que vimos não tiveram muita participação das pessoas das favelas e giravam em torno da Copa das Confederações. Você pode imaginar o que pode acontecer durante a Copa do Mundo.”
Houve manifestações durante a Copa das Confederações denunciando a violação de direitos humanos no contexto da Copa do Mundo falando sobre remoções forçadas, questionando-se as prioridades dos investimentos.
Existe a necessidade do diálogo jundo as comunidades para as suas necessidades, sendo esta uma responsabilidade do governo federal. Sendo signatário de diversos tratados internacionais de direitos humanos, remoções forçadas relacionadas à infraestrutura para eventos como está sendo para as Olimpíadas ferem estes tratados.
Neste aspecto de violação das diretrizes da ONU, o olhar tanto para a polícia, para as favelas é semelhante nas comunidades indígenas.
Justiça atrasada é justiça negada.
O que eu vi nas favelas e nas comunidades indígenas é muito semelhante – “ambas são espécies de “zonas francas” de direitos humanos. É como se essas pessoas não estivessem no Brasil. Lá valem regras diferentes. Elas vivem em zonas de guerra, e todos os direitos humanos estão suspensos.”
“Há 25 anos, o Brasil assegurou que os povos indígenas teriam direito a suas terras tradicionais demarcadas. Agora, 25 anos depois, os Guarani-Kaiowá, os Terena, as outras etnias que encontramos, as comunidades estão perdendo a paciência. Nas favelas também. Em inglês temos um ditado: justiça atrasada é justiça negada. (“Justice delayed is justice denied”)
Tentamos transmitir um sentido de urgência aos ministros. Tudo bem, são questões complexas e o Brasil tem um sistema burocrático. Mas por quanto tempo vocês vão continuar dizendo isso?
Nós visitamos comunidades que foram removidas de suas terras e estão vivendo à beira da estrada. Foi uma visão chocante. Algumas centenas de pessoas vivendo ali, com acampamentos dos dois lados da estrada, muitos casos de crianças mortas por atropelamento. Depois visitamos seus locais de sepultamento. Indígenas mortos por barões de açúcar ou mafiosos.
É uma luta muito desigual, porque os homens (capangas) chegam com armas e carros e eles estão ali à beira da estrada sem proteção nenhuma. A consequência do adiamento da demarcação das terras é que as comunidades indígenas estão sofrendo com violência, intimidação e remoções forçadas.
Falei para os ministros que essa estratégia é de muito alto risco. Continuam pedindo a eles para esperarem, mas eles chegaram a um ponto em que estão prestes a ocupar as terras. E se eles ocuparem as terras, você pode imaginar as consequências.
O Brasil é um país moderno, democrático, com uma sociedade relativamente abastada, está se tornando uma potência mundial. Os direitos humanos básicos têm que estar assegurados.
O Brasil quer ter uma cadeira no Conselho de Segurança (da ONU). É uma reivindicação legítima. Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU? Tem que haver uma correlação entre os dois. Você tem que proteger os seus cidadãos, e isso tem que ser feito de forma consistente.
- Published in Comportamento
DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À HOMOFOBIA
Enquanto na Europa uma pesquisa aponta que um quarto dos gays da UE diz ter sofrido ataque, no Brasil o CNJ coloca uma pedra no preconceito dos cartórios.
Neste dia 17 de Maio, Dia Internacional de Combate à Homofobia, várias atividades em diversas regiões do mundo para discutir e lutar pelo fim da violência praticada contra os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Seminários, debates, apresentações culturais abordarão o tema, como forma de apontar ações voltadas contra a discriminação existente na sociedade contra este segmento da população.
De acordo com Jair Sambudio, diretor do Sindicato de Londrina e representante da Fetec-CUT/PR na CGROS (Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual) da Contraf-CUT, o dia 17 de Maio foi instituído para que a sociedade reflita, denuncie e cobre a definição de políticas públicas e ações para eliminar a violência contra os LGBTs. Nesta mesma data, em 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas), decidiu retirar a homossexualidade da CID (Classificação Internacional de Doenças).
“Esta data foi criada em âmbito internacional em 2005, mas no Brasil ganhou força somente em 2010, quando o então presidente Lula assinou o decreto instituindo o Dia Nacional de Combate à Homofobia. Desde então foram vários os avanços conseguidos pela comunidade LGBT”, recorda.
Entre outros avanços, Jair aponta o reconhecimento da união estável de casais homoafetivos e a definição de sanções contra quem praticar crimes homofóbicos, bem como a inclusão de parceiros do mesmo sexo nos Planos de Saúde, que é uma importante conquista da categoria bancária.
Pesquisa na Europa Levanta a Discriminação
Pesquisa feita pela Agência para Direitos Fundamentais da União Europeia entrevistou 93 mil pessoas na União Europeia e na Croácia revelou dados alarmante sobre a homofobia. A pesquisa perguntou a lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros se haviam sido vítimas de discriminação, violência, abuso verbal ou discurso de ódio por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Entre os principais resultados da pesquisa estão:
– Cerca de 26% dos questionados (e 35% dos transgêneros) disseram ter sido atacados ou ameaçados com violência nos últimos cinco anos.
– A maioria dos ataques de ódio relatados aconteceu em locais públicos e foi cometida por mais de uma pessoa, com os agressores predominantemente do sexo masculino.
– Mais de metade daqueles que disseram ter sido atacados não denunciou o incidente às autoridades, por acreditar que nenhuma ação seria tomada.
– Metade dos questionados disse ter se sentido pessoalmente discriminado no ano anterior à pesquisa, apesar de 90% não ter denunciado a discriminação.
– Cerca de 20% dos gays ou bissexuais e 29% dos transgêneros questionados disseram ter sofrido discriminação no trabalho ou procurando trabalho.
– Dois terços dos questionados disseram ter tentado esconder ou disfarçar sua sexualidade na escola.
Segundo o diretor da Agência para Direitos Fundamentais da União Europeia, Morten Kjaerum, ainda há “grandes desafios” em relação ao combate à discriminação contra a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) nos países do bloco.
A agência espera que o resultado da pesquisa ajude os formuladores de políticas a orientar melhor seu trabalho para promover os direitos da população LGBT.
- Published in Geral