O Amor de Um Pai Moderno.
O culto a imagem da mãe é socialmente mais difundida do que a imagem do pai. Contudo, isto está mudando. A imagem social do homem que não destacava as suas funções de pai perdeu terreno para um novo tipo de pai.
Os homens que se dedicavam pouco à educação dos filhos deixando a responsabilidade nas mãos das mulheres já não são bem vindos à sociedade atual. O abandono paterno está fora de moda. Hoje é muito discutida a importância paterna na geração, cuidado e educação dos filhos.
A Importância Paterna
É ainda muito recente e muito novo para o homem o reconhecimento da importância do papel paterno no desenvolvimento dos filhos, mesmo durante a vida fetal. Por isso o pai tem de conhecer melhor seus deveres e direitos acerca da educação do seu filho. A literatura científica aponta que a participação efetiva do pai na vida de um filho promove segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
O pai é a primeira pessoa que mostra à criança que ela pode confiar em mais alguém, além da mãe. Assim, a relação de total dependência materna é amenizada e os pequenos começam a encarar o mundo e a se entrosar na sociedade. A figura paterna dá segurança à criança, principalmente ao filho. Apesar de historicamente na composição da família a mãe ter tido uma papel mais presente na educação dos filhos, atualmente, com as inúmeras mudanças sociais e na legislação, os homens estão cada vez mais conscientes e presentes na educação dos filhos.
O Pai Moderno.
“Não basta ser pai. Tem que participar”.
Os homens atuais dividem as tarefas de casa. Entenderam a importância do cuidado e que este vai muito além de pagar contas. Atualmente a representação da paternidade deixou de lado o estereótipo do homem que se dedica só ao trabalho. Mais afinados à modernidade os pais são o retratado de uma alma mais sensível. Conectados às tecnologias estão sem receio de serem emocionais ou de sujarem as mãos com algumas fraldas.
Os Dez Mandamentos do Pai
A psicóloga Maria Tereza Maldonado – autora de Comunicação entre Pais e Filhos, Vida em Família e Sementes do Amor (entre outros) – fala sobre os dez aspectos essenciais ao pai moderno. Apesar de estarem cada vez mais atuantes, carinhosos e participativos, muitos pais ainda ignoram a extensão de sua importância na vida dos filhos. Confira e enriqueça o relacionamento com seus baixinhos – sejam pequenos ou não.
- O homem tem de aprender a exercer a paternidade responsável.
Essa atribuição familiar deve começar desde a infância, quando os garotos devem ser ensinados a cuidar do próprio corpo e, na adolescência, a cuidar da saúde sexual, da anticoncepção, não deixando a responsabilidade só para a mulher. O menino também precisa ser ensinado a cuidar do planejamento familiar de forma que ao se casar ou ter uma união – e pense em ter filhos – a paternidade seja efetivada de forma responsável e consciente. Algumas famílias ainda enfatizam que são as meninas que devem prevenir a gravidez, sem pensarem tanto em transmitir tal valor aos meninos que, afinal de contas, também geram filhos e podem tê-los precocemente. Mesmo quando já adultos muitos homens ainda pensam que cuidar da anticoncepção é uma tarefa feminina. E, lamentavelmente, muitos ainda desaparecem em caso de gravidez não planejada ou não desejada. Ou até mesmo quando são casados e se separam, ainda é bastante expressivo o contingente dos que se recusam a assumir as responsabilidades decorrentes da paternidade – seja em termos de suporte financeiro e, muito mais frequentemente, emocional.
Esse pai moderno precisa educar seus filhos desde cedo de forma a não contribuir para eternizar o modelo “quem cuida dos filhos, da anticoncepção ou do planejamento familiar é a mulher”. Todos os outros mandamentos não deixam de ser desdobramentos deste primeiro, absolutamente essencial.
- Equilibrar as funções de homem, pai e profissional.
Hoje, quando as mulheres trabalham ativamente e compartilham com o homem a função provedora, os homens ainda estão superenfatizando a vida profissional, a necessidade de ganhar dinheiro e de prover a casa. A atividade profissional acaba ocupando uma fatia enorme do cotidiano masculino em detrimento da presença paterna. Uma transformação importante do pai moderno é ele poder trabalhar melhor a ideia de que “o homem não é só para trabalhar”. O trabalho não deve mobilizar tanta energia e tempo em detrimento da disponibilidade para estar com sua companheira, encantá-la e compartilhar tudo de forma mais extensa. O mesmo vale para os filhos: não basta chegar em casa, dar um beijinho e continuar trabalhando (falando no telefone, verificando extratos bancários), enquanto os filhos ficam no quarto assistindo televisão, sozinhos ou com colegas. São queixas infantis frequentes: “Meu pai não fica comigo, não conversa, nunca tem tempo para mim.” O equilíbrio entre o papel de pai e profissional abre para o homem a perspectiva dos valores pessoais. Quando ele percebe sua própria importância, ele se valoriza como pessoa e percebe a falta que faz aos filhos e à companheira.
- Compartilhar com a mulher as funções de provedor e cuidador.
Embora hoje muitos homens já participem mais das tarefas domésticas, ainda é extremamente comum que a partilha com a mulher não seja igualitária. Ainda predomina a ideia de que “cuidar da casa é coisa de mulher”. E isso se reflete muito na educação dos filhos. O cenário que predomina é o de que as filhas devem ajudar, não sendo igualmente comum que seja solicitado o mesmo do filho: lavar a louça e arrumar o próprio quarto. Prevalece também a ajuda do homem em casa como um favor prestado e não como uma responsabilidade.
Os filhos vão adorar ter um pai que brinque e se divirta com eles; que divida interesses comuns, como resolver um problema no computador ou assistir a um desenho animado na TV. E cabe à mulher incluí-lo nesse processo de paternidade desde cedo, sem considerá-lo desajeitado, e levá-lo a sentir-se necessário nos cuidados até mesmo com o neném.
- Criar oportunidades para participar da vida dos filhos.
Apesar da falta de tempo, é preciso estabelecer prioridades e ter criatividade para inventar momentos de proximidade. Por exemplo: o pai, sendo ou não separado da mãe, pode combinar de levar o filho ao colégio, e aproveitar o tempo de percurso para conversar, participar do dia-a-dia da criança. Em caso de pais separados ainda é muito comum que o filho se enquadre no regime absurdo das visitas semanais ou quinzenais, um sofrimento desnecessário para pais e filhos. A guarda e convivência compartilhadas, quando pai e mãe assumem responsabilidades na partilha de tarefas, garantem ao filho o direito de manter o convívio com ambos, apesar de estarem separados.
“Ainda é dolorosamente comum o afastamento progressivo entre pais e filhos após a separação”, diz Maria Tereza Maldonado. O casamento pode ser desfeito, mas a paternidade não. E essa relação pai-filho precisa ser alimentada com afeto, atenção e presença. Sobre aquela velha história de “o que vale é a qualidade e não a quantidade do convívio”, não existe qualidade de convívio sem o mínimo de quantidade.
- Abrir canais de comunicação com toda a família.
Uma queixa ainda muito comum dos filhos de todas as idades é a dificuldade de comunicação com o pai. “Meu pai não conversa comigo, é fechado, está sempre ocupado”. O homem que super dimensionou o trabalho na composição da vida chega à casa estressado e cansado. Muitos ainda não descobriram que é possível relaxar e se divertir junto com os filhos. Eles acham que isso só vai acontecer com um copo de bebida e uma conversa com amigos depois do expediente. Inúmeros ainda levam trabalho para casa, ou deixam para dar telefonemas profissionais à noite. Então os filhos percebem que papai está fisicamente presente, mas inacessível. Está ocupado, como sempre.
Além disso, os homens ainda são criados de forma a ter dificuldade para expressar seus sentimentos. São muito práticos, mas não têm facilidade em pensar sobre as sutilezas dos relacionamentos – nesse aspecto, se queixam das mulheres, que vivem querendo conversar, refletir sobre a relação. Por sua vez, as mulheres se queixam de que eles são muito objetivos, mas não permitem vislumbrar o que se passa no seu interior, além de não ter paciência de ouvir. Viabilizar canais de comunicação é abrir canais da escuta; criar oportunidades do tipo ficar com o filho na hora de dormir, não só para contar uma história, como para escutar como foi o dia. Para ouvir confissões que às vezes só saem nesse momento de aconchego e relaxamento.
- Ajudar a construir no dia-a-dia um novo modelo de masculinidade.
Infelizmente, o grau de violência doméstica é altíssimo: mulheres e crianças continuam sendo humilhadas e maltratadas verbalmente e fisicamente. E isso ainda tem muita ligação com o modelo distorcido de masculinidade como sendo o da força bruta, que “as coisas se resolvem na pancadaria”. Existem pais ainda que recomendam aos filhos: “se receber um tapa, retribua com dois”, como se a agressão física se constituísse numa maneira sensata de resolução de problemas e dificuldades. Muitos adolescentes são estimulados a isso até por uma distorção das lutas marciais: brigar é sinônimo de masculinidade. São muitos conceitos distorcidos que ainda estão dentro da construção do machismo: identifica-se erradamente virilidade com brutalidade e violência. Na verdade, resolver conflitos por argumentos fortes e sólidos exige muito mais força do que dar um tapa ou um soco.
- O pai moderno precisa colocar limites para educar o filho.
A omissão da ação paterna na colocação de limites é um problema sério. É papel de o pai estimular leis de boa convivência, ensinando que masculinidade não é sinônimo de brutalidade ou grosseria. E que espontaneidade não é indelicadeza ou falta de educação. “Que ele possa dizer a seus filhos e filhas que a lei básica do bom convívio é ter gentileza, respeito e consideração pelos outros”, diz Maria Tereza Maldonado. Não vale ser grosseiro, nem confundir intimidade com agressividade. Esses comportamentos inadequados por parte dos filhos não devem ser tolerados, e sim bloqueados para que se desenvolvam alternativas mais civilizadas de comunicação. Há pais que passam a mão pela cabeça dos filhos se eles estão ofendendo a mãe, que fica magoada com a agressão e a omissão paterna. Uma das funções paternas é combater relacionamentos desrespeitosos. Esse tipo de abuso não deve ser tolerado nem justificado. O pai deve desenvolver habilidades de comunicação para ensinar a criança a exteriorizar de maneira não ofensiva o que a desagrada. “Isso é extremamente importante e significa desenvolvimento da inteligência relacional – saber administrar a raiva”, lembra a psicóloga. Quantas pessoas não conseguem ficar muito tempo no mesmo trabalho porque são estouradas, tratam grosseiramente o superior ou o colega, viram a mesa!
- Construir a masculinidade e desenvolver a força da gentileza e da ternura.
Poucos se dão conta de que essa força é um desdobramento do conceito de masculinidade. Até nas escolas, meninos mais tímidos ou mais sensíveis pode ser alvo de agressão. A sensibilidade, a timidez ou o carinho são características tidas como femininas. Nada disso. São, na verdade, características pessoais. O pai moderno deve cultivar essa postura: sensibilidade e ternura também fazem parte do desenvolvimento de pessoas de qualquer sexo. Quantas vezes a gente vê a repressão da ternura e da afetividade até no contato físico. O pai que abraça a filha ternamente, mas que não age da mesma forma com o filho porque isso não é coisa de homem. Esses preconceitos com relação à construção da masculinidade precisam ser profundamente revistos para dar margem ao desenvolvimento de pessoas mais inteiras e integradas.
- Libertar a criatividade e a imaginação para relaxar e divertir-se com os filhos.
O adulto não deixa de ser criança. Mas há dificuldade para aceitar essa ideia. O que acontece é que incorporamos a nossa criança e o nosso adolescente à nossa parte adulta. Quando tudo está bem integrado dentro de nós, podemos abrir nossos canais de comunicação com crianças e adolescentes e curtir a presença deles e o relacionamento com eles. Mas se tal aspecto está reprimido em um homem adulto, deve ser desreprimido. Isso vai introduzir uma leveza maior à paternidade. Muitos homens a temem pela responsabilidade que acarreta, ou porque vão ter que se tornarem mais sérios. Com isso são levados a não valorizar a parte lúdica da paternidade. Maneiras muito bacanas de se divertir, de relaxar, de desestressar da rotina diária são dar um passeio com o filho, ver um filme com ele, empurrar o carrinho do bebê na beira da praia ou na praça. Na falta dessa habilidade, caso ocorra a separação os homens ficam totalmente perdidos: não sabem o que fazer com seus filhos, o que conversar, para onde levar. Fica patente nessa hora a falta da intimidade não construída. Acabaram-se os escudos. O pai percebe que o filho é um desconhecido: quem é aquela criança? E com a criança acontece a mesma coisa: o pai é um estranho. Mas a qualquer momento é possível partir para essa (re)descoberta. Você pode arregaçar as mangas e começar a construir uma intimidade, um vínculo forte com seu filho, ao descobrir interesses comuns, por exemplo.
- Assumir as responsabilidades paternas e familiares.
Pais que são casados muitas vezes descansam neste aspecto: tem a mãe que cuida. Acomodam-se em não estar na linha de frente, posição que delegam à mulher. Com isso, o homem cria a posição da presença ausente, achando que a mãe é que tem importância e ele é uma presença secundária. Quando esse homem se separa, continua a pensar da mesma forma: “as crianças estão morando com a mãe, eu pago todas as contas, cumpro meu papel”. Essa desvalorização da presença esbarra na falta de autoestima: “só sirvo para pagar as contas”, “meu filho só me procura para pedir dinheiro”. “Esse é o relato que se escuta de muitos pais”, explica a psicóloga. Tal admissão representa que a relação não foi explorada nas dimensões que poderia ter sido. O pai se permitiu uma função recortada, restrita. Se o homem restringe as dimensões de sua paternidade, ele limita seu desenvolvimento como pessoa, além de limitar as possibilidades de se tornar, além de bom pai, amigo do filho. Isso também é paternidade responsável.
Fontes: http://educacao.aaldeia.net/corpo-homem-pai/
http://www.mtmaldonado.com.br/entrevistas/dez_mandamentos_pai.php
- Published in Comportamento, Psicologia
A EDUCAÇÃO O INDIVIDUO E OS GOVERNOS
Fala-se tanto em educação como a solução para todos os problemas da nação que sua generalização continua na amplitude dos discursos e na distância de uma política efetiva que resolva esta realidade no Brasil. Um país gigante, tão grande quanto a carga tributária e os juros da dívida pública e gastos faraônicos do governo. E a educação como moeda de troca de governos que preferem a maioria com a canga do analfabetismo, da falta de senso crítico e informação para que não questionem seus discursos populistas. Infelizmente a educação da maioria deste país se reflete na frase famosa do nosso ex-presidente:
“Minha mãe não sabia fazer o ‘ó’ com o copo.”
Lula em entrevista para o livro Lula, o filho do Brasil.
E para fechar o diagnóstico:
“Temos que saber se as crianças estão aprendendo. O resultado não é nada promissor.”
E houve o aumento do analfabetismo no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nordeste tem as piores taxas e os piores índices, concentrando mais da metade dos analfabetos do país. Seria mera coincidência ser o grande curral eleitoral do PT? O local de maior assistencialismo, péssimo índice de desenvolvimento, violência e turismo sexual infantil. O Nordeste concentra mais da metade dos analfabetos do País registrando índices de analfabetismo de 16,9% entre a população com mais de 15 anos.
O que fazer diante de tão alarmante diagnóstico?
E ao contrário do que o governo diz, não é por falta de dinheiro.
Será que nós brasileiros não queremos a educação e preferimos ficar sob o domínio da política atual?
A educação com certeza é a única forma de libertação da demagogia ao converter pessoas em cidadãos com capacidade de questionamento e escolha. Educar tira o homem da condição de violência cotidiana, da violência das instituições e do Estado. Amplia as condições de saúde do povo. Redime o indivíduo das situações de dependência e assistencialismo, transferido de forma verdadeira a responsabilidade pela sua vida. Tudo o que fazemos tem que passar pela educação, desde o momento que somos colocados neste mundo. A educação não é apenas um conceito formal. Está em todos os setores da sociedade, na família, nas relações de trabalho e na inclusão no mercado financeiro.
Contudo, cada indivíduo não pode mais delegar este poder ao Estado, a governos, apesar de todas as dificuldades que historicamente temos enfrentado.
- Published in Geral
DIMINUIÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PARA JOVENS E IMPUNIDADE PARA ELITE
“Os índices de criminalidade no Brasil são macabros. Mata-se mais em latrocínios aqui que no Iraque. E o que a mídia grande faz? Reduz tudo a uma única questão: ser ou não ser a favor da diminuição da maioridade penal.”
Vários casos de repercussão na mídia pressionam o Senado a tomar uma posição sobre a questão da violência cometida por adolescentes. Há os defensores da redução da maioridade penal para 16 anos.
A maioridade penal ou maioridade criminal define a idade mínima a partir da qual o sistema judiciário pode processar um cidadão como uma pessoa que se responsabiliza por seus atos, não existindo sobre ele quaisquer desagravos, atenuante ou subterfúgios baseados na sua idade. O indivíduo é reconhecido como adulto consciente das consequências individuais e coletivas dos seus atos e da responsabilidade legal embutidas nas suas ações. Definida pelo artigo 228 da Constituição a idade em que um jovem passa a responder inteiramente por seus atos como cidadão adulto é fixada em 18 anos.
A legislação brasileira adota o sistema biológico independente da capacidade psíquica ao entender que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto, por não possuir desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito dos seus atos.
Na legislação atual o menor infrator pode ficar mais de três anos internado em instituição de reeducação como a FEBEM, hoje Fundação Casa, apenas uma mudança de nomenclatura. E não sabemos o que é pior nas instituições brasileiras de reeducação, as prisões comuns ou a crueldade e sadismo sofrido por jovens nas instituições. O que estamos vendo é um genocídio com que as elites brasileiras executam de maneira permanente seus planos de faxina social. Nosso sistema penal e prisional é de caráter seletivo e classista. Qualquer um que acompanha as mídias faz a leitura que os presídios são o que há de mais terrível, um sistema sádico que não contribui para a diminuição da violência, acentuando-a, marginalizando-a, a violência como algo prazeroso, utilizando da violência para satisfazer os desejos de uma elite de destruição dos nossos jovens, educando-os para se tornarem doutores em sadismo. Nosso sistema penal só contribui para o aumento da violência e para a insegurança pública. Ninguém dá a mínima para esta situação, e os políticos, os juristas vêem os presidiários como uma massa humana que deve ser retirada da vista, torturada e exterminada. E as mídias bombardeiam a cabeça da população nesta mesma visão, educando todos no prazer da tortura, na vitimização em massa, e quando tudo foge do controle, bradam os conservadores por aumento das penas, do sadismo institucionalizado na redução da idade penal, que apenas vai tornar lícito a violência que já existe. Quem continuará a ser as maiores vítimas deste sistema conservador? A grande massa sem acesso a uma vida digna de trabalho, hospitais, educação, gado marcado para consumo tanto da elite branca composta pelas grandes fortunas, políticos, juízes, e da elite do tráfico, dos grandes cartéis de drogas e de jovens para a escravidão sexual, financeira e do trabalho. Uma sustenta a outra. Portanto, é uma grande bobagem esperar pela boa vontade do judiciário, dos políticos e dos que detêm o poder financeiro uma mudança. Isto só ocorrerá a partir de quem é vítima direta deste sistema.
Não adiante ficarmos babando diante dos grandes pilares de nossa maravilhosa ordem social, tratando-os como os novos sacerdotes imaculados e inquestionáveis. “O Supremo”, uma instituição altamente conservadora, que não faz nada em relação a situação dos presídios e julga os grandes com olhares e direitos de penas diferenciadas, contribuindo ainda mais com a onda conservadora que se espalha pelo país.
Enquanto a grande massa de favelados está em guerra, os que desviam verba de hospitais, de merenda escolar, que fraudam licitações, que compram votos dos parlamentares, que são figuras de mando do tráfico de droga, de armas e de pessoas, que conduzem esquemas de lavagem de dinheiro em grande escala continuam em ação. Para a imensa maioria da população carcerária a prisão continua a única solução, e o encarceramento em massa, um grande negócio.
As penalidades previstas são chamadas de medidas socioeducativas. Crianças até doze anos não podem ser julgadas ou punidas pelo Estado. De doze a 17 anos o jovem infrator é julgado na Vara da Infância e da Juventude, podendo receber advertência como punição, obrigação de reparação do dano, prestando serviços comunitário, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou internação em estabelecimento educacional, não podendo ser encaminhado ao sistema penitenciário. E esta deve ser a aplicação da penas para os privilegiados. Querem tratar os jovens como adultos que tiveram todas as condições sociais e educativas para serem donos e responsáveis pelos seus crime e punidos pelo Estado, enquanto transformam os criminosos de colarinho branco em jovens que não tinham esta mesma responsabilidade, colocando-os em prisões domiciliares, penas alternativas, direito a todos os julgamentos e recursos.
Não vemos ninguém falar na melhoria das condições sociais desta juventude. Mau e porcamente se remetem a um problema educacional de forma genérica. E o que é educação?
Se querem diminuir a maioridade penal para os jovens, que estendam esta diminuição para os seus direitos. Direito ao acesso financeiro digno, que subtende-se ao trabalho bem remunerado e não escravo. As condições de crescimento com acesso e escolha de boas escolas e universidades para todos como manda uma constituinte tão aclamada como democrática. Educação que realmente discuta a diversidade religiosa, o uso de drogas, a diversidade de orientação sexual, para que realmente tenham capacidade de responder por elas.
Os defensores da redução da maioridade penal acreditam que os adolescentes infratores não estão recebendo a punição devida, sendo o Estatuto da Criança e do Adolescente muito tolerante com os infratores, não intimidando os que pretendem transgredir a lei. Têm como argumento a legislação eleitoral que considera o jovem apto para votar aos 16 anos. O direito ao voto imputa a responsabilidade diante da justiça.
Discute-se assim a redução da idade da responsabilidade criminal para o jovem com a fala das maioria em 16 anos. Há propostas para 12 anos como idade-limite com punições mais severas. Não sendo mais o tempo máximo de permanência de menores infratores em instituições de três anos como determina a legislação, e sim de dez anos. A maioridade penal somente quando o caso envolver crime hediondo e “imputabilidade” penal quando o menos apresentar “idade psicológica” igual ou superior a 18 anos.
Os combatentes da mudança na legislação acreditam que a redução na maioridade penal não traria resultados na diminuição da violência e ainda acentuaria a exclusão de parte da população. Como alternativa a proposta de melhorar os sistema socioeducativos dos infratores, investimentos em educação e a mudança na forma de julgamento de menores violentos estabelecendo regras mais rígidas e mesmo a aplicação adequada a legislação vigente. Enquanto isto no Ministério da Justiça, o ministro da justiça fala como cidadão comum dizendo o que todos dizem:
“Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão nossa, eu preferia morrer”
Seríamos insensíveis ao sofrimento humano e no que tange as nossas moralidades na manutenção do nosso medíocre status social optando mais pela punição do que observamos a fundo o que fomenta o mercado da violência?
De que adianta estipularmos uma idade para a punição se a mesma está a tanto tempo conosco que nos acostumamos a ela. E há os que sentem prazer na punição como forma de poder.
Na política, na religião, na sociedade, em nossos condicionamentos, idiossincrasias individuais e coletivas a violência institucionalizada ou marginalizada como meio é um fato. Para isto necessitamos de Ministérios e ministros da justiça. De deuses e demônios. De policiais e bandidos na imensa e contraditória teia social, psicológica e sacra. Aumentaremos e pena e diminuiremos a cronologia de aplicação das mesmas. E no milênios de nosso existência conviveremos com a nossa violência, nosso medo e nossa culpa, nosso desespero, prazer e cegueira por não observarmos o fato de que tudo o que fizemos não resolveu e não resolverá nosso intrínseco desejo de justiça e vingança ante nossa pequenez existência. Nosso sistemas de condicionamentos políticos, religiosos e sociais e condicionamento não são e jamais serão justos. Então cruzaremos os braços disfarçando nossa hipocrisia como temos feito em nossos papéis como políticos, padres, pastores, pobres e ricos, ministros, presidentes, favelados ou burgos e gritaremos por justiça quando a mesma violência que não faz distinção invadir a nossa casa.
Não gostamos que nos apontem os nossos condicionamentos e condicionantes, mas diante da brutalidade do fato colocamos a solução ou a culpa neles. Tudo o que não funciona como gostaríamos depositamos a responsabilidade na educação. Uma da primeiras coisas que aprendemos em família, a educação. mas, o que é a educação?
A educação que o jovens tem recebido como modelo das políticas do Estado é que o crime compensa. As polarizações da mídia em relação as orientações religiosas e sexuais apenas geram mais separatismo e fomentam uma luta num país que nunca teve problemas com a diversidade aqui acolhida. Os grande nobres deste país semeiam a discórdia em temas de comportamentos de fórum íntimo, e, enquanto a massa atolada na pobreza física e intelectual se digladiam eles reinam soberanos tendo acesso a todos os direitos e as riquezas do país. As soluções apresentadas como mais do mesmo, aumento de penas, diminuição da idade cronológica não resolvem e não resolverão a miséria deste país.
- Published in Comportamento