NOSSO MUNDO IMAGEM
Estamos e somos o tempo todo rodeados por imagens. Imagens impostas pela mídia, pela propaganda, por ideias, e comportamentos. Nós próprios somos uma imagem.
Como um ser que é, que produz e vive sobre e sob as imagens é muito importante que saibamos analisar a imagem fazendo uma leitura precisa dos significados que ela nos traz. .
Para compreender este fenômeno, o melhor possível, necessitamos despertar o nosso olhar mais critico, a nossa atitude mais reflexiva, entendendo o que a imagem nos transmite e sobretudo o sentimento que ela nos desperta.
Precisamos explorar mais a imagem que temos de nós mesmos, de uma obra ou comportamento quando a vemos em algum lugar, assim entenderemos e não nos enganaremos com tudo aquilo que vimos, não ficando presos a um só pensamento, a um só sentimento sobre um determinado assunto.
Saber ler imagens é uma exigência e necessidade do ser na sociedade e da sociedade.
Na contemporaneidade social, frente a grande quantidade de informações que nos são transmitidas qualquer educação deve ater-se ao entendimento desta linguagem visual em conexão com todos os nossos outros sentidos que não trabalham isoladamente, mas de forma integral.
A sedução da imagem pode nos assustar porque não fomos preparados para decodifica-lá e usá-la em prol da aprendizagem reflexiva. A própria imagem da sedução é algo a ser discutido. A imagem da sedução como sendo enganação. A ilusão de vendermos aquilo que não é.
O Eu Imagem
Formamos imagens o tempo todo. Esta é uma função do Eu. O nosso próprio eu é uma imagem criada e formada no cotidiano das nossas relações com a cultura, a família, com o mundo onde estamos e somos criados.
As imagens não são isoladas existindo provenientes nada. Estão sempre relacionadas. São a nossa memória, a nossa história, o nosso contexto.
As imagens são a essência das nossas relações. São as nossas próprias relações conosco, com o outro, com os objetos e com o mundo. É o nosso próprio mundo agindo criação e na manutenção do mesmo.
Por exemplo: se em um relacionamento, alguém lhe chama de estúpido. Este conceito já existe como uma imagem que está registrada no cérebro.
O pensamento assume este registro e a partir deste age.
Existindo uma outra imagem a respeito de si mesmo que contradiz esta afirmação, esta imagem se torna “ferida”. Cria-se assim a imagem ferida. Esta imagem ferida torna a essência da ação, da resposta ao sofrimento, e assim por diante numa sequência relacional.
Estas são condições do ego, do eu ou do self. É um processo que todos temos plena consciência e vivência do mesmo.
Imagem Relação
As nossas relações são a coisa mais importante de nossas vidas. Não existimos fora das relações.
A “qualidade” destas relações podem ser determinadas pela qualidade das imagens que temos acerca de nós mesmo e do mundo. O conhecimento de si mesmo é o conhecimento do mundo e das imagens que nos cercam.
Como atuaremos a partir das contradições e das qualidades contraditórias atuantes nas relações dessas imagens?
O que podemos fazer para termos qualidade relacional em nossa vida e não gastarmos uma quantidade excessiva de energia na manutenção ou luta por imagens aparentemente contraditórias.
Não apenas os insultos, mas também os elogios fazem parte desse processo relacional. E, todo elogio ou insulto são automaticamente registrados no nosso cérebro e assumidos como memória. Logo, a imagem é tanto da dor quanto do prazer.
O que podemos fazer para termos qualidade relacional em nossa vida?
Para que isto aconteça dois processos estão envolvidos:
É possível livrar o nosso “HD” cerebral de todas estas imagens contraditórias?
Impedir a manutenção das imagens como uma continuidade modificada. Dessensibilizar e neutralizar as antigas imagens para que este processo seja extirpado.
Impedir futuras dores, desprazeres e feridas causadas pela contínua reprodução e manutenção destas imagens.
Por não entendermos e que existe a contínua relação entre as imagens e que não existe uma distinção entre as feridas e os prazeres do passado e as do presente estamos continuamente repetindo-as. Todo este processo repetitivo vem do condicionamento do passado.
O observador se coloca como diferente da imagem que ele observa e neste estado de separação cria-se uma lacuna, um intervalo de tempo onde há a impossibilidade de transformação.
O observador não é diferente daquilo que ele está a observar. Não existe realmente esta separação entre observador e observado. Esta lacuna criada pelo pensamento tem sido a força da manutenção e reprodução continua imagem. Esta questão tem sido a origem do poder da imagem.
Quando existe a diferença entre o observador e a coisa observada, ocorre um intervalo de tempo no qual outras atividades acontecem.
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O MUNDO RA
Google Glass, o “óculos do futuro”, o brinquedo tecnológico mais falado de 2012, amplia a discussão sobre a nossa visão da realidade.
Dentre todas as novas tecnologias da realidade aumentada (RA), a oferecida pelo uso do Glass permite ao usuário navegar pelas redes sociais, usar o GPS, ver a previsão do tempo, fazer fotos e vídeos, entre outros recursos bem interessantes.
O direito à reserva de informações pessoais e da própria vida privada ´novamente colocada em xeque-mate pela tecnologia?
Ao mesmo tempo que a Google oferece o acesso público, também promete uma política de privacidade. O público e o privado se embricam no Google Business.
A criação de novas regras de privacidade social segundo uma etiqueta digital na interface homem-máquina? Ou teremos uma profusão ainda maior de divertidas galerias de creep shots?
A democratização da privacidade segundo o pitoresco e melodramático cenário descrito por George Orwell em “1984”? Uma reedição aprimorada do romance de política totalitária que ressalta a vilania dos mestres da sociedade com objetivo brutal do uso da tecnologia de comunicações para assegurar o domínio do Estado.
As sinistras “teletelas” estão por toda parte e não apenas em nossas casas vomitando a propaganda e a vigilância para manter a população passiva. Em face deste monitoramento esterilizamos o nosso comportamento como cidadãos modelo? Qual novidade temos senão a tecnológica. O cenário pitoresco e tecnologicamente simplista de Orwell é ampliado todos os dias a medida que a Internet nos prova que não é uma monolítica Big Brother.
Somos um exército de Little Brother e não algumas sedes remotas nas paredes-off. O que foi democratizado, permitido e ensinado e é explorado no regime caótico de lentes, de rede e microfones que apontam em todas as direções.
Nosso antigo instinto de observador como Little Brother tecnológicos viramos as nossas lentes de para vida privada dos outros, mas também para nós mesmos na busca de atenção. E estamos sendo treinados a tão facilmente apontarmos as lentes para os outros tanto quanto para nós mesmos. Nesta confusão o foto shop da nossa imagem pública e privada será tratada com o filtro da igualdade? O que temos visto no nosso espelho tecnológico?
Face a carga de informações cada vez maior a disposição das pessoas, estas agora estão precisando de um recurso que a auxilie na identificação do que é necessário no momento de necessidade. Então, entra em cena o processo de customização da informação.
Em outras palavras precisamos alimentar nossos sentidos, como por exemplo a visão e audição a fim de fixarmos as informações recebidas.
O ato de repetição que ajuda a fixar a informação lida, isto é, a informação é passada da memória de curta duração para memória de trabalho e, posteriormente, para a memória de longa duração (onde está armazenado o conhecimento do ser humano).
A era do acesso interativo on-line a repositórios (multimídia) de informações em todo mundo.
O usuário, conectado a Internet, tem a possibilidade de navegar no ciberespaço e acessar os mais diferentes tipos de informações. Mas, o que temos visto é que ainda estamos viciados a determinados comportamentos e com toda a tecnologia da informação ao nosso dispor não houve uma mutação da memória humana no mundo on line.
O que vemos e compartilhamos?
“O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima”
Esta que é uma das sete principais leis herméticas nos princípios incluídos no livro Caibalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. Ha muito o homem se colocou e se isolou no patamar de uma individualidade como um observador acima de todos os fenômenos num tempo psicológico na dualidade que o exclui destes próprios fenômenos.
Na segurança virtual este mundo aparentemente não existe em potência.
Como humanos fazemos o que humanos fazem. Ou fazemos aquilo que humanos devem fazer na presença de humanos e na privacidade o que humanos não deveriam… Privacidade e censura andam juntas.
Será que a criação do mundo virtual só foi possível devido à nossa dualidade real? Agora esta tecnologia tem o poder de expor esta realidade?
A lógica de negócios do Google é o constante registro e arquivamento da nossa vida. Este é um grande caminho para nos observarmos. A nossa dicotomia platônica da realidade, o que é a coisa sensível e as idéias. E qual ajuste temos feito entre a imagem e a ideia da coisa?
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O HOMEM E A SUA IMAGEM
Do Parecido ao Igual e o semelhante, a sutileza das formas.
Nosso pensamento funciona através da imagem. As simbologias que são imagens. A linguística que são imagens símbolos. As metáforas, histórias imagens que contém mais imagens verdades intrínsecas. Da poesia, imagens do sentimento. As filosofias que tecem uma imagem do conhecimento. As religiões que são simbologia e imagem do transcendente. A ciência , imagens de uma realidade empírica. A moral, imagens valorativas entre o certo e o errado. Tudo gerado pela comparação, que é nosso maior condicionamento para uma realidade do pensamento. Visões aproximadas de uma realidade. O pensamento fragmentário que não consegue abarcar o todo nesse processo comparativo. Assim, não sabemos lidar nem com as “igualdades”, quanto mais com as “diferenças”.
Psicologicamente nossas identificações são com imagens. Religiosamente nossa adoração é através da imagem. Esteticamente nossa busca pelo “belo” é através da imagem. Fisicamente nos reconhecemos pela imagem. Moralmente, lutamos por uma imagem.
Um ser desprovido dos olhos ainda teria seu mundo de imagens?
Nosso pensamento é imagem. Nossos sentimentos são imagens físicas. Nossa memória são imagens no tempo. Talvez por isso Deus tenha proibido a adoração de imagens, a não ser aquela que representasse fielmente a dele.
Narciso sucumbiu ao ver sua imagem refletida na água. E o quanto a indústria da imagem lucra, pois pagamos qualquer preço por uma boa, uma bela, uma apropriada, pela perfeição da imagem. Quantas guerras, quantos processos por difamação, por uso indevido, por apropriação da imagem.
Vivemos num mundo da imagem com uma imagem de um mundo.
Seriam as dimensões realidades refletidas na luz, ou projeções da luz nas sombras das nossas realidades?
Podemos um dia falar das nossas projeções, quer no outro, nas coisas, nas idéias. Mas como no mito da caverna vemos apenas as sombras projetadas nas paredes. Você já se olhou no espelho hoje? Você é parecido, igual ou semelhante?
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