ONU LANÇA CAMPANHA ‘LIVRES E IGUAIS’
A intenção é aumentar a conscientização das pessoas sobre a violência e a discriminação homofóbica e transfóbica e promover mais respeito pelos direitos da população LGBT. Segundo a prefeitura, a campanha vai defender a necessidade de reformas legais e na educação pública para o combate à homofobia.
Criada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) em parceria com a Fundação Purpose, a iniciativa foi lançada mundialmente em julho do ano passado e chega agora ao Brasil. Além da campanha, a ONU lançou uma cartilha sobre o tema da campanha, disponível no site http://www.onu.org.br/img/
Relatório divulgado no início deste ano pelo Grupo Gay da Bahia mostrou que 312 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no Brasil no ano passado, o que representa uma morte a cada 28 horas, em média. Só em janeiro deste ano, segundo a organização, 42 pessoas da população LGBT foram mortas no país.
De acordo com o grupo, o Brasil é o campeão mundial de crimes homotransfóbicos: 40% dos assassinatos de pessoas LGBT ocorreram no país. Pernambuco (34 mortes) e São Paulo (29 mortes) foram os estados onde esses crimes mais ocorreram.
Um relatório sobre violência homofóbica divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com dados referentes a 2012, revelou que o número de denúncias de violência homofóbica cresceu 166% em relação ao ano anterior, saltando de 1.159 para 3.084 registros.
O número de violações de direitos humanos relacionadas à população LGBT também cresceu: saiu de 6.809 casos em 2011 para 9.982 em 2012, o que representou um aumento de 46,6%. O número de violações é maior porque em uma única denúncia pode haver mais de um tipo de transgressão. As denúncias mais comuns foram de violência psicológica, discriminação e violência física, respectivamente. As denúncias envolveram, segundo a secretaria, 4.851 vítimas.
A 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ocorre no próximo domingo (4) e tem como tema País Vencedor É País sem Homolesbotransfobia: Chega de Mortes! Criminalização Já! Pela Aprovação da Lei de Identidade de Gênero.
Fonte: Agência Brasil
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PUNIÇÃO PATRIOTA
No teatro dos poderes, Dilma e Patriota que não sabiam da mega operação de salvamento do senador boliviano Roger Pinto Molina
envolvendo até a polícia federal, “pune” o Ministro das Relações Exteriores indicando-o como Embaixador da ONU. Resta saber que punição receberá o diplomata Eduardo Saboia um dos articuladores e responsáveis pela vinda de Molina.
Saboia assumiu a responsabilidade por levar o senador boliviano em carro diplomático até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, de onde o adversário de Evo Morales seguiu em avião particular para Brasília.
A cúpula do Itamaraty esteve reunida durante longas horas nesta segunda-feira (26) para tratar do caso. A decisão de “punição” a Patriota, demonstra que que Saboia certamente não agiu por conta própria e à revelia do então chefe do Itamaraty. A maior prova de que o governo sabia da operação é que policiais federais aguardavam a chegada do senador Molina em Corumbá. Se a fuga do senador boliviano em carro da embaixada brasileira foi motivo de demissão de Antonio Patriota, o que a presidenta Dilma fará em relação ao ministro da Justiça Eduardo Martins Cardozo que responde pela Polícia Federal que sabia com antecedência da operação.
Seria uma revanche ante o comportamento de Evo Morales no episódio de maus tratos aos torcedores corintianos?
Se a fuga do senador boliviano, adversário político de Evo Morales, em carro da embaixada brasileira foi motivo para a demissão de Antonio Patriota, a presidente Dilma deveria demitir o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, a quem responde a Polícia Federal, que soube com antecedência da operação.
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ÍNDIOS E FAVELAS
“Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU?” Salil Shetty
Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional, em entrevista a BBC Brasil, fala sobre a onda de manifestações que balançou o país, as favelas do Rio e sua semelhança com a situação dos povos indígenas do Brasil. Os movimento tem legitimidade por se tratar de direitos humanos, sejam eles de ordem econômica, sociais, civis ou políticos.
O conceito básico quando se trata de direitos humanos é a questão do poder. As pessoas que estão no poder necessitam prestar contas diante das pessoas comuns. No Brasil como em muitas democracias, os líderes tem o péssimo hábito de presumir que na legitimidade da sua eleição, após obterem o poder só precisam prestas contas nas eleições seguintes.
A prestação de contas diante do poder deve ser uma constante diante da sociedade que delegou este poder.
Como as pessoas não estão mais apáticas, e esta é uma forma do povo cobrar dos governantes, elas querem o cumprimento das promessas, exigindo os seus direitos. O processo eleitoral deve ser o primeiro passo e não o último.
Frente as manifestações, a resposta do estado foi de repressão, uma herança da ditadura em termos do comportamento da polícia, que gerou muitas críticas, denúncias de abuso de poder e prisões arbitrárias. A própria Anistia se pronunciou sobre o uso excessivo da forma e de armas não-letais.
Foi a primeira vez que a classe média experimentou a brutalidade da polícia. Os moradores de favelas tem esta experiência como rotineiras, assim como os povos indígenas. Para o cidadão brasileiro médio foi um grande despertar sobre como a polícia atua.
A polícia necessita de mudança, de uma reforma profunda. O Brasil possui um dos maiores índices de homicídios violentos no mundo, sendo uma proporção significativa, cerca de 20% dos homicídios cometidos pela polícia. É necessário um policiamento que ajude as pessoas e não as prejudique. Uma força policial unificada com bancos de dados e informações unificadas, um treinamento mais sério para o policiamento comunitário. As melhores polícias do mundo não utilizam armas. Antes da ação repressora e violenta o policial deve servir como orientador e educador, protegendo o cidadão.
“A questão central é a impunidade. Nós visitamos o Complexo da Maré, onde 10 pessoas foram mortas, inclusive um policial (durante operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Bope, em junho). Tivemos o desaparecimento de Amarildo na Rocinha (o pedreiro que sumiu depois de ser levado para a Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP, da favela, em 14 de julho).
A Anistia vem levantando esses problemas há muito tempo, e agora eles se tornaram mais visíveis para a mídia e para a classe média por causa dos protestos e do uso excessivo da força.”
Apesar do estado ter que agir para conter o vandalismo e a depredação do patrimônio público, não se pode usar isto como justificativa para ações desproporcionais, justificando ataques a estudantes e pessoas comuns que estão protestando de forma pacífica.
Ao referir-se à operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no complexo da Maré, onde a ação terminou com dez mortos durante a Copa das Confederações, Shetty diz que a paz trazida por estes policiais gera medo nos moradores. A campanha feita junto aos moradores foi trazer o conhecimento dos seus direitos para que eles saibam como agir se a polícia entrar em suas casas chutando a porta no meio da noite. O problema do combate à impunidade policial é que o sistema de investigação é conduzido pela própria polícia. As pessoas não reclamam porque tem medo. Se reclamam não há investigação, e mesmo havendo investigação, nada acontece. A recomendação foi pela criação de um mecanismo independente de fiscalização de denuncias relacionadas à impunidade policial com o poder investigativo da participação civil.
O desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, um caso emblemático que aconteceu em uma favela pacificada mobilizou as pessoas em protestos até fora do Rio é um exemplo. Neste caso a mídia se tornou mais consciente e deu visibilidade ao caso.
“Conversamos com uma sobrinha do Amarildo, a Michele, e ela falou que ele tem seis filhos e que as crianças estão perguntando onde está o seu pai. Ele saiu para comprar limão para preparar um peixe e nunca mais voltou. É uma história dramática que aumentou a compreensão do problema após os protestos, ainda mais com a UPP lá.”
O governo ao sediar Copa do Mundo e a Olimpíada, tem que ver que grande parte da população do Rio nas favelas vivem com muito medo, intimidação e incertezas que não são compatíveis com grandes eventos.
“Os protestos que vimos não tiveram muita participação das pessoas das favelas e giravam em torno da Copa das Confederações. Você pode imaginar o que pode acontecer durante a Copa do Mundo.”
Houve manifestações durante a Copa das Confederações denunciando a violação de direitos humanos no contexto da Copa do Mundo falando sobre remoções forçadas, questionando-se as prioridades dos investimentos.
Existe a necessidade do diálogo jundo as comunidades para as suas necessidades, sendo esta uma responsabilidade do governo federal. Sendo signatário de diversos tratados internacionais de direitos humanos, remoções forçadas relacionadas à infraestrutura para eventos como está sendo para as Olimpíadas ferem estes tratados.
Neste aspecto de violação das diretrizes da ONU, o olhar tanto para a polícia, para as favelas é semelhante nas comunidades indígenas.
Justiça atrasada é justiça negada.
O que eu vi nas favelas e nas comunidades indígenas é muito semelhante – “ambas são espécies de “zonas francas” de direitos humanos. É como se essas pessoas não estivessem no Brasil. Lá valem regras diferentes. Elas vivem em zonas de guerra, e todos os direitos humanos estão suspensos.”
“Há 25 anos, o Brasil assegurou que os povos indígenas teriam direito a suas terras tradicionais demarcadas. Agora, 25 anos depois, os Guarani-Kaiowá, os Terena, as outras etnias que encontramos, as comunidades estão perdendo a paciência. Nas favelas também. Em inglês temos um ditado: justiça atrasada é justiça negada. (“Justice delayed is justice denied”)
Tentamos transmitir um sentido de urgência aos ministros. Tudo bem, são questões complexas e o Brasil tem um sistema burocrático. Mas por quanto tempo vocês vão continuar dizendo isso?
Nós visitamos comunidades que foram removidas de suas terras e estão vivendo à beira da estrada. Foi uma visão chocante. Algumas centenas de pessoas vivendo ali, com acampamentos dos dois lados da estrada, muitos casos de crianças mortas por atropelamento. Depois visitamos seus locais de sepultamento. Indígenas mortos por barões de açúcar ou mafiosos.
É uma luta muito desigual, porque os homens (capangas) chegam com armas e carros e eles estão ali à beira da estrada sem proteção nenhuma. A consequência do adiamento da demarcação das terras é que as comunidades indígenas estão sofrendo com violência, intimidação e remoções forçadas.
Falei para os ministros que essa estratégia é de muito alto risco. Continuam pedindo a eles para esperarem, mas eles chegaram a um ponto em que estão prestes a ocupar as terras. E se eles ocuparem as terras, você pode imaginar as consequências.
O Brasil é um país moderno, democrático, com uma sociedade relativamente abastada, está se tornando uma potência mundial. Os direitos humanos básicos têm que estar assegurados.
O Brasil quer ter uma cadeira no Conselho de Segurança (da ONU). É uma reivindicação legítima. Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU? Tem que haver uma correlação entre os dois. Você tem que proteger os seus cidadãos, e isso tem que ser feito de forma consistente.
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DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À HOMOFOBIA
Enquanto na Europa uma pesquisa aponta que um quarto dos gays da UE diz ter sofrido ataque, no Brasil o CNJ coloca uma pedra no preconceito dos cartórios.
Neste dia 17 de Maio, Dia Internacional de Combate à Homofobia, várias atividades em diversas regiões do mundo para discutir e lutar pelo fim da violência praticada contra os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Seminários, debates, apresentações culturais abordarão o tema, como forma de apontar ações voltadas contra a discriminação existente na sociedade contra este segmento da população.
De acordo com Jair Sambudio, diretor do Sindicato de Londrina e representante da Fetec-CUT/PR na CGROS (Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual) da Contraf-CUT, o dia 17 de Maio foi instituído para que a sociedade reflita, denuncie e cobre a definição de políticas públicas e ações para eliminar a violência contra os LGBTs. Nesta mesma data, em 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas), decidiu retirar a homossexualidade da CID (Classificação Internacional de Doenças).
“Esta data foi criada em âmbito internacional em 2005, mas no Brasil ganhou força somente em 2010, quando o então presidente Lula assinou o decreto instituindo o Dia Nacional de Combate à Homofobia. Desde então foram vários os avanços conseguidos pela comunidade LGBT”, recorda.
Entre outros avanços, Jair aponta o reconhecimento da união estável de casais homoafetivos e a definição de sanções contra quem praticar crimes homofóbicos, bem como a inclusão de parceiros do mesmo sexo nos Planos de Saúde, que é uma importante conquista da categoria bancária.
Pesquisa na Europa Levanta a Discriminação
Pesquisa feita pela Agência para Direitos Fundamentais da União Europeia entrevistou 93 mil pessoas na União Europeia e na Croácia revelou dados alarmante sobre a homofobia. A pesquisa perguntou a lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros se haviam sido vítimas de discriminação, violência, abuso verbal ou discurso de ódio por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Entre os principais resultados da pesquisa estão:
– Cerca de 26% dos questionados (e 35% dos transgêneros) disseram ter sido atacados ou ameaçados com violência nos últimos cinco anos.
– A maioria dos ataques de ódio relatados aconteceu em locais públicos e foi cometida por mais de uma pessoa, com os agressores predominantemente do sexo masculino.
– Mais de metade daqueles que disseram ter sido atacados não denunciou o incidente às autoridades, por acreditar que nenhuma ação seria tomada.
– Metade dos questionados disse ter se sentido pessoalmente discriminado no ano anterior à pesquisa, apesar de 90% não ter denunciado a discriminação.
– Cerca de 20% dos gays ou bissexuais e 29% dos transgêneros questionados disseram ter sofrido discriminação no trabalho ou procurando trabalho.
– Dois terços dos questionados disseram ter tentado esconder ou disfarçar sua sexualidade na escola.
Segundo o diretor da Agência para Direitos Fundamentais da União Europeia, Morten Kjaerum, ainda há “grandes desafios” em relação ao combate à discriminação contra a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) nos países do bloco.
A agência espera que o resultado da pesquisa ajude os formuladores de políticas a orientar melhor seu trabalho para promover os direitos da população LGBT.
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