A REVOLUÇÃO SÍRIA
YASSER MUNIF, um professor visitante do Emerson College, concedeu na semana passada uma
entrevista a Jeff Napolitano, transmitida pelo programa de rádio da seção do Oeste de Massachussetts do American Friends Service Committee, intitulada “Inside the Syrian Revolution and What the Left Must Do“. Uma transcrição da entrevista, feita por Linda Quiquivix, foi publicada no blog Syria Freedom Forever. Esta é uma transcrição da entrevista aprovada por Yasser Munif e foi publicada originalmente, em inglês, por Socialist Worker. Esta versão em português foi feita por Sebastião Nascimento e aprovada por Yasser Munif.
YM – Neste verão, passei dois meses no norte da Síria, na área libertada, e essa experiência foi uma lição de humildade. Aprendi muito e vi uma revolução popular em curso. As pessoas estão reconstruindo as instituições, administrando suas cidades após o colapso do Estado e do regime, e é uma tarefa cercada de desafios, pois não há recursos, não há dinheiro e são contínuos os ataques do regime. Essas áreas a que me refiro no norte foram libertadas – não há confrontos no terreno. Mas os bombardeios aéreos são constantes e mísseis continuam a ser lançados contra essas cidades.
As pessoas então recorrem a soluções criativas: estão criando instituições políticas. Há conselhos
locais em cada uma dessas cidades, que se reúnem semanalmente. Eles discutem tudo o que diz
respeito à cidade e tentar resolver seus problemas.
Há milhões de pessoas que ouvem a mídia ocidental e outras mídias falarem de guerra civil e coisas assim, mas a maioria dessas pessoas rejeita esses rótulos. É verdade que estão enfrentando um período crítico, há desafios cruciais pela frente e existem jihadistas tentando minar seu esforço – além, claro, do regime. Mas elas acreditam que há uma revolução popular em curso na Síria.
JN – Os jihadistas são frequentemente considerados como parcela dos “rebeldes”. Mas são, como você diz, algo completamente distinto da revolução propriamente dita.
YM – Correto. Ao longo dos últimos três ou quatro meses, os revolucionários vêm lutando, na
verdade, em duas frentes. Por um lado, existe o regime, e por outro, há os jihadistas – os grupos al-Nusra e aqueles criados pela al-Qaeda. Na verdade, os jihadistas estão prendendo, torturando e matando muitos ativistas, pessoas que têm mantido a resistência desde o primeiro dia. A maioria dos grupos criados pela al-Qaeda não estão realmente confrontando o regime. Eles mantêm sua presença nessas áreas do norte. Permitem que o Exército Livre Sírio e outras facções enfrentem o regime e vêm na sua cola para ocupar todas as cidades e todos os vilarejos que são libertados. São muito cruéis. Como disse, estão prendendo ativistas – qualquer um que os critique é preso, torturado, às vezes morto. Neste exato momento, eles mantêm mais de 1.500 ativistas em suas prisões.
Como pode ver, há duas frentes na Síria atualmente: os jihadistas de um lado e o regime do outro. É por isso que muitas pessoas acreditam que os jihadistas estão de algum modo aliados ao regime sírio. A al-Qaeda está, na verdade, fornecendo petróleo para o regime. O oleoduto tem de atravessar a região controlada por grupos criados pela al-Qaeda para que o regime faça o petróleo chegar até a região costeira.
As coisas são, portanto, muito mais complexas do que podem parecer aqui nos EUA, onde se leem artigos o tempo todo falando da dominação da “al-Qaeda”. A al-Qaeda na realidade não é parte da revolução. É antirrevolucionária.
JN – Correto. O debate que domina o Congresso parece ser em torno da questão de quem assumirá o poder se bombardearmos a Síria. Existem muitas pessoas no Congresso, especialmente republicanos, que parecem pensar que o problema com o bombardeio é apenas que a al-Qaeda passaria a ter o controle do país – ao invés de considerar que bombardear o país simplesmente não é uma boa ideia. Um dos mitos ou impressões populares na mídia é que os rebeldes que se opõem a
Assad e ao regime são favoráveis a um ataque contra a Síria. É isso mesmo?
YM – De longe, não posso dizer. Acredito que a população esteja dividida. Muitos são contrários aos ataques. Acredito que algumas pessoas, por causa da destruição e da violência e da mortandade, veem um ataque dos EUA como uma “saída”, mas não penso que sejam necessariamente a maioria. As pessoas aprenderam nos últimos 30 meses que ninguém é um verdadeiro aliado de sua causa ou se importa com a população síria – que o povo sírio de fato não tem amigos. Eles compreendem que o Ocidente – Europa e EUA – não são necessariamente favoráveis à vitória da revolução.
Quando você conversa com um cidadão comum na Síria, naquelas áreas libertadas, eles lhe contam que, quando quer que estejam perdendo território na luta contra o regime, eles recebem armas – e quando quer que estejam vencendo, as armas param de chegar. A razão disso é que o Ocidente e os EUA querem ver a continuidade dessa guerra como um impasse, pois é isso que mais lhes interessa.
Eles não estão necessariamente em favor do regime e não são necessariamente favoráveis à vitória dos revolucionários – ou do que eles chama de “al-Qaeda”.
Assim, o melhor para os EUA até agora tem sido sustentar a continuidade do conflito. Esse também é o interesse de Israel – que não quer necessariamente ver os revolucionários vencerem. Muitos políticos israelenses e americanos defendem manter um Bashar enfraquecido no poder.
JN – Estou realmente curioso a respeito disso, porque ninguém – nem mesmo na esquerda – fala
sobre como a revolução realmente se apresenta. Ao ouvir você, lembro-me do que aprendi a respeito da Revolução Espanhola na década de 1930, quando os anarquistas e socialistas também estavam se batendo com uma guerra em duas frentes: uma contra os fascistas e outra contra os comunistas. Essa é uma história mais complicada, mas o que me chamou a atenção foi que suas descrições da revolução desenvolvendo suas próprias instituições são similares à Espanha, onde uma sociedade igualitária chegou a desabrochar. Qual é a face da revolução vista de perto na Síria?
YM – A revolução é muito complexa. É bastante multifacetada e há diversas coisas acontecendo simultaneamente na realidade. A parte predominante é a revolução popular. Mas há também uma semi-Guerra-Fria em curso entre os EUA e seus aliados, de um lado, e a Rússia e seus aliados, de outro. Há também um conflito entre o Irã e seus aliados, de um lado, e Israel e o Golfo, do outro.
Existem, portanto, diversas camadas nesse conflito, mas a que predomina é a revolução popular. Acho que é muito importante compreender isso.
Outra razão para comparar a Revolução Síria com a Guerra Civil Espanhola, da maneira como você vinha fazendo, é que todo esquerdista tem uma opinião sobre o que está ocorrendo na Síria, assim como também acontecia com a Revolução Espanhola muitos anos atrás. E a maior parte da esquerda, infelizmente, está assumindo a posição errada. Estão considerando a revolução síria de uma forma fundamentalmente binária e reducionista.
JN – Trata-se da esquerda americana ou da esquerda síria?
YM – Mesmo a esquerda na síria e a esquerda árabe estão divididas, assim como as esquerdas americana e europeias.Em grande medida, esse conflito é entendido como uma guerra entre os EUA, de um lado, e pessoas que são contrárias aos EUA, do outro – “anti-imperialistas”, como alguns dizem. Esse lado inclui o Hezbollah, no Líbano, o Irã e o regime sírio, e seus apoiadores acreditam que a Síria tem ajudado os palestinos. Isso se baseia numa completa ignorância a respeito da história síria e do quão violento foi o regime sírio ao longo dos últimos 40 anos contra a luta palestina.
De certo modo, esses esquerdistas estão na verdade aderindo à doutrina Bush – o “ou/ou”, sem espaço para qualquer grau de complexidade em sua posição.
JN – Em outras palavras, “ou está conosco ou está contra nós”.
YM – Sim. A forma binária e reducionista de pensar sobre a revolução.
Acho que isso é muito prejudicial. Está mandando a mensagem errada para o povo sírio. Muitos sírios acreditam que a esquerda é, por definição, favorável ao regime. Recentemente, vimos protestos em Nova York e em outras cidades com pessoas se manifestando contra a guerra e segurando retratos de Assad.
JN – Alguns dias atrás, havia uma fotografia em destaque no Boston Globe, acompanhando um artigo sobre os protestos, e focaram um grupo de pessoas no meio da multidão que estavam carregando bandeiras do regime sírio com a foto de Assad estampada bem no meio. Isso imprime ao protesto inteiro a marca de um posicionamento não propriamente contrário ao bombardeio na Síria, mas em favor de Assad. Mas eu sei de algumas das organizações que promoveram o protesto para as quais isso vai no sentido contrário à mensagem que estavam tentando transmitir.
YM – Correto. Essa parte da esquerda está perdendo sua credibilidade. As pessoas nos EUA ou no mundo árabe ou na Síria não necessariamente perceberão isso como uma mensagem realmente contra a guerra. Verão as fotos de Assad e perceberão essas manifestações como propaganda – não realmente contrárias à guerra.
Acho que a esquerda tem uma tarefa importante diante de si. Deve formular uma posição nova, mais coerente – uma posição na qual se coloque ao mesmo tempo contra a guerra e contra a ditadura. Enquanto não fizer isso, não terão qualquer margem de credibilidade.
As pessoas na Síria verão essas imagens praticamente como uma licença para matar, pois o regime sírio vêm transmitindo essas manifestações na TV estatal, mostrando o quão popular é no Ocidente – que as pessoas estão se manifestando nas ruas de Nova York e outras cidades com fotos de Assad.
O regime sírio não tem sido capaz de organizar manifestações ou comícios assim nem mesmo na
própria Síria. Ficam muito contentes, portanto, ao vê-los surgirem em outras partes do mundo.
Muitas das pessoas que se manifestam não fazem a mínima ideia sobre a realidade daquilo que os sírios vêm enfrentando – suas lutas, seus combates, sua resistência cotidiana, aquilo que estão tentando construir e a criatividade daquilo que estão fazendo.
Acredito que também existe algo de racismo envolvido nisso – de simplemente negar qualquer tipo de iniciativa aos sírios e dizer “Isso tudo é uma grande conspiração e os EUA vêm planejando isso desde o início – é uma conspiração contra Assad”. Isso significa que os sírios não têm qualquer iniciativa, que na verdade não sabem pensar por si mesmos, não são capazes de fazer uma revolução. Acho que é um grande erro que a esquerda está cometendo.
JN – Tenho comigo a proposta apresentada pela secretária-geral do American Friends Services Committee, Shan Cretin, em uma carta endereçada ao Presidente Obama e ao Congresso. O que ela demanda é um amplo embargo ao envio de armas para todas as partes envolvidas no conflito; que a única solução na Síria é uma solução política; apoio aos esforços de Lakhdar Brahimi, o enviado conjunto da ONU e da Liga Árabe; pressionar para que rapidamente se reúna uma nova Conferência de Genebra; e que os EUA deveriam se pautar por uma transição que se baseasse nas instituições já existentes na Síria, em lugar de as remover, além de não alijar as pessoas que tiverem servido o governo ou o exército. O que você acha dessa proposta e o que você acha que a esquerda americana deveria fazer?
YM – Acredito que o mais importante para o movimento progressista e para as pessoas que realmente se importam com as revoluções árabes e querem apoiá-las e demonstrar sua solidariedade é afastar-se das alianças com quaisquer estados e construir um movimento social que apoie a população síria.
Essa solidariedade pode assumir diferentes formas. Pode ser por meio de relatos – um jornalista responsável que vá à Síria, veja o que está realmente acontecendo e tente levar a sério seu trabalho.
Muito do que vem sendo noticiado é sobre as lutas internas e sobre o aspecto militar da revolução, mas acredito que essa seja somente a ponta do iceberg – é a parte mais visível, mas não é a mais importante.
O que está acontecendo na Síria é muito mais que isso. Há muitas revoluções em curso em todos os campos: o político, o cultural, o social, o econômico. as pessoas estão criando novas instituições com novas ideias – estão tentando enfrentar os problemas mais difíceis e superá-los.
As pessoas na Síria precisam de médicos, precisam de engenheiros, precisam de qualquer ativista que os possa ajudar. O que é necessário é um movimento global de solidariedade que transcenda a política estado cêntrica que tem dominado pelos últimos 30 anos, revolvendo em torno de governos
e exércitos e tudo o mais. Acredito que esta é a mensagem mais poderosa que podemos enviar à população síria: construir um movimento social global alternativo que realmente compreenda a complexidade da revolução síria e não a reduza a “jihadistas” e “al-Qaeda”, mas compreenda que existem diferentes camadas.
Progressistas e esquerdistas deveriam promover o lado revolucionário e não apenas repetir a narrativa conspiratória que temos visto na mídia.
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O QUE NOS UNE NOS SEPARA
As diferenças culturais são difíceis de resolver enquanto estruturam o pensamento e justificam a violência contra o outro.
Diz-se que o pensamento neo conservador criou a noção de que os povos árabes são intolerantes dando pouco valor à democracia. Uma ideologia transmitida pela mídia, infestando a maioria dos jornais do mundo ocidental como se fosse uma verdade cientifica religiosamente inabalável. É necessário a conquista, não importando o número de vidas e o sofrimento. Isto é visto apenas como efeito colateral de uma verdade maior que necessita ser implementada a todo custo. A verdade democrática, que corre perigo ante a realidade muçulmana.
Do lado oposto o mesmo padrão de pensamento está agindo.
Há séculos utilizamos deste mecanismo neural como fórmula de origem e criação e destruição das nações.
As padronagens de comparação que determinam o que é diferente atuam reforçando e justificando o direito, a destruição e a posse territorialista, financeira, individuais e coletivas no mesmo seguimento neural.
As verdades religiosas causam mais dificuldades por serem disseminadas e dissimuladas pelo pensamento como algo imaterial, não oriundas do pensamento, divinas, dadas por entidades superiores e inquestionáveis na construção de toda uma mitologia envolvida pelas teias dos tabus e medos. E dentro desta hierarquia os governos se apresentam como representantes legais, morais e tangíveis desta imaterialidade. Nossos deuses são tão violentos quanto nós mesmos. Necessitam de sacrifícios para a sua existência. Nossos deuses são tão contraditórios quanto nós mesmos no amor à destruição como manutenção e geração da vida.
A elite que os governa faz uso do poder de manipulação das massas entendendo essa construção do pensamento. Se colocam acima do bem e do mal na imposição da sua ideologia mantendo seu status de dominação.
Qual a diferença entre o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, Obama dos Estados Unidos da América, os potenciais aliados americanos e o regime de Damasco (Síria) e Bashar al-Assad?
Com a apresentação de “provas incontestáveis” que foi o governo de Bashar al-Assad que utilizou armas químicas contra os rebeldes, o aval das Nações Unidas, respiraremos tranquilos por não considerarmos intervenção militar contra o regime de Damasco (Síria) e Bashar al-Assad “uma agressão”.
A construção da violência já existe, justificando-a ou não. Enquanto se procura dados que oficializem a punição dos supostos responsáveis pelo uso de armas químicas, houve morte de 1420 pessoas nos arredores de Damasco de acordo com número dos EUA.
Na tergiversação dos governos o que subjaz a dinâmica das justificativas ideológicas é a preocupação econômica.
Na economia dos deuses os sacrifícios são a moeda de troca para a manutenção divina.
A China advertiu nesta quinta-feira que uma intervenção militar na Síria vai prejudicar a economia mundial e elevar o preço do petróleo.
Mais do que uma intervenção real, no jogo da guerra os americanos tem interesse em abrir caminho para a China.
De acordo com um documento emitido em abril deste ano e vazado pelo ex-analista do órgão Edward Snowden, a política externa, o comércio exterior e a estabilidade econômica do bloco europeu são objetivos prioritários da vigilância da agência.
Entre os principais alvos de espionagem norte-americana aparecem a China, a Rússia, Irã, Paquistão, Coreia do Norte e Afeganistão.
Se os países ocidentais querem intervir para derrubar os governos antidemocráticos do Oriente Médio, o que os impedirá de tentarem derrubar o governo comunista da China?
Diferentes dos problemas enfrentados pelos governos de países do Oriente Médio, as questões chinesas derivam do rápido crescimento econômico e da dependência do petróleo.
“Uma ação militar teria um impacto negativo sobre a economia global, especialmente sobre o preço do petróleo — vai causar um aumento no preço do petróleo”, disse o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyao, antes do início das negociações dos líderes do G20.
Se os países ocidentais decidirem intervir para derrubar os governos antidemocráticos do Oriente Médio, raciocinam os líderes chineses, o que os impedirá de um dia tentar derrubar o governo comunista da China?
Segundo Andrew Browne, os conflitos no Oriente Médio destacam para a China a realidade da existência de uma única superpotência no mundo hoje: os Estados Unidos.
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BARACK BUSH
Ainda brincamos com o valor das vidas humanas promovendo a violências das guerras na defesa de ideologias políticas que escondem nossa ganância pelo poder financeiro mascarados em lutas religiosas. Bastou um possível ataque contra Síria para derrubar as bolsas mundiais subindo o petróleo e ouro. Quem lucrou com isto? O sofrimento vem dos mercados emergentes. As bolsas asiáticas registraram fortes baixas nesta quarta-feira (28), o petróleo estava em alta e as divisas dos mercados emergentes passavam por nova desvalorização ante a provável intervenção militar ocidental na Síria.
A tensão geopolítica no Oriente Médio é um novo elemento de preocupação dos mercados, além da iminente disputa sobre o teto da dívida nos Estados Unidos, que ameaça deixar o país em um beco sem saída político.
Barack Hussein Obama ganhador do Nobel da Paz de 2009, o primeiro negro (afro-americano no contexto estadunidense) a ser eleito presidente dos Estados Unidos. Qual sua diferença em relação ao governo Bush? No tango entre democratas e republicanos a mesma dança no que tange as relações com o oriente médio.
Em seu discurso de democracia, uma falsa ideologia liberal, o governo dos EUA semeiam a guerra e a discórdia para depois dominar as riquezas dos países que lhes interessam. Não é nenhum segredo que a política externa dos EUA é tratada de acordo com os interesses do pais em todo o mundo. EUA busca controlar onde o seu governo acha que existem oportunidades para levar a cabo a sua agenda de controle.
Assim é a agenda americana no Egito.
De acordo com Brian Becker, coordenador nacional para a Coalizão ANSWER, a maioria do dinheiro dado ao Egito, nem sequer deixa os EUA, uma vez que grande parte do dinheiro dos contribuintes vai para as mãos de empresas ocidentais, principalmente empreiteiros militares que fazem as armas que o exército egípcio usa para oprimir seu povo.
Em primeiro lugar na lista de países que recebem bilhões de dólares em ajuda está Israel, com o Egito em segundo lugar. “Eles deram o dinheiro para Mubarak, Sadat, e estão dando sem parar ao longo deste mandato”, diz Becker. Segundo ele, os EUA não vai cortar o financiamento, por duas razões principais: a maior parte do dinheiro vai para as contas bancárias dos fabricantes de armas dos EUA e porque o resto do dinheiro dos EUA ajuda a manter o alto comando militar na folha de pagamento dos Americanos. “Essa é a dinâmica, a forma como os Estados Unidos mantêm o controle deste, o maior país árabe”, disse Becker em entrevista ao Russia Today.
A aversão extrema no Egito para o embaixador dos EUA Anne Patterson – amplamente visto como um fantoche Irmandade Muçulmana – é o exemplo de como o povo do :Egito vê a intervenção americana em seu país. A contradição – financiam aqueles que não tem interesse na democracia enquanto pregam a mesma como solução para o país e para o mundo. E assim tem sido não apenas os EUA, mas seus aliados e outros governos que escondem seus interesses econômicos por trás de um discurso ideológico. Se apropriam do fanatismo religioso para semear a luta, a desestabilização do povo que na maioria não conseguem fazer uma leitura mais profunda diante do emocionalismo cultural. O que querem o povo Egípcio? Seriam mesmo tão anti-democráticos?
7 Youm , um jornal popular no Egito (o sexto site mais acessado do país de acordo com a Alexa), realizou uma pesquisa pedindo a seus leitores “Você apóia a chamada para chutar embaixador dos EUA, Anne Patterson, porque ela interferia nos assuntos egípcios? “
A gritante 87,93% disseram que sim, 10,54% disseram que não, e 1,53% eram indiferentes.
Parece que este não e realmente o discurso daqueles que fizeram oposição ao governo de MOHAMMED MURSI. “Agora devemos pensar sobre uma nova Constituição para todos os egípcios, sobre uma nova lei fundamental que não irá distinguir as pessoas por sexo ou religião. A Constituição deve proteger a dignidade de cada cidadão e cidadã do Egito, seu direito à justiça social, proteger a soberania do estado e ter em conta o princípio da separação de poderes. Vamos lançar em breve uma campanha chamada “Escreve tua Constituição”. O povo egípcio vai participar da criação da Constituição, que deve refletir os objetivos da revolução de 30 de junho. Depois disso, vamos pensar sobre eleições.”
Apesar do que os fatos mostram, Obama disse recentemente que era injusto culpar o Ocidente ou os Estados Unidos pelos problemas que o Egito experimentou e está experimentando durante o último meio século. Ele disse que os Estados Unidos têm apenas o interesse de que o Egito se torne em uma democracia. O Sr. Becker não concorda com essa afirmação. “Os interesses dos Estados Unidos são os das companhias petrolíferas que só querem explorar a região. A política externa dos EUA é a de Chevron e Exxon Mobile “.
O artigo de Sara Khorshid recorda que os militares são sustentados pelo governo americano, com uma ajuda anual de US$ 1,8 bilhão por ano. Essa ajuda foi restaurada após a revolução e é ela que garante o poder supremo dos generais. Sem esse dinheiro, eles teriam sido escorraçados.
Falta de cultura democrática? Nada disso. Excesso de dólares no bolso de quem não quer democracia.
Para Huntington, o grande conflito de nossa época envolve valores culturais e morais – e não mais ideologias. Essa visão tem uma utilidade política clara. Serve para justificar o esforço norte-americano para manter seu domínio imperial em várias partes do mundo, inclusive no Oriente Médio. Em vez de dizer que os EUA querem petróleo, Huntington garante que querem defender valores moralmente mais elevados. .
O problema é que os compromissos externos dos EUA com valores democráticos são determinados por interesses concretos, que não se submetem aos caprichos da antropologia cultural. Podem ser abandonados quando não tem maior serventia, como acontece no Egito.
A manutenção de uma ditadura militar no Egito é de extremo interesse dos EUA. Contribui para preservar as boas relações com Israel, prioridade número 1 dos EUA naquela parte do mundo.
Por essa razão, a Casa Branca até fechou os olhos para uma lei do Congresso que limita a ajuda militar a regimes que defendem liberdades fundamentais. Já assegurava isso nos tempos de Muraback e segue na mesma linha, quando o ditador já foi destronado.
A noção de que os povos árabes são intolerantes e dão pouco valor à democracia integra uma das noções típicas do pensamento neo-conservador de nossa época e costumam ser transmitidos, de jornal em jornal, de comentarista para comentarista, como se fossem uma verdade científica.
Essa visão foi elaborada no início dos anos 90, num artigo célebre, Choque de Civilizações, de um professor americano chamado Samuel Huntington.
Se segundo Huntington as diferenças de natureza cultural são mais difíceis de mudar, conciliar e resolver do que as de natureza política e econômica, sendo a religião é um exemplo dessa dificuldade. Uma estratégia de dominação econômica dos povos que dissimula os interesses econômicos em prol da defesa de valores moralmente mais elevados é a criação da confusão religiosa que em consequentemente remete à outros temas de ordem moral como a sexualidade, o discurso de gênero que escamoteia o foco econômico. Para redefinir sua identidade um país dividido, precisa ter sua elite política e econômica favorável à condição, sua opinião publica tende estar de acordo e a civilização a que venha fazer parte devem estar dispostos a aceitar a conversão.
Em 2012, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Fernando Collor (PTB-AL) em discurso junto a comissão relatou que a situação da Síria envolvia interesses estratégicos mais amplos. Para ele, além dos Estados Unidos, o país sírio desperta a atenção econômica e política da Rússia, China, Turquia e do Irã.
Segundo Cláudia Trevisan, Barack Obama criou uma armadilha para seu próprio governo ao afirmar há um ano que o regime do ditador sírio Bashar al-Assad cruzaria a “linha vermelha” se usasse armas químicas contra sua própria população.
Depois que a história se encarregou de revelar a farsa das armas de destruição em massa construída por George W. Bush para justificar a invasão do Iraque, em 2003, é legítimo duvidar da acusação contundente do governo Obama de que o regime de Assad foi o responsável pelo ataque que deixou pelo menos 1.000 mortos há quase uma semana. Mas existe agora algo que estava ausente há uma década: as imagens dos sírios sucumbindo a um gás fatal.
Para Carla Del Ponte, membra da Comissão de Inquérito da ONU, sobre possíveis violações dos direitos humanos na Síria, foram os rebeldes quem usaram armas químicas. Os depoimentos de testemunhas e vítimas no distrito de Guta, na periferia de Damasco, “indicam com toda a evidência que o gás neuroparalítico sarin foi usado por militantes da oposição síria”, disse em entrevista à televisão suíça a membra da Comissão de Inquérito da ONU sobre possíveis violações dos direitos humanos na Síria, Carla Del Ponte.
“A comissão pericial não encontrou traços de uso de armas químicas pela parte do Exército governamental”, sublinha Del Ponte.
FONTE
ARMADILHA DE OBAMA A SÍRIA
EGITO DESTRUIU PLANOS DE OBAMA NO ORIENTE MÉDIO
IRMÃO DE OBAMA LÍDER DA IRMANDADE MUÇULMANA
IRMÃO DE OBAMA E IRMANDADE MUÇULMANA
CONEXÃO OBAMA E IRMANDADE MUÇULMANA
GOVERNO AMERICANO PEDE LIBERTAÇÃO DE MOHAMMED MURSI
EUA SUSTENTA DITADURA MILITAR NO EGITO
O SILÊNCIO DA MÍDIA SOBRE OS VERDADEIROS INTERESSES DOS EUA NO EGITO
Vídeo Ataque com gás venenoso pode ter matado mais de 1300 pessoas, entre mulheres e crianças.
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