“Boas ações” nascem das “más ações”.
A celeuma em torno da vinda dos médicos estrangeiros se dá apenas em torno dos profissionais cubanos.
E não é a primeira vez que estes profissionais vem auxiliar nosso doente sistema.
O SUS, apesar de ser muito bom em suas diretrizes, sofre pela falta de boa gestão, políticas de descentralização e equidade, educação política dos profissionais, pelo corporativismo institucional e desvios de verbas públicas aplicadas em políticas partidárias pessoais nas vias da saúde privada.
E os velhos preconceitos da elite brasileira que afeta o julgamento da maioria deste país entrou em ação questionando a atitude do governo na implementação do programa mais médicos.
Uma maneira de escamotear o que realmente acontece neste país que acredita na pluralidade de raça, religião, gênero.
Novamente somos condenados a mesma armadilha por falta de uma política educacional desde a mais tenra idade, nas famílias, no ensino institucionalizado em todas as suas esferas cronológicas e de classes sociais.
Se o Brasil necessita de mais médicos, o acesso da população as universidade de medicina é precário, elitista e conservadora. Segue assim a formação da maioria dos profissionais. Segue assim a distância entre as universidades e a realidade do povo brasileiro. Teríamos que importar profissionais de outras áreas?
Se viessem de países brancos seriam comparados a escravos vindos em navios negreiros? Se viessem trabalhar em profissões consideradas menos importante no rol das hierarquias profissionais, questionaria-se seu ganho, capacidade e aparência e aplicação do lucro?
E os profissionais brasileiros que saem para trabalhar em outros países, como são vistos?
Nos governos do PSDB, a vinda de médicos cubanos não gerou a discussão em torno do programa com eleitoreiro.
Numa reportagem publicada na edição número 1.620, de 20 de outubro de 1999, a revista Veja elogiou a vinda de médicos cubanos ao Brasil. “O milagre veio de Cuba”, chega a colocar o texto, depois de descrever a precária situação do, na época, único hospital do município de Arraias, em Tocantins.
Ninguém que está no poder consegue desvincular suas intenções partidárias e de manutenção do poder em ações que visão a solução de problemas.
“Não é um programa para assistir à população, e sim, para repassar o dinheiro para Cuba”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, em entrevista para a TV Bandeirantes.
Assim como os médicos cubanos são taxados de escravos do regime socialista pela mídia ao ter que repassar o equivalente a essas remunerações ao governo de Havana, nós brasileiros temos sido tratados como escravos de uma pseudo democracia ao pagarmos o equivalente a quase meio ano de impostos a um governo ineficiente no que tange aos nossos direitos a saúde, educação, segurança e qualidade de vida. E todos os governo utilizam a agenda do nosso precário sistema como plataforma política, promessas na manutenção do seus projetos de poder e enriquecimento ilícito no desvio do dinheiro público.
Como brasileiros devemos desviar o foco destas besteiras mentais burguesas. Observemos o fato de que seres humanos estão sofrendo sem as mínimas condições de saneamento e atenção a saúde básica.