Filme que explode templo de Universal causa furor na abertura da Bienal de São Paulo
Polêmica na abertura da edição 2014 da Bienal de São Paulo! Na manhã deste sábado (7), um jovem grupo chamava atenção de quem passasse pelo terceiro andar do pavilhão do Ibirapuera. Com câmeras de celular em punhos, eles registravam em vídeo cada detalhe da primeira exibição de “Inferno”, dirigido pela artista israelense Yael Bartana. Era o elenco do filme, que rapidamente ganhou a companhia de cerca de 40 pessoas em cada uma de suas sessões de 17 minutos. A instalação era a mais concorrida no início da exposição.
Com ares de drama época, o filme encena a demolição do novo templo evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus na zona leste de São Paulo – uma referência à destruição bíblica do templo de Salomão, no qual o edifício foi inspirado.
Com inspiração no judaísmo, a obra é mais um ingrediente na polêmica envolvendo Israel e a Bienal. Na semana passada, 55 artistas – incluindo Yael Bartana – divulgaram uma carta aberta à Fundação Bienal de São Paulo pedindo que a instituição recusasse o financiamento de instituições israelenses, em protesto às ações militares na Faixa de Gaza.
“Tem gente achando que estamos ali criticando o templo, mas o filme é apenas uma representação da história”, diz o produtor Eduardo Scandaroli. “Gastamos cerca de cinco dias para filmar, com uma narrativa diferente, marcada pela música e sem diálogos. Nossa expectativa era muito grande.”
“Acho que a principal mensagem é mostrar até onde vai a religiosidade e até onde ela poderia ir”, afirma a atriz Alessandra Moreira, destaque na cena em que o templo é repentinamente tomado pelo fogo.
Filmado em um galpão de escola de samba, no parque Villa-Lobos e no centro de São Paulo, “Inferno” custou R$ 1 milhão, bancados pela galeria de Nova York Petzel. É o filme mais bem produzido da Bienal. Reproduz com fidelidade o O Muro das Lamentações de Jerusalém.
“Não sou uma pessoa que tem fé. Mas achei a obra provocativa e bonita”, diz o engenheiro Manuel Camilo Neto. “Acho que é o que se espera de uma Bienal: surpreender, sair do lugar comum. Gostei bastante”, diz a procuradora Leslie Bocchino.
Para a professora universitária Cláudia Cesarino, a polêmica é apenas um dos ingredientes que despertam o interesse. “É uma história atual, pois faz referência à construção do tempo e ao confronto no Oriente Médio. Causa impacto”.
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