O Amor de Um Pai Moderno.
O culto a imagem da mãe é socialmente mais difundida do que a imagem do pai. Contudo, isto está mudando. A imagem social do homem que não destacava as suas funções de pai perdeu terreno para um novo tipo de pai.
Os homens que se dedicavam pouco à educação dos filhos deixando a responsabilidade nas mãos das mulheres já não são bem vindos à sociedade atual. O abandono paterno está fora de moda. Hoje é muito discutida a importância paterna na geração, cuidado e educação dos filhos.
A Importância Paterna
É ainda muito recente e muito novo para o homem o reconhecimento da importância do papel paterno no desenvolvimento dos filhos, mesmo durante a vida fetal. Por isso o pai tem de conhecer melhor seus deveres e direitos acerca da educação do seu filho. A literatura científica aponta que a participação efetiva do pai na vida de um filho promove segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
O pai é a primeira pessoa que mostra à criança que ela pode confiar em mais alguém, além da mãe. Assim, a relação de total dependência materna é amenizada e os pequenos começam a encarar o mundo e a se entrosar na sociedade. A figura paterna dá segurança à criança, principalmente ao filho. Apesar de historicamente na composição da família a mãe ter tido uma papel mais presente na educação dos filhos, atualmente, com as inúmeras mudanças sociais e na legislação, os homens estão cada vez mais conscientes e presentes na educação dos filhos.
O Pai Moderno.
“Não basta ser pai. Tem que participar”.
Os homens atuais dividem as tarefas de casa. Entenderam a importância do cuidado e que este vai muito além de pagar contas. Atualmente a representação da paternidade deixou de lado o estereótipo do homem que se dedica só ao trabalho. Mais afinados à modernidade os pais são o retratado de uma alma mais sensível. Conectados às tecnologias estão sem receio de serem emocionais ou de sujarem as mãos com algumas fraldas.
Os Dez Mandamentos do Pai
A psicóloga Maria Tereza Maldonado – autora de Comunicação entre Pais e Filhos, Vida em Família e Sementes do Amor (entre outros) – fala sobre os dez aspectos essenciais ao pai moderno. Apesar de estarem cada vez mais atuantes, carinhosos e participativos, muitos pais ainda ignoram a extensão de sua importância na vida dos filhos. Confira e enriqueça o relacionamento com seus baixinhos – sejam pequenos ou não.
- O homem tem de aprender a exercer a paternidade responsável.
Essa atribuição familiar deve começar desde a infância, quando os garotos devem ser ensinados a cuidar do próprio corpo e, na adolescência, a cuidar da saúde sexual, da anticoncepção, não deixando a responsabilidade só para a mulher. O menino também precisa ser ensinado a cuidar do planejamento familiar de forma que ao se casar ou ter uma união – e pense em ter filhos – a paternidade seja efetivada de forma responsável e consciente. Algumas famílias ainda enfatizam que são as meninas que devem prevenir a gravidez, sem pensarem tanto em transmitir tal valor aos meninos que, afinal de contas, também geram filhos e podem tê-los precocemente. Mesmo quando já adultos muitos homens ainda pensam que cuidar da anticoncepção é uma tarefa feminina. E, lamentavelmente, muitos ainda desaparecem em caso de gravidez não planejada ou não desejada. Ou até mesmo quando são casados e se separam, ainda é bastante expressivo o contingente dos que se recusam a assumir as responsabilidades decorrentes da paternidade – seja em termos de suporte financeiro e, muito mais frequentemente, emocional.
Esse pai moderno precisa educar seus filhos desde cedo de forma a não contribuir para eternizar o modelo “quem cuida dos filhos, da anticoncepção ou do planejamento familiar é a mulher”. Todos os outros mandamentos não deixam de ser desdobramentos deste primeiro, absolutamente essencial.
- Equilibrar as funções de homem, pai e profissional.
Hoje, quando as mulheres trabalham ativamente e compartilham com o homem a função provedora, os homens ainda estão superenfatizando a vida profissional, a necessidade de ganhar dinheiro e de prover a casa. A atividade profissional acaba ocupando uma fatia enorme do cotidiano masculino em detrimento da presença paterna. Uma transformação importante do pai moderno é ele poder trabalhar melhor a ideia de que “o homem não é só para trabalhar”. O trabalho não deve mobilizar tanta energia e tempo em detrimento da disponibilidade para estar com sua companheira, encantá-la e compartilhar tudo de forma mais extensa. O mesmo vale para os filhos: não basta chegar em casa, dar um beijinho e continuar trabalhando (falando no telefone, verificando extratos bancários), enquanto os filhos ficam no quarto assistindo televisão, sozinhos ou com colegas. São queixas infantis frequentes: “Meu pai não fica comigo, não conversa, nunca tem tempo para mim.” O equilíbrio entre o papel de pai e profissional abre para o homem a perspectiva dos valores pessoais. Quando ele percebe sua própria importância, ele se valoriza como pessoa e percebe a falta que faz aos filhos e à companheira.
- Compartilhar com a mulher as funções de provedor e cuidador.
Embora hoje muitos homens já participem mais das tarefas domésticas, ainda é extremamente comum que a partilha com a mulher não seja igualitária. Ainda predomina a ideia de que “cuidar da casa é coisa de mulher”. E isso se reflete muito na educação dos filhos. O cenário que predomina é o de que as filhas devem ajudar, não sendo igualmente comum que seja solicitado o mesmo do filho: lavar a louça e arrumar o próprio quarto. Prevalece também a ajuda do homem em casa como um favor prestado e não como uma responsabilidade.
Os filhos vão adorar ter um pai que brinque e se divirta com eles; que divida interesses comuns, como resolver um problema no computador ou assistir a um desenho animado na TV. E cabe à mulher incluí-lo nesse processo de paternidade desde cedo, sem considerá-lo desajeitado, e levá-lo a sentir-se necessário nos cuidados até mesmo com o neném.
- Criar oportunidades para participar da vida dos filhos.
Apesar da falta de tempo, é preciso estabelecer prioridades e ter criatividade para inventar momentos de proximidade. Por exemplo: o pai, sendo ou não separado da mãe, pode combinar de levar o filho ao colégio, e aproveitar o tempo de percurso para conversar, participar do dia-a-dia da criança. Em caso de pais separados ainda é muito comum que o filho se enquadre no regime absurdo das visitas semanais ou quinzenais, um sofrimento desnecessário para pais e filhos. A guarda e convivência compartilhadas, quando pai e mãe assumem responsabilidades na partilha de tarefas, garantem ao filho o direito de manter o convívio com ambos, apesar de estarem separados.
“Ainda é dolorosamente comum o afastamento progressivo entre pais e filhos após a separação”, diz Maria Tereza Maldonado. O casamento pode ser desfeito, mas a paternidade não. E essa relação pai-filho precisa ser alimentada com afeto, atenção e presença. Sobre aquela velha história de “o que vale é a qualidade e não a quantidade do convívio”, não existe qualidade de convívio sem o mínimo de quantidade.
- Abrir canais de comunicação com toda a família.
Uma queixa ainda muito comum dos filhos de todas as idades é a dificuldade de comunicação com o pai. “Meu pai não conversa comigo, é fechado, está sempre ocupado”. O homem que super dimensionou o trabalho na composição da vida chega à casa estressado e cansado. Muitos ainda não descobriram que é possível relaxar e se divertir junto com os filhos. Eles acham que isso só vai acontecer com um copo de bebida e uma conversa com amigos depois do expediente. Inúmeros ainda levam trabalho para casa, ou deixam para dar telefonemas profissionais à noite. Então os filhos percebem que papai está fisicamente presente, mas inacessível. Está ocupado, como sempre.
Além disso, os homens ainda são criados de forma a ter dificuldade para expressar seus sentimentos. São muito práticos, mas não têm facilidade em pensar sobre as sutilezas dos relacionamentos – nesse aspecto, se queixam das mulheres, que vivem querendo conversar, refletir sobre a relação. Por sua vez, as mulheres se queixam de que eles são muito objetivos, mas não permitem vislumbrar o que se passa no seu interior, além de não ter paciência de ouvir. Viabilizar canais de comunicação é abrir canais da escuta; criar oportunidades do tipo ficar com o filho na hora de dormir, não só para contar uma história, como para escutar como foi o dia. Para ouvir confissões que às vezes só saem nesse momento de aconchego e relaxamento.
- Ajudar a construir no dia-a-dia um novo modelo de masculinidade.
Infelizmente, o grau de violência doméstica é altíssimo: mulheres e crianças continuam sendo humilhadas e maltratadas verbalmente e fisicamente. E isso ainda tem muita ligação com o modelo distorcido de masculinidade como sendo o da força bruta, que “as coisas se resolvem na pancadaria”. Existem pais ainda que recomendam aos filhos: “se receber um tapa, retribua com dois”, como se a agressão física se constituísse numa maneira sensata de resolução de problemas e dificuldades. Muitos adolescentes são estimulados a isso até por uma distorção das lutas marciais: brigar é sinônimo de masculinidade. São muitos conceitos distorcidos que ainda estão dentro da construção do machismo: identifica-se erradamente virilidade com brutalidade e violência. Na verdade, resolver conflitos por argumentos fortes e sólidos exige muito mais força do que dar um tapa ou um soco.
- O pai moderno precisa colocar limites para educar o filho.
A omissão da ação paterna na colocação de limites é um problema sério. É papel de o pai estimular leis de boa convivência, ensinando que masculinidade não é sinônimo de brutalidade ou grosseria. E que espontaneidade não é indelicadeza ou falta de educação. “Que ele possa dizer a seus filhos e filhas que a lei básica do bom convívio é ter gentileza, respeito e consideração pelos outros”, diz Maria Tereza Maldonado. Não vale ser grosseiro, nem confundir intimidade com agressividade. Esses comportamentos inadequados por parte dos filhos não devem ser tolerados, e sim bloqueados para que se desenvolvam alternativas mais civilizadas de comunicação. Há pais que passam a mão pela cabeça dos filhos se eles estão ofendendo a mãe, que fica magoada com a agressão e a omissão paterna. Uma das funções paternas é combater relacionamentos desrespeitosos. Esse tipo de abuso não deve ser tolerado nem justificado. O pai deve desenvolver habilidades de comunicação para ensinar a criança a exteriorizar de maneira não ofensiva o que a desagrada. “Isso é extremamente importante e significa desenvolvimento da inteligência relacional – saber administrar a raiva”, lembra a psicóloga. Quantas pessoas não conseguem ficar muito tempo no mesmo trabalho porque são estouradas, tratam grosseiramente o superior ou o colega, viram a mesa!
- Construir a masculinidade e desenvolver a força da gentileza e da ternura.
Poucos se dão conta de que essa força é um desdobramento do conceito de masculinidade. Até nas escolas, meninos mais tímidos ou mais sensíveis pode ser alvo de agressão. A sensibilidade, a timidez ou o carinho são características tidas como femininas. Nada disso. São, na verdade, características pessoais. O pai moderno deve cultivar essa postura: sensibilidade e ternura também fazem parte do desenvolvimento de pessoas de qualquer sexo. Quantas vezes a gente vê a repressão da ternura e da afetividade até no contato físico. O pai que abraça a filha ternamente, mas que não age da mesma forma com o filho porque isso não é coisa de homem. Esses preconceitos com relação à construção da masculinidade precisam ser profundamente revistos para dar margem ao desenvolvimento de pessoas mais inteiras e integradas.
- Libertar a criatividade e a imaginação para relaxar e divertir-se com os filhos.
O adulto não deixa de ser criança. Mas há dificuldade para aceitar essa ideia. O que acontece é que incorporamos a nossa criança e o nosso adolescente à nossa parte adulta. Quando tudo está bem integrado dentro de nós, podemos abrir nossos canais de comunicação com crianças e adolescentes e curtir a presença deles e o relacionamento com eles. Mas se tal aspecto está reprimido em um homem adulto, deve ser desreprimido. Isso vai introduzir uma leveza maior à paternidade. Muitos homens a temem pela responsabilidade que acarreta, ou porque vão ter que se tornarem mais sérios. Com isso são levados a não valorizar a parte lúdica da paternidade. Maneiras muito bacanas de se divertir, de relaxar, de desestressar da rotina diária são dar um passeio com o filho, ver um filme com ele, empurrar o carrinho do bebê na beira da praia ou na praça. Na falta dessa habilidade, caso ocorra a separação os homens ficam totalmente perdidos: não sabem o que fazer com seus filhos, o que conversar, para onde levar. Fica patente nessa hora a falta da intimidade não construída. Acabaram-se os escudos. O pai percebe que o filho é um desconhecido: quem é aquela criança? E com a criança acontece a mesma coisa: o pai é um estranho. Mas a qualquer momento é possível partir para essa (re)descoberta. Você pode arregaçar as mangas e começar a construir uma intimidade, um vínculo forte com seu filho, ao descobrir interesses comuns, por exemplo.
- Assumir as responsabilidades paternas e familiares.
Pais que são casados muitas vezes descansam neste aspecto: tem a mãe que cuida. Acomodam-se em não estar na linha de frente, posição que delegam à mulher. Com isso, o homem cria a posição da presença ausente, achando que a mãe é que tem importância e ele é uma presença secundária. Quando esse homem se separa, continua a pensar da mesma forma: “as crianças estão morando com a mãe, eu pago todas as contas, cumpro meu papel”. Essa desvalorização da presença esbarra na falta de autoestima: “só sirvo para pagar as contas”, “meu filho só me procura para pedir dinheiro”. “Esse é o relato que se escuta de muitos pais”, explica a psicóloga. Tal admissão representa que a relação não foi explorada nas dimensões que poderia ter sido. O pai se permitiu uma função recortada, restrita. Se o homem restringe as dimensões de sua paternidade, ele limita seu desenvolvimento como pessoa, além de limitar as possibilidades de se tornar, além de bom pai, amigo do filho. Isso também é paternidade responsável.
Fontes: http://educacao.aaldeia.net/corpo-homem-pai/
http://www.mtmaldonado.com.br/entrevistas/dez_mandamentos_pai.php
- Published in Comportamento, Psicologia
BEBÊS COM TRÊS PAIS
Governo inglês aprova inseminação que pode gerar bebês com “três pais”
Há muito o conceito de família tradicional reprodutiva está sendo remodelada. Desde a criação da pílula que libertou a mulher para a sua sexualidade, os avanços da ciência em relação a fertilização, os bebês de provetas, a possibilidade da barriga de aluguel, a clonagem e agora o Reino Unido pode se tornar o primeiro país do mundo a aprovar um tratamento de fertilidade que utiliza material genético de três pessoas para evitar certas doenças hereditárias incuráveis.
Sem falarmos que em diversos países a possibilidade de adoção por casais homoafetivos que altera o padrão tradicional da família reprodutiva.
E futuramente quem sabe com a capacidade de clonagem, qualquer um poderá gerar um filho literalmente a sua imagem e semelhança.
A sociedade deve começar a repensar o seu conceito de família.
Por muito tempo a família tradicional hétero reprodutiva tem sido o único modelo do sistema. O medo de uma mudança passa não apenas pelo âmbito da moral tradicional historicamente enraizada nas tradições religiosas, mas também no modelo de família compulsiva que alimenta o mercado.
Esses são os grandes focos de discussão em torno de uma ética familiar sempre que novidades científicas se apresentam.
Se a família tradicional já não se apresenta como única forma viável diante das mudanças sociais, é necessário repensarmos a unidade familiar de forma a não imputarmos apenas o modelo hétero normativo reprodutivo como única forma possível.
Críticos afirmam que a técnica pioneira de fertilização in vitro é antiética.
O Reino Unido pode se tornar o primeiro país do mundo a autorizar um tratamento de fertilidade que utiliza material genético de três pessoas para evitar certas doenças hereditárias incuráveis, depois que a ideia recebeu o respaldo do governo.
O ministério da Saúde britânico redigirá as novas normas relacionadas à polêmica técnica de fecundação in vitro (FIV) e as submeterá a uma consulta pública antes de apresentá-las ao Parlamento, para um debate em 2014.
O procedimento, que pretende evitar que as mães transmitam aos bebês graves doenças genéticas, consiste em substituir o DNA mitocondrial anômalo do óvulo materno pelo DNA mitocondrial saudável procedente de um doador para criar e fertilizar o óvulo reconstruído com esperma do pai com uma FIV clássica.
“Os cientistas têm desenvolvido novos procedimentos inovadores que podem deter a transmissão destas doenças, o que dá esperanças a muitas famílias que buscam prevenir que seus futuros filhos as herdem”, declarou a assessora médica do governo britânico, Sally Davies.
“É correto que busquemos adotar este tratamento que pode salvar vidas o mais rápido possível. O que vamos fazer agora é começar a desenvolver a regulamentação, a consultar sobre ela para depois levá-la ao Parlamento”.
Um em cada 200 bebês nasce a cada ano no Reino Unido com uma forma de enfermidade do DNA mitocondrial, ou seja, uma patologia que afeta as estruturas que permitem proporcionar energia à célula.
Nos casos mais graves, as anomalias podem resultar em doenças como a síndrome MELAS, a síndrome MERRF, a síndrome NARP e a neuropatia óptica hereditária de Leber.
A autorização do procedimento, atualmente proibido por lei, constituiria um avanço radical na área porque permitira alterar a linha genética germinal.
Os bebês nascidos com esta técnica compartilhariam DNA com três pessoas, seus pais e o doador, mas apenas 0,1% procederia desta última pessoa.
Além disso, seriam parecidos apenas com os pais porque as características humanas estão codificadas no DNA do núcleo da célula.
Caso seja autorizada, os especialistas indicam que apenas de cinco a 10 bebês poderiam nascer a cada ano por meio da técnica no Reino Unido, onde quase 12.000 pessoas vivem com patologias mitocondriais.
Procedimento estará disponível para casais em até dois anos.
- Published in Comportamento, Psicologia