A Cultura do Gênero
Vivemos em uma cultura que divide tudo em gêneros, desde sentimentos, objetos e comportamentos. É uma nomenclatura que de certa forma organiza a sociedade.
Deste o útero sofremos esta cultura do gênero. Biologicamente somos determinados como o masculino e o feminino. Mas existem entes humanos que estão além destas atribuições do gênero biológico designado no nascimento e mesmo outros que estão em constante trânsito entre um gênero e outro. Estes são rotulados como “transgênero”. Mas, as pessoas consideradas “trans” não são tão diferentes do cisgênero, termo utilizado para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado quando do seu nascimento e tendo uma concordância entre a identidade de gênero e o sexo biológico, sendo o seu comportamento ou papel considerado socialmente aceito para esse sexo. O transgênero também se orienta a partir dos modelos pré estabelecidos no contexto social e psicológico do gênero feminino ou masculino.
Transgênero é um conceito abrangente que engloba grupos diversificados de pessoas que têm em comum a não identificação com comportamentos e/ou papéis esperados do sexo biológico, determinado no seu nascimento. Esses grupos não são homogêneos dado que a não identificação com o gênero de nascimento se dá em graus diferenciados e refletem realidades diferentes.
Além da identidade de gênero biologicamente determinada existe a identidade de gênero entendida como “a vivência interna e individual do gênero tal como cada pessoa a sente, seja correspondente ou não ao sexo biológico.
Transgêneros são pessoas que de alguma forma não se encaixam , isto é, se ajustam aos padrões de gênero impostos pela sociedade a todos os seus membros.
Alguns transgêneros sofrem apenas “leves desencaixes”, que ocorrem de tempos em tempos e se manifestam preponderantemente na forma de travestismo. Os casos “mais agudos” de transgêneros impõem mudanças radicais no próprio corpo do indivíduo, a fim de que ele encontre um mínimo de conforto físico e psíquico e de dignidade social. logo, é uma vivência pessoal que incluir a modificação da aparência do corpo e das funções corporais por meio farmacológicos ou cirúrgicos, por livre escolha da pessoa, além de aspectos relativos à vestimenta, aos modos e à fala”.
Transfobia
Nossas instituições sociais, nosso pensamento e psicologismo rigidamente construído em cima do binômio masculino/feminino carecem inteiramente de meios para lidar com pessoas que não se enquadram nem em uma nem em outra dessas categorias.
É um despreparo crônico refletido em pequenos detalhes do nosso cotiano como por exemplo, a rígida divisão dos sanitários públicos em masculino e feminino, que ignora completamente as necessidades do público transgênero. Também os transgêneros sofrem de situações mais complexas, como o nome da pessoa no registro geral, na carteira de habilitação, na certidão de casamento, no diploma de conclusão de curso, etc, etc.
Como quaisquer outros cidadãos, pessoas transgêneras também se casam, constituem famílias, têm filhos, dirigem automóveis, pagam impostos, frequentam escolas e, naturalmente, utilizam sanitários públicos.
O grande problema é que, não havendo uma categoria de gênero socialmente reconhecida para acolhe-las, as pessoas transgêneras estão obrigadas a viver na marginalidade, acintosamente excluídas do gozo da cidadania a que têm direito e sendo submetidas a todo tipo de constrangimento diante das situações mais comuns e triviais para as demais pessoas. Todos estes aspecto não deixa de ser um sentimento tão comum em nossa cultura quando falamos sobre a transgenia, a transfobia.
A transfobia é a discriminação relativa às pessoas transexuais e transgêneros. Seja intencional ou não, a transfobia causa severas consequências para quem por ela sofre a discriminação. Os ditos transsexuais também podem ser alvo da homofobia, tal como homossexuais podem ser alvo de transfobia, por parte de pessoas que incorretamente não distinguem identidade de gênero de orientação sexual.
A transfobia também é definida como aversão sem controle, repugnância, ódio, preconceito de algumas pessoas ou grupos contra pessoas e grupos com identidades de gênero travestis, transgêneros, transexuais, também denominados população trans.
Historicamente, há uma sobreposição dos papéis socialmente construídos para homens e mulheres às anatomias genitais tradicionalmente entendidas como feminina (vagina) ou masculina (pênis). Essa sobreposição leva ao entendimento da categoria sexo como algo universal (todos os seres vivos teriam sexo), binário (macho e fêmea) e globalizante das identidades e papéis sociais. Assim, pessoas e grupos trans vivenciam vários níveis de discriminação, o que incorre em sofrimento e negação de direitos.
Acima e abaixo de todas esta nomenclaturas que rotulam e determinam a humanidade, temos vidas humanas.
O Brasil comemora nesta quinta, 29, o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, data que marca a luta pelos direitos humanos e respeito à identidade de gênero e em busca do direito à vida sem preconceito e discriminação.
O dia é celebrado desde 2004, quando o Ministério da Saúde e entidades da sociedade civil lançaram a campanha “Travesti e Respeito”, em reconhecimento à dignidade dessa população. Ainda hoje, a população brasileira de travestis e transexuais tem grande dificuldade no acesso à educação, ao trabalho e à saúde, assim como sofre violência e é desrespeitada de forma contumaz.
Dados indicam que a população trans vem sendo a mais violada e violentada entre a população LGBT no país. O último Relatório de Violência Homofóbica publicado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República aponta que grupos de travestis e transexuais ainda são os mais suscetíveis à violência, que se expressa através de injúrias, agressões físicas e psicológicas e assassinatos todos os dias.
É necessário muito trabalho ainda para que possamos realizar a despatologização das identidades trans”, dando visibilidade a diversas vozes sobre as experiências culturais, políticas e subjetivas de gênero e sexualidade.
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CHRIS NÃO, KRISTIN
Soldado de elite americano relata mudança de gênero.
Transgênero ou “trans” são termos utilizados para reunir, numa única categoria, travesti e transexuais como sujeitos que realizam um trânsito entre um gênero e outro.
Gênero e identidade de gênero são conceitos que necessitam diferenciação. O conceito de gênero está ligado às características comportamentais, culturais, sociais e históricas do individuo. A identidade de gênero refere-se à maneira como alguém se sente e se apresenta para si e para os demais (homem ou mulher), independente do sexo biológico.
E quem somos nós para julgar?
Se a homossexualidade não deve ser julgada nem marginalizada por causa de serem o que são, mas integrada a sociedade, devemos viver num mundo onde o humano tenha mais valor do que esteriótipos. Haverá o tempo em que conviveremos como humanos e não como masculinos e femininos?
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