O VÍRUS DA VELHA REPÚBLICA
O PT no poder e o poder do PT tem o vírus da Velha República. E o continuísmo de Dilma fortaleceu esta infecção.
Dilma na continuidade do governo Lula não incorpora a imagem da “dilmandona” na política. Dilma com base frouxa e desideologizada, pede apoio ao seu governo em troca de ministérios. A máquina da Esplanada ainda carrega o vírus “porteira fechada” que é mortal para a administração pública e para a saúde política do País. A entrega de ministérios aos partidos é um vírus ainda com potencial para se transformar em fonte inesgotável de escândalos.
Como 2014 é um ano eleitoral a virulência e o apetite dos partidos em abocanhar espaços no governo sofre mais da febre de “encaminhamento” de agendas clientelistas/eleitorais e recursos.
Como papai Noel, Dilma tem viajado muito distribuindo presentes.
Sua reforma ministerial para o início do ano não deve apresentar grandes surpresas. Prevalecea lógica do “presidencialismo de coalizão”, ou seja, a representação no primeiro escalão de todos os partidos que fazem parte da base aliada. Dilma, entretanto, já deu mostras que desaprova a lógica dos “ministérios de porteira fechada”, herança de Lula, e que tem preferência por nomes que deem conta de “tocar a máquina”, obter resultados, nomes menos políticos e mais técnicos. Sabe, entretanto, que não há como fugir da equação do “governo de coalizão” e deverá montar um ministério que levará em conta também esse fator.
A base de sustentação política herdade de Lula por Dilma, herança do governo Lula é uma base que se move por interesses corporativos ou é refém de caciques.
A chegada do PT ao poder não rompeu com os vícios da Velha República. O PT e o governo Lula reproduziram os velhos métodos da política nacional ancorados no patrimonialismo e no clientelismo.
A necessária e indispensável manutenção da governabilidade já existia no conservadorismo dos sindicatos e no Lula sindicalista.
Foi o governo de coalizão de Lula que fez ressurgir no cenário nacional figuras que se julgavam superadas como José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Geddel Oliveira, Collor de Mello, entre outras. Tudo justificado pela governabilidade. Registre-se que a tese da governabilidade é um argumento conservador.
O PT fez, faz e fará o seu projeto de poder. Como todos no Brasil prefere manter o status quo no argumento da governabilidade.
A governabilidade que também mantém os mesmo problemas estruturais que permanecem deficitários, os investimentos na área da saúde e da educação. A questão social ainda é o maior desafio a ser enfrentado.
E continuamos a pagar a alta conta do inchaço de ministérios no governo Dilma. O número recorde de 39 ministérios gera um custo de R$ 58 bilhões.
A manutenção de tamanha estrutura e dos funcionários das atuais 39 pastas do governo Rousseff instaladas na Esplanada dos Ministérios e em outros prédios espalhados pela capital, custa ao custo de R$ 58,4 bilhões por ano aos cofres públicos, não melhorou, ou até mesmo piorou os serviços públicos prestados à população.
Esta é a verba de R$ 58,4 bilhões por ano prevista no Orçamento Geral da União de 2013 é mais que o dobro da que foi destinada ao maior programa social do governo, o Bolsa Família, que custará R$ 24,9 bilhões este ano.
E Dilma sancionou a lei que cria 6,8 mil cargos para o Poder Executivo.
A Lei nº 12.823 cria nada menos do que 6.818 novos cargos de acordo com a legislação publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (6/6).
Mais um inchaço do aparato estatal que sobrecarrega o contribuinte. Pode até ser uma medida eleitoreira na compra indireta de votos?
E quanto mais inchado o Estado, o governo de Dilma se torna mais ineficiente.
Dilma com o seu estilo gerencial, menos político, e arraigada a sua concepção desenvolvimentista nem sempre se sensibilizou pelas demandas apresentadas.
Longe de um PT de esquerda, a atuação de Dilma tem sido a mais ortodoxa possível.
Na área econômica, no mês de janeiro, ainda no começo do seu governo, o caráter ortodoxo do aumento da taxa de juros de 10,75% para 11,25%.
Nos três primeiros meses do seu governo e suas medidas na área econômica foram suficientes para uma forte polêmica sobre o caráter do seu governo: “Continuidade ou mudança”?
E prevalece a continuidade na base ideológica do desenvolvimentismo no crescimento econômico como um mantra.
Entretanto, as medidas na contramão do crescimento nas políticas contraditórias do desaceleramento da economia com medo do recrudescimento da inflação.
Ocorre o aumento tanto dos juros quanto da inflação e a frustração do poder de compra do contribuinte que gera diminuição do crescimento. No final o contribuinte vai gastar e pagar um custo muito maior. Assim o governo justificava suas medidas fiscalistas e a decisão de cortar na carne do contribuinte em prol do mercado financeiro. Nas suas medidas da inflação não inclui o valor dos juros cobrados como indicativo da inflação.
Assim se promove a falácia do equilíbrio de mercado, e os ganhos abusivos dos poucos detentores do poder econômico.
O que mantém Dilma? Os holofotes de Lula. O programa Bolsa Família com valor aumentado em seu governo.
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