AS TEIAS DA GLOBO
Em épocas de revolução é necessário fazermos a leitura do sistema. E na era da informação, a busca e interpretação dos dados contra os radicalismos e intencionalidades que dão significado mais profundo ao contexto. Com o instinto do bicho em alerta, uma segunda, terceira opinião é sempre importante, mas, não podemos perder o foco de que todos fazemos parte do sistema, sendo atuantes ou omissos.
Já faz mais de um mês que um documento publicado pelo blog Cafezinho explicitou uma sonegação particularmente selvagem da Globo. Com o expediente da utilização de um paraíso fiscal, as Ilhas Virgens britânicas. E o agravante na trapaça, uma operação de compra de direitos de transmissão da Copa de 2002, transformada em investimentos no exterior.
Em dinheiro de 2006, a Globo devia à Receita 615 milhões de reais. Isso é mais ou menos 1 bilhão, hoje.
Numa nota, a Globo afirmou ter pago, mas fontes da Receita contestaram isso. Desafiada a mostrar o recibo, a Globo se recolheu ao silêncio.
Nada. A mídia, numa atitude contra o interesse público e escandalosamente a favor da Globo, não faz nada.
Onde a combativa Folha, por exemplo, com seu marketing de não ter rabo preso?
E a Justiça? E o Procurador-Geral?
E o Ministro da Justiça?
E a presidenta da República?
De toda essa omissão, a vítima é a sociedade brasileira.
Manifestantes revoltados contra o fecalismo da Rede Globo, em alusão ao conteúdo despejado diuturnamente pela emissora nos corações e mentes da cidadania brasileira, guarneceram a sede da Globo em SP com fezes.
Durante as manifestações a Rede Globo foi acusada de ter apoiado a ditadura e ser contra os ideais e forças progressistas do país. O Globo manifestava o arrependimento da corporação pelo editorial de 2 de abril de 1964, de apoio ao golpe que derrubou Jango e instalou, por 21 anos, uma ditadura militar no país. Leia os dois textos
Ataque da revista Época e da família Marinho ao PMDB tem o objetivo de intimidar o partido para que ele não apoie a instalação de uma CPI que investigue a sonegação fiscal da Rede Globo
Na democracia sonhada por Ulisses Guimarães, a mídia jamais deveria estar nas mãos de meia dúzia de famílias comprometidas com o interesse das oligarquias do atraso, aliás, como hoje são as “Globos da vida.” Por isto a luta por uma mídia democrática.
O modelo de mídia brasileiro é um dos mais concentrados do mundo. Menos de 10 famílias controlam 70% dos veículos. Só a família Marinho, da Rede Globo, detém 38,7% do mercado, seguida pelo bispo Edir Macedo, maior acionista da TV Record, que possui 16,2% do mercado. Pesquisas apontam que, a cada um R$ 1 gasto em comunicação, R$ 0,45 vai apenas para uma emissora de comunicação.
Além da concentração de poder, de fala e de recursos, o problema também é geográfico. Das 33 redes de TV identificadas no País, 24 delas estão sediadas em São Paulo. O mundo de São Paulo é importante, mas este Brasil é imenso, sua cultura é imensa, e ele precisa se desenvolver como um todo. E existe também a alta concentração de emissoras em mãos de políticos. Pesquisas que apontam que 271 concessões de TV estão nas mãos dos políticos.
Ontem, sexta feira (09/08), o Deputado Federal Protógenes Queiroz afirmou que vai apresentar uma cópia do processo que apura denúncias de sonegação fiscal contra a Rede Globo, que é ré em um processo que exige o pagamento de R$ 615 milhões em impostos, juros e multa por suspeita de sonegação fiscal na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.
E as teias da Rede Globo vão além de sonegação atingindo o sistema financeiro, bancos como o BNDS e inquérito sigilosos protegidos pelo STF.
Globo Comunicações e Participações;
O mesmo padrão de empréstimo feito pelo Banco Rural ao Partido dos Trabalhadores foi feito com a “Globo Comunicações e Participações” – importante lembrar que os ministros do STF consideraram as operações entre o banco e o PT “atos fraudulentos de gestão”.
A situação se torna um ESCÂNDALO sem precedentes quando se descobre que a PGR/MPF e Joaquim Barbosa criaram um inquérito SIGILOSO no STF que tem o número inquérito 2474 e nele foi ocultado laudo da PF que inocenta petistas, principalmente na questão central da denúncia que é o “desvio” de recurso público do Banco do Brasil sem a realização de qualquer serviço publicitário e/ou de propaganda.
Mensalão e STF: Juiz sem juízo oculta CRIME da Rede Globo
Teria Joaquim Barbosa mentido e violado a lei? mensalão ou mentirão.
A situação se torna um ESCÂNDALO sem precedentes quando se descobre que a PGR/MPF e Joaquim Barbosa criaram um inquérito SIGILOSO no STF que tem o número 2474 e nele foi ocultado laudo da PF que inocenta petistas, principalmente na questão central da denúncia que é o “desvio” de recurso público do Banco do Brasil sem a realização de qualquer serviço publicitário e/ou de propaganda.
No caso do escândalo da própria Rede Globo, que envolve os proprietários (a família Marinho) em sonegação bilionária e crimes contra o sistema financeiro, nada é mencionado por Merval Pereira, colunista do GLOBO e comentarista da CBN e da Globo News.
Os blogs O Cafezinho e Tijolaço fizeram duas importantes postagens que auxiliam a compreensão sobre o lucro que a Rede Globo teve com o mensalão.O “lucro” da Rede Globo com o mensalão
No caso do escândalo da própria Rede Globo, que envolve os proprietários (a família Marinho) em sonegação bilionária e crimes contra o sistema financeiro, nada é mencionado por Merval.
O MENSALÃO QUE NINGUÉM CONHECE
Mensalão: Ministros do STF sentenciaram sem ter acesso a tudo
Barbosa não reponde perguntas sobre o inquérito 2474
Segundo Juliana Simão, em o bilhão da Globo, o BNDS o maior banco de fomento do país, BNDES, que tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país , anunciou na terça-feira 12 a operação de capitalização da Globocabo, principal empresa nacional de tevê por assinatura, que carrega uma dívida de R$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 514 milhões vencem já em 2002. A companhia terá um aporte de R$ 1 bilhão. Dos cofres do banco virão R$ 284 milhões.
Se a saúde financeira da Rede Globo não vai bem, a da família Marinho vai de vento em popa.
Segundo o blog do professor Paulo Roberto, os herdeiros do império das Organizações Globo não têm o que reclamar dos governos Lula e Dilma. Eles ganham e ganharam muita grana neste período. A oposição poder até ser interpretada como um teatro raivoso, mais por razões de classe e oposição oposição política que é fruto de uma ideologia de extrema direita, que abomina que as riquezas do Brasil sejam divididas de uma forma mais justa. A sobrevivência da Globo se sustenta no desconhecimento absoluto da população sobre o papel que este meio de comunicação vem desempenhando nos últimos 30 anos. A falta de consciência do povo de que ela está a serviço de uma minoria absoluta, se passando de forma enganosa, como um meio de comunicação que defende a nação e sua população.
Ministério Público abre apuração sobre suspeita de sonegação da Globo
Amaury Ribeiro Jr.: Globo usou doleiros para pagar direitos da Copa
Funcionária da Receita foi condenada por sumir com processo da Globopar
Rodrigo Vianna: Processo da Globo pode ter “bomba atômica”
Leia os documentos revelados pelo Cafezinho e o livro Afundação Roberto Marinho
Tijolaço: Globo admite que sonegou, mas pagou
Jamil Chade: TV brasileira envolvida no suborno a Teixeira e Havelange
Globo reafirma que pagou dívida à Receita; MP aguarda informações
Miguel do Rosário: Globo cobrada em R$ 615 milhões por sonegação
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LULA DESAFIA JOVENS MANIFESTANTES
Em reportagem da Folha, o ex-presidente Lula afirmou neste terça-feira (13) que o PT não precisa de formadores de opinião “ditando regra” ao partido e nem de “lições de outras pessoas. Em seu discurso no lançamento da campanha de Rui Falção, candidato à o presidência do partido desafiou os jovens que participam das manifestações a entrarem para a política e não ficar generalizando que todo político é ladrão. Como? Em seu enaltecimento à camisa vermelha do PT, Lula diz que não necessita de formadores de opiniões. Não está aberto a novas ideias e novas lideranças. Não mencionou o mensalão e todas as falcatruas do seu governo. Foge da sua responsabilidade diante do fato. Não vimos até agora nenhum tipo de punição do partido aos seus erros. E, Rui Falcão não cogitou a prisão de condenados no mensalão.
“Nós petistas conquistamos de andar de cabeça erguida nesse país, de ter orgulho da nossa camisa vermelha, da nossa estrela. E quando alguém nosso errar, nós mesmos punimos. Nós não precisamos que os outros venham dar lições na gente. Não precisamos que formadores de opinião pública fique ditando regra daquilo que a gente sabe fazer e muito bem”, disse o ex-presidente.
Seu discurso, um destempero diante do entendimento dos jovens que em sua história como político, Lula não conseguiu ficar fora da contaminação na política em seu sistema atual, da qual os velhos políticos fazem parte. Em prol do poder e da “governabilidade” também compraram e se venderam a corrupção. Os jovens militantes podem sim entrar para a política, e fazer política não é necessariamente fazer parte de partidos. Partidos fechados a mudança. Contrários a renovação do sistema. Enroladores da reforma que a política necessita fazendo-se de desentendidos ao clamor das ruas .
“Quando cidadão diz que não gosta de política, ninguém presta, todo mundo é ladrão, pergunta em que ele votou na última eleição. E se ele continuar falando que não gosta de política, que não acredita, que a imprensa passa 24 horas por dia esculhambando com político… Eu fico puto quando político não reage.
O cidadão votou no PT, na candidata do Lula, e agora diante das novas eleições ele poderá optar pelo continuísmo ou não.
Se Lula quer provocar os jovens que foram às ruas reclamar que nenhum partido ou político atual lhes representa , ele está certo ao dizer que a nova cara de uma política descente, honesta, combativa dever ser criada por esta nova geração que não tem a história do Lula como exemplo. Que esta nova política realmente esteja nos jovens.
“Eles ficam xingando a classe política, dizendo que não gosta de político, mandem eles entrar. Manda criar um partido político, se candidatar. Porque um político decente, honesto, combativo está nele, não em mim. Manda ele entrar na política. É fazendo esse desafio que a gente vai provocar essa juventude a fazer política. Não é aceitando que eles estão certos pura e simplesmente não”.
Em sua ponderação de que os protestos que tomaram conta das ruas em junho não atacou o PT e ele pessoalmente, está cego diante do fato de que o PT, como governo atual, e o Lula como representante do PT também fazem parte deste sistema que as manifestações são contra.
“Qual é a placa que o povo levantou na rua ofensiva a nós? Qual a placa que ele levantou que nós já não levantamos algum dia? Só faltou a placa do Fora FMI!”.
Durante o discurso, Lula afirmou ainda que o PT não pode ter medo.
“Não temos medo de disputar com nenhum partido em lugar nenhum do país. Podemos não ter feito tudo, mas que fizemos mais que todos eles juntos, fizemos”.
Não é necessário ter medo e nem fomentar o medo e a culpa como Lula em seu discurso. É necessário que os políticos e os partidos tenham responsabilidade diante do fato de que a população está cansada de todo dia ser agredida com a violência dos políticos e dos partidos diante de tanta corrupção, não atendendo as demandas básicas de segurança, saúde e educação. Temos que pensar na herança política, moral, financeira que estamos deixando para os nossos jovens.
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BLACK BLOC
Black bloc é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista na qual
grupos mascarados e vestidos de negro se reúnem com objetivo de protestar em manifestações anti-globalização e/ou anti-capitalistas entre outras ocasiões.
O nome black bloc vem da estratégia do uso de roupas e máscaras negras usadas para dificultar ou mesmo impedir qualquer tipo de identificação pelas autoridades, também com a finalidade de parecer uma única massa imensa, promovendo solidariedade entre seus participantes.
A propaganda pela ação, a destruição da propriedade para trazer a atenção e questionar o sistema vigente, contra as corporações multinacionais e os apoios e vantagens recebidas dos governos ocidentais por essas companhias.
O governador Sérgio Cabral (PMDB), culpou os black bloc pela confusão ocorrida no Rio nesta terça-feira (13) lhes atribuindo aos grupos a tática anarquistas que tentam coagir a democracia.
Entenda o Ativismo Black Bloc:
Surgido na Alemanha na década de 1970, apesar de não ser um movimento de organização única, possuem seguidores em diversos países.
Segundo a Folha de São Paulo, são geralmente associados à violência e depredação, e sua ideologia se baseia no questionamento da “ordem vigente”. Em suas manifestações contra o capitalismo e a globalização, suas ações promovem dano material a fachadas de empresas multinacionais e vidraças de bancos.
Na maioria das vezes acabam, entrando em confronto com a polícia.
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ÍNDIOS E FAVELAS
“Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU?” Salil Shetty
Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional, em entrevista a BBC Brasil, fala sobre a onda de manifestações que balançou o país, as favelas do Rio e sua semelhança com a situação dos povos indígenas do Brasil. Os movimento tem legitimidade por se tratar de direitos humanos, sejam eles de ordem econômica, sociais, civis ou políticos.
O conceito básico quando se trata de direitos humanos é a questão do poder. As pessoas que estão no poder necessitam prestar contas diante das pessoas comuns. No Brasil como em muitas democracias, os líderes tem o péssimo hábito de presumir que na legitimidade da sua eleição, após obterem o poder só precisam prestas contas nas eleições seguintes.
A prestação de contas diante do poder deve ser uma constante diante da sociedade que delegou este poder.
Como as pessoas não estão mais apáticas, e esta é uma forma do povo cobrar dos governantes, elas querem o cumprimento das promessas, exigindo os seus direitos. O processo eleitoral deve ser o primeiro passo e não o último.
Frente as manifestações, a resposta do estado foi de repressão, uma herança da ditadura em termos do comportamento da polícia, que gerou muitas críticas, denúncias de abuso de poder e prisões arbitrárias. A própria Anistia se pronunciou sobre o uso excessivo da forma e de armas não-letais.
Foi a primeira vez que a classe média experimentou a brutalidade da polícia. Os moradores de favelas tem esta experiência como rotineiras, assim como os povos indígenas. Para o cidadão brasileiro médio foi um grande despertar sobre como a polícia atua.
A polícia necessita de mudança, de uma reforma profunda. O Brasil possui um dos maiores índices de homicídios violentos no mundo, sendo uma proporção significativa, cerca de 20% dos homicídios cometidos pela polícia. É necessário um policiamento que ajude as pessoas e não as prejudique. Uma força policial unificada com bancos de dados e informações unificadas, um treinamento mais sério para o policiamento comunitário. As melhores polícias do mundo não utilizam armas. Antes da ação repressora e violenta o policial deve servir como orientador e educador, protegendo o cidadão.
“A questão central é a impunidade. Nós visitamos o Complexo da Maré, onde 10 pessoas foram mortas, inclusive um policial (durante operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Bope, em junho). Tivemos o desaparecimento de Amarildo na Rocinha (o pedreiro que sumiu depois de ser levado para a Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP, da favela, em 14 de julho).
A Anistia vem levantando esses problemas há muito tempo, e agora eles se tornaram mais visíveis para a mídia e para a classe média por causa dos protestos e do uso excessivo da força.”
Apesar do estado ter que agir para conter o vandalismo e a depredação do patrimônio público, não se pode usar isto como justificativa para ações desproporcionais, justificando ataques a estudantes e pessoas comuns que estão protestando de forma pacífica.
Ao referir-se à operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no complexo da Maré, onde a ação terminou com dez mortos durante a Copa das Confederações, Shetty diz que a paz trazida por estes policiais gera medo nos moradores. A campanha feita junto aos moradores foi trazer o conhecimento dos seus direitos para que eles saibam como agir se a polícia entrar em suas casas chutando a porta no meio da noite. O problema do combate à impunidade policial é que o sistema de investigação é conduzido pela própria polícia. As pessoas não reclamam porque tem medo. Se reclamam não há investigação, e mesmo havendo investigação, nada acontece. A recomendação foi pela criação de um mecanismo independente de fiscalização de denuncias relacionadas à impunidade policial com o poder investigativo da participação civil.
O desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, um caso emblemático que aconteceu em uma favela pacificada mobilizou as pessoas em protestos até fora do Rio é um exemplo. Neste caso a mídia se tornou mais consciente e deu visibilidade ao caso.
“Conversamos com uma sobrinha do Amarildo, a Michele, e ela falou que ele tem seis filhos e que as crianças estão perguntando onde está o seu pai. Ele saiu para comprar limão para preparar um peixe e nunca mais voltou. É uma história dramática que aumentou a compreensão do problema após os protestos, ainda mais com a UPP lá.”
O governo ao sediar Copa do Mundo e a Olimpíada, tem que ver que grande parte da população do Rio nas favelas vivem com muito medo, intimidação e incertezas que não são compatíveis com grandes eventos.
“Os protestos que vimos não tiveram muita participação das pessoas das favelas e giravam em torno da Copa das Confederações. Você pode imaginar o que pode acontecer durante a Copa do Mundo.”
Houve manifestações durante a Copa das Confederações denunciando a violação de direitos humanos no contexto da Copa do Mundo falando sobre remoções forçadas, questionando-se as prioridades dos investimentos.
Existe a necessidade do diálogo jundo as comunidades para as suas necessidades, sendo esta uma responsabilidade do governo federal. Sendo signatário de diversos tratados internacionais de direitos humanos, remoções forçadas relacionadas à infraestrutura para eventos como está sendo para as Olimpíadas ferem estes tratados.
Neste aspecto de violação das diretrizes da ONU, o olhar tanto para a polícia, para as favelas é semelhante nas comunidades indígenas.
Justiça atrasada é justiça negada.
O que eu vi nas favelas e nas comunidades indígenas é muito semelhante – “ambas são espécies de “zonas francas” de direitos humanos. É como se essas pessoas não estivessem no Brasil. Lá valem regras diferentes. Elas vivem em zonas de guerra, e todos os direitos humanos estão suspensos.”
“Há 25 anos, o Brasil assegurou que os povos indígenas teriam direito a suas terras tradicionais demarcadas. Agora, 25 anos depois, os Guarani-Kaiowá, os Terena, as outras etnias que encontramos, as comunidades estão perdendo a paciência. Nas favelas também. Em inglês temos um ditado: justiça atrasada é justiça negada. (“Justice delayed is justice denied”)
Tentamos transmitir um sentido de urgência aos ministros. Tudo bem, são questões complexas e o Brasil tem um sistema burocrático. Mas por quanto tempo vocês vão continuar dizendo isso?
Nós visitamos comunidades que foram removidas de suas terras e estão vivendo à beira da estrada. Foi uma visão chocante. Algumas centenas de pessoas vivendo ali, com acampamentos dos dois lados da estrada, muitos casos de crianças mortas por atropelamento. Depois visitamos seus locais de sepultamento. Indígenas mortos por barões de açúcar ou mafiosos.
É uma luta muito desigual, porque os homens (capangas) chegam com armas e carros e eles estão ali à beira da estrada sem proteção nenhuma. A consequência do adiamento da demarcação das terras é que as comunidades indígenas estão sofrendo com violência, intimidação e remoções forçadas.
Falei para os ministros que essa estratégia é de muito alto risco. Continuam pedindo a eles para esperarem, mas eles chegaram a um ponto em que estão prestes a ocupar as terras. E se eles ocuparem as terras, você pode imaginar as consequências.
O Brasil é um país moderno, democrático, com uma sociedade relativamente abastada, está se tornando uma potência mundial. Os direitos humanos básicos têm que estar assegurados.
O Brasil quer ter uma cadeira no Conselho de Segurança (da ONU). É uma reivindicação legítima. Mas se você não tem segurança em uma favela, como vai querer ter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU? Tem que haver uma correlação entre os dois. Você tem que proteger os seus cidadãos, e isso tem que ser feito de forma consistente.
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