FOME ZERO
Os políticos brasileiros definitivamente não se emendam. Na esteira de denúncia de que o presidente do Senado, Renan Calheiros iria gastar R$98 mil com “alimentação” para a residência oficial, simplesmente vazou agora para a imprensa mais uma paulada no lombo dos brasileiros. Como para justificar os gastos absurdos de Renan, descobre-se agora que o presidente anterior, José Sarney, gastou R$ 240 mil em um ano de “compras”. Eles guardam no mesmo bolso os dinheiros público e privado. E como o público é muito mais volumoso, gasta-se muito mais ou apenas dele. Sem dó ou piedade.
Só uma nação em decomposição moral e sem rumo político aceita, sem um protesto concreto, a notícia de que, no ano passado, o Senado gastou R$ 290 mil só para abastecer a cozinha da residência oficial de seu então presidente, José Sarney, diz o jornalista Jorge Serão. Para ele, a comilança política com dinheiro público fica ainda mais vergonhosa porque o imortal nem ocupava totalmente a mansão, já que tem casa própria em Brasília.
O caso Sarney, que passou em branco, transforma em “peixe-pequeno” a denúncia de superfaturamento na compra de comida para o atual presidente da Casa, Renan Calheiros. Uma licitação preparada pela Diretoria Geral do Senado, que acabou anulada, previa gastar R$ 98 mil, em seis meses, para abastecer a cozinha. Quem dera que a comilança da politicalha, a partir da Ilha da Fantasia, se resumisse a gastos supérfluos com a “alimentação oficial”.
Além de arroz e feijão, seriam comprados 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes, sendo 100 quilos de filé mignon. Mais especificamente, material para super-churrascadas: 50 quilos de picanha, 54 quilos de linguiça, 50 quilos de carvão, 160 quilos de pão francês, além de 20 quilos de salmão e 55 quilos de queijos variados.
Agora, depois que o assunto ganhou divulgação, o falso moralismo da politicagem tupiniquim decreta que a licitação está anulada. A Assessoria de Renan Calheiros tomou a medida saneadora de divulgar ontem que a nova compra vai ser redimensionada para eliminar itens superfaturados e supérfluos. Também vai haver corte na quantidade de camarão e outros itens. A ideia é cortar mais da metade do custo antes previsto e adequar as quantidades apenas para o presidente e sua esposa. Os servidores não mais farão suas refeições no local, porque recebem ticket alimentação.
Mais tocante do episódio foi receber a informação, oficialmente, que Renan Calheiros, sem comida de fino trato na residência oficial da Presidência do Senado, agora se vê obrigado a almoçar, como um simples mortal, no restaurante do Senado. E, mais grave ainda, o coitado estaria pagando, do próprio bolso, pelas refeições. Ainda bem que um dos maiores comandantes do PMDB não está passando fome… Resta um consolo a Renan. Já que não tem comida em casa, pode comer fora livremente…
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GOVERNO DIFICULTA A CRIAÇÃO DE PARTIDOS
Cada vez mais fica evidente, apesar do discurso da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que o governo tem “todo o respeito por todos os candidatos”. a tentativa do PT e do PMDB de barrar a criação do partido da pré-candidata à presidência da República, Marina Silva.
Orientados pelo Governo Federal, partidos aliados a presidente Dilma Rousseff (PT) tentam aprovar um projeto que dificulta o caminho de novos partidos, principalmente os que podem ser concorrentes do PT e PMDB em 2014.
O vice-presidente Michel Temer já tinha afirmado em entrevista ao jornal Estado de São Paulo que o Brasil tem um número excessivo de partidos políticos e que a legalização de dois novos partidos – o PROS e o Solidariedade – pelo Tribunal Superior Eleitoral nesta semana é “politicamente inadequada”. e inútil para o país. Ele tem sido muito útil em sua ligação com o governo.
O projeto do deputado federal Edinho Araújo, do PMDB de São Paulo, impede a transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do fundo partidário relativos aos deputados que mudam de partido durante a legislatura. Hoje, deputados podem mudar de partido para integrar novas siglas, levando o tempo de televisão e fundo partidário.
Para Reinaldo, o projeto é um casuísmo da presidência, que deu oportunidade para a criação do PSD e agora quer deter Marina e a Rede Sustentabilidade.
O texto chegou a ter a tramitação suspensa em abril, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu liminar em mandado de segurança de autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), mas em junho a maioria dos ministros votou contra a liminar e liberou a tramitação do projeto.
“Acho que o quadro partidário já extrapolou qualquer expectativa e é muito importante que, do ponto de vista do Congresso, possamos dar um basta. Então, vamos retomar a tramitação daquele projeto para não continuar estimulando a criação de partidos políticos. Temos uma medida provisória trancando a pauta, mas vamos conversar com os líderes para em seguida apreciarmos esse projeto de lei, que é importante para estancar a pulverização partidária”, disse Renan.
O presidente do Senado avalia que a grande quantidade de partidos no Brasil enfraquece o processo político. “Quanto mais partidos você tiver, menos identificação programática, característica partidária, menos a sociedade tem os partidos como referência. Então, acho que é preciso dar um basta nisso, desestimulando definitivamente a criação de partidos”, disse
Em tese, a esculhambação só poder ser deles, ninguém mais tem o direito.
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MINHA CASA MINHA VIDA DE RENAN CALHEIROS
Renan Calheiros compra casa de R$ 2 milhões
- Imóvel custa no mercado ao menos 50% mais do que o registrado na escritura do negócio
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comprou de um empreiteiro casa na área mais nobre de Brasília por R$ 2 milhões, há três meses. Metade do pagamento foi acertada por meio de um contrato particular firmado com o empresário. O imóvel custa no mercado ao menos 50% mais do que o registrado na escritura do negócio, segundo corretores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Renan afirma ter fechado com o empreiteiro um contrato paralelo, que prevê o pagamento de R$ 240 mil à vista, como sinal, e de mais R$ 760 mil diluídos em cinco parcelas semestrais de R$ 152 mil cada uma. Em 2010, Renan declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patrimônio de R$ 2,1 milhões, composto por um apartamento e uma casa em Alagoas, uma caminhonete e quotas da Sociedade Agropecuária Alagoas, que pertence à sua família. O saldo em contas correntes, à época, não passava de R$ 3,3 mil.
Agora, para fazer o negócio, o senador informou à Caixa Econômica Federal, que financia o R$ 1 milhão restante do valor do imóvel, ter renda mensal bruta de R$ 51.723 – o salário de senador é de R$ 26,5 mil. Questionado sobre como pagará as prestações semestrais de R$ 152 mil ao empreiteiro, além das parcelas devidas ao banco, ele alegou que a renda informada, fonte dos recursos para a compra, é proveniente de atividades “pública e privada”. Renan não vendeu nenhum dos imóveis que já possuía para adquirir a casa.
Além do “contrato particular” com o empreiteiro, o negócio envolve financiamento de 22 anos com a Caixa. A prestação inicial, apenas a devida ao banco, é de R$ 13.299, 62% da remuneração líquida no Senado.
Espaço – Com 404 metros de área construída, a nova morada dos Calheiros fica em quadra do Lago Sul, vizinha a embaixadas e à residência oficial do Senado, que Renan ocupa desde que ascendeu à presidência da Casa no início do ano. Tem duas salas, quatro quartos, três banheiros sociais, dois quartos de serviço e área descoberta com piscina. Segundo três imobiliárias da região, não sairia por menos de R$ 3 milhões – só o lote, de 700 metros quadrados, está avaliado em R$ 2 milhões.
A compra foi fechada com o empresário Hugo Soares Júnior, construtor de Brasília, numa transação cujos detalhes não são descritos integralmente na escritura de compra e venda, registrada em maio no cartório.
A casa vendida a Renan por R$ 2 milhões foi comprada pelo empresário por R$ 1,8 milhão, em janeiro de 2010, de um casal de economistas. Passados três anos e quatro meses, em que houve intensa valorização imobiliária em Brasília, ele fechou o negócio, portanto, por R$ 200 mil a mais, diluindo parte do montante em parcelas que levarão dois anos e meio para serem quitadas. Soares é conhecido em Brasília por comprar e reformar imóveis, revendendo-os depois a preços maiores.
Além de Renan, consta como compradora da casa a mulher do senador, Maria Verônica Rodrigues Calheiros. Para obter o financiamento na Caixa, ela não apresentou renda própria.A casa no Lago Sul é ocupada pelos filhos do peemedebista, Rodolfo e Rodrigo Calheiros, este último funcionário comissionado na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), controlada pelo PMDB.
Dinheiro vivo – A compra do imóvel é mais um capítulo recente, envolvendo quantias vultosas, da vida empresarial de Renan. Como o Estado mostrou em março, o senador e sua família injetaram R$ 300 mil em dinheiro vivo numa empresa imobiliária que funcionou por apenas um ano. A Tarumã Empreendimentos Imobiliários foi aberta após as eleições, em fevereiro de 2011, por Renan, Rodolfo e Rodrigo com a missão de “administrar a compra e venda de imóveis próprios e de terceiros”.
Renan e os filhos colocaram R$ 10 mil no negócio. Cinco meses depois, ele se retira da sociedade, dando lugar à mulher, Verônica, que aportou R$ 290 mil “em moeda corrente nacional”. Ela é sócia do marido em outros negócios, como a Agropecuária Alagoas. Após a operação, a empresa fechou. Desde janeiro de 2012, a Tarumã consta como extinta nos registros da Receita.
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