RELIGIÃO E SEXUALIDADE
A visão ética da religião tradicional em relação a sexualidade não mudou. A única forma correta admitida pela igreja é a heterossexualidade. Todas as outras formas de manifestação da sexualidade são considerados desvios, pecados, possessão de espíritos malignos. Qualquer outra forma de manifestação da sexualidade que não seja a heterossexualidade também é visto sob o prisma moral da igreja como imoralidade e do desvio de caráter. E na mesma visão ética da igreja aplicada a ciência, ou a ciência fundamentada sob a perspectiva da ética da religião qualquer manifestação da sexualidade não sendo de construção heteronormativa é considerada uma doença, perversão ou desvio de personalidade.
Possíveis Curas:
. Em relação a possessão por qualquer espírito não hétero – exorcismo que subtende-se cura imediata.
. Em relação ao pecado da não heterossexualidade – arrependimento e busca de santidade. Não quer dizer que a pessoa será um hétero, mas terá que usar do arrependimento e da busca de santidade como algo constante até a morte física para finalmente adquirir a total libertação. Concepção de paraíso, livre da sexualidade não hétero normativa. Pode ser traduzido como abstinência sexual ou como na igreja, celibato. A sexualidade como um espinho na carne na visão paulina. O sofrimento como abnegação e glória do ego.
. Em relação a doença, perversão ou desvio de personalidade da ciência sob o comando ético da igreja – um psicanalista com direito ao receituário, antidepressivos, ansiolíticos, e qualquer medicamento que diminua a libido. Psicólogos com terapias que alterem o comportamento sexual desviante da ética hétero normativa. Ambas as terapias são crônicas por se tratar ainda de uma doença crônica.
Em todos os tratamentos os efeitos colaterais são dependência crônica.
Repensando Religião e Sexualidade
Apesar de algumas divergências entre católicos e protestantes,ambos compartilham a sexualidade de forma reproduzir o conceito de família hétero tradicional reprodutiva.
E em pleno momento de muitas mudanças na cultura social em relação a sexualidade, a visão do Cristianismo continua a mesma em relação a sexualidade humana, pautada em alguns textos que acreditam ser a base de uma ética comportamental não refletindo mais os padrões psicológicos, sociais, científicos do nosso tempo.
Esta é a causa de muito sofrimento para muitos que dão crédito a esta concepção decorrente do assédio religioso e da visão condicionada da família tradicional reprodutiva.
Para reconhecermos a dimensão deste sofrimento humano que ao longo da nossa história da sexualidade e a religião envolveu questões como: a obrigatoriedade do celibato dos padres (inexistente até ao século XI) e freiras, a condenação da contracepção dita artificial, da homossexualidade, da masturbação, das relações sexuais pré-matrimoniais, do recasamento dos divorciados são, só por si, motivo mais que suficiente para séria e madura reflexão.
Dentro de uma análise dialética entendo que a sociedade é produto do homem e o homem é produto da sociedade, a religião faz parte da sociedade, ela é uma construção do homem que vive em sociedade.
Este processo dialético envolve o homem a sociedade e a religião, cada um exercendo seu papel, porém, interligados entre si e contribuindo para as legitimações sócio-culturais.
Enquanto o mundo dos animais é fechado em termos de possibilidades, pois cada espécie vive no seu ambiente especifico, o homem vive em um mundo aberto, um mundo que ele deve modelar.
Ao colocarmos qualquer conceito como algo fechado, como fazem todos aqueles que acreditam no fim da manifestação de Deus como um plano definido, destruímos todas as outras possibilidades de fenômenos no mundo.
Para o homem que busca a tranquilidade da certeza em uma fé fechada a crença fechada em Deus, além de determinar um Deus absolutista, destrói toda possibilidade de manifestações do divino em outras instâncias da vida.
Toda religião nada mais é que o construto do pensamento humano de forma a ter algo que o proteja daquilo que acredita ser misterioso ou temeroso. Do medo de sair do conhecido para o desconhecido.
O homem já atribuiu tantas coisas como sagradas, desde objetos de poder com status de sagrados, crenças em sacrifícios, comportamentos regulatórios no que tange a vida em sociedade. E a sexualidade por ser um dos comportamentos mais regulatórios e instintivos do animal humano não ficaria distante do sagrado na construção dos mitos.
A tendência natural é achar que as coisas são do jeito que sempre foram em todos os lugares e tempos. A sociedade se caracteriza pelas suas constantes mudanças. O modelo ocidental de família vem sofrendo profundas mudanças há alguns séculos, percebemos que: “O exercício da sexualidade também está se dissociando mais e mais das esferas da conjugalidade e da reprodução, em decorrência do desenvolvimento cientifico-tecnológico e da diminuição da influência religiosa, particularmente católica, no imaginário social dominante no Ocidente.” (MELLO, 2005,p.31)
As representações sociais relativas à família não devem ser pautadas em apenas um modelo. A forma como as pessoas se organizam já não é a mesma que na Idade Média.
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CÓPIA OU PLÁGIO, IMAGEM E SEMELHANÇA
Do que somos cópia? O que copiamos?
A cópia é uma questão de DNA. Ninguém acusa o DNA de plágio. O julgamento vem quando o DNA não é uma cópia perfeita.
O copiar e colar é uma ferramenta moderna. A cópia é algo tão intrínseco que copiamos até as idiossincrasias sintomáticas da individualização do eu. O eu no seu sentimento de estado perfeito, de não cópia, não tem a percepção, a propriocepção que ele é construído a partir da matéria prima de toda a memória histórica da humanidade.O eu é a cópia da humanidade em todas as suas idiossincrasias humanas.
Copiar e colar é moderno e o ato mais antigo. Na natureza copia-se, e o universo é uma cópia de si mesmo.
O pensamento socrático de um mundo superior com uma cópia inferior.
Um pensamento cristão pois somos imagem e semelhança de Deus.
Copiar é parte da estrutura do pensamento humano como forma de ver o mundo.
E o que temos copiados nos tornando cópias? Como temos copiado?
Copiar apresenta uma outra realidade humana que determina o funcionamento do seu pensamento. O estado de comparar. Você já se comparou hoje?
E nossa Ciência é comparativa. E a comparação gera o sofrimento.
E hoje o homem começa a perceber que todas as suas comparações ou foram com base na sua imagem num espelho.
E a imagem e semelhança dos Deuses no qual ele depositou a sua crença era uma falsa imagem de uma realidade inventada, criada.
A Ciência cria tanto quanto a Religião. A errônea imagem de mundos separados.
O que tem embaixo tem em cima. O observador é o observado.
E como diz Schopenhauer, a natureza copia mas não se contrista.
Quando se sentires mais ou menos diante de todas as vidas existentes da qual você é uma cópia, observe o que você está copiando. Depois acuse de plágio.
Teremos o sentimento de Salomão que não há nada de novo debaixo do sol.
As novidades são velhas?
O mundo como representação da nossa vontade é velho? Seria este o segredo da tristeza da suposta tristeza Schopenhauer?
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TEREZA BRANT
A história de Tereza foi contada em reportagem da revista Época
Foto: Reprodução
Uma jovem de classe média de Belo Horizonte faz sucesso na internet usando roupa e corte de cabelo masculinos. A cada imagem compartilhada por Tereza Brant, milhares de curtidas, muitas de adolescentes encantadas. “Mesmo sendo uma mulher heterossexual, você é o macho que eu quero”, comenta uma.
A história de Tereza foi contada em reportagem da revista Época. Tereza tem milhares de seguidores no Instagram e no Facebook, onde existe uma página de fã-clube para a jovem. Ela diz que não gosta de nada fácil. “Não vim ao mundo para explicar, mas para confundir”, afirma. “Sinto-me bem assim e não vou deixar de ser eu mesma”.
Segundo Tereza, ela chega a ser parada na rua, reconhecida por pessoas que a acompanham na internet. Ela conta que começou a fazer tratamento com hormônios masculinos para ficar mais forte, há cerca de 9 meses. Ela garante que não quer mudar de nome nem se tornar homem, apenas na imagem que cultiva.
“Costumava namorar meninos, mas faltava alguma coisa. Quando cortei o cabelo e meu vi no espelho, adorei, mas parecia que tinha parado no tempo e queria também ver mudanças, externar o que eu sentia de dentro para fora. Foi aí que comecei o tratamento. Me dou muito bem sendo menino e expondo isso. Já mudei bastante, os músculos cresceram, a voz engrossou, só estou odiando os pelos crescendo por toda a parte. É uma coisa horrorosa”, explica.
A única cirurgia que Tereza tem em mente é nos seios. “depois que comecei o tratamento viraram uma muxiba da vovó, mas ainda não sei quando. Quando a pessoa me vê sem camisa, ela fica literalmente confusa e quando descobre que sou mulher, só piora”, conta.
Tereza é filha única e conta com apoio dos pais, conta. Ela prefere não definir sua sexualidade. “Até os 16 ficava com meninos, mas depois que cortei o cabelo passei a ficar com meninas. O que importa é o ser humano. Se dá para aprender com os dois, porque escolher um só?”, questiona.
A jovem conta que recebe cantadas de gays, heteros e bissexuais, mas a maior parte vem mesmo de meninas novas, a partir dos 13 anos. Ela diz que não costuma se passar por homem, só de brincadeira, e que se apresenta sempre com seu nome de mulher. Ela trabalha divulgando festas de música eletrônica em Belo Horizonte, sonha em estudar medicina, atuar e cantar.
Tereza faz sucesso com estilo de vida alternativo (Foto: Época)
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POSSIBILIDADES DE AMORES
“O Homem é a única espécie biológica que destruiu a sua própria função sexual natural,e está doente em função disso.” Wilhelm Reich
Wilhelm Reich (1953) questionou o casamento monogâmico como única alternativa de relação familiar. No discurso em defesa da monogamia, grupos mostravam-se apenas interessados na manutenção da ordem social-política-econômica como forma impositiva de uma moral sexual única. Esta forma impositiva, e não propriamente a monogamia era geradora do desenvolvimento de neuroses, fadando o homem ao sofrimento.
Reich acreditava que a moral sexual-econômica de hoje antecipava a moral do futuro. Não somos uma ilha. Podemos ter pontos de vista diferente vivendo como parte de um processo gerador do desenvolvimento da sociedade. Pontos de vista ocorrendo de maneira completamente independente da vontade dos indivíduos, dos slogans religiosos e dos partidos.
Na família compulsória caracterizada por pai, mãe e filhos é onde comumente estabelece a atmosfera ideológica do conservadorismo, sendo não uma base natural, mas o alicerce da estrutura econômica social vigente. Nela se origina todo tipo de problemas relativos a sexualidade, a educação sexualmente negativa recebida desde a infância. A saúde de uma sociedade é equivalente a sua diversidade cultural e de suas manifestações morais.
O poliamor não é uma cultura nova. Este arranjo familiar é visto na história cultural da humanidade em sociedades que adotavam a poligamia e outras a poliandria.
O Poliamor
O poliamor é um movimento que surgiu na década de oitenta nos Estados Unidos, com sua primeira conferência internacional sendo realizada em 2005, em Hamburgo – Alemanha.
Ao contrário da monogamia romântica, tal movimento acredita que é mais feliz, saudável e natural que as pessoas amem e sejam amadas por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Diferentemente do amor livre, este tipo de relacionamento dá mais ênfase à amizade e ao companheirismo, e não somente ou necessariamente ao sexo; não incitando relações promíscuas. Assim, defendem a possibilidade de envolvimentos responsáveis, profundos e até mesmo duradouros com dois ou mais parceiros, simultaneamente.
Poliamor é frequentemente descrito como consensual, ético, responsável e não-monogâmico. A palavra é por vezes utilizado num sentido mais amplo para se referir a relações sexuais ou romântico que não incluem apenas sexo, embora haja discordância sobre quão amplamente se aplica; a ênfase na ética, honestidade e transparência como um todo é amplamente considerada por seus defensores como crucial para definir sua característica.
Em outras palavras, o poliamor como opção ou modo de vida, defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente.
O Poliamor como movimento é mais visível e organizado principalmente nos Estados Unidos, acompanhado de perto por movimentos na Alemanha e Reino Unido. No Brasil, já há até jurisprudência reconhecendo relações poliamorosas , sendo uma das principais estudiosas do assunto no país, a Dra Regina Navarro.
Recentemente, a imprensa em geral tem feito a cobertura quer do movimento poliamor em si, quer dos episódios que lhe estão ligados.
Em Novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor (International Conference on Polyamory & Mono-Normativity) em Hamburgo, Alemanha.
A palavra em si já foi inventada várias vezes, a maior parte das quais sob a forma de adjectivo (inclusivamente utilizado para referir Henrique VIII, Rei da Inglaterra). Existe publicada em Português uma breve história sobre a palavra.
Poliamor na Prática
Existem várias maneiras de o pôr em prática, consoante às preferências dos interessados, e necessariamente deve envolver o consentimento e a confiança mútua de todas as partes envolvidas.
Polifidelidade: envolve múltiplas relações românticas com contacto sexual restrito a parceiros específicos do grupo.
Sub-relacionamentos: distinguem-se entre relações “primárias” e “secundárias” (um exemplo é a maioria dos casamentos abertos)
Poligamia (poliginia e poliandria): uma pessoa casa com diversas pessoas (estas podem ou não estarem casadas ou terem relações românticas entre elas).
Relações em Grupo/casamento em grupo: todos se consideram associados de forma igualitária.
Popularizado até certo ponto por Robert A. Heinlein, em romances como: Stranger in a Strange Land e The Moon Is a Harsh Mistress, Starhawk nos seus livros The Fifth Sacred Thing e Walking to Mercury.
Redes de relacionamentos interconectados: uma pessoa em particular pode ter relações de diversas naturezas com diversas pessoas.
Relações Mono/Poli: um parceiro é monogâmico, mas permite que o outro tenha relações exteriores. Os chamados “acordos geométricos”, que são descritos de acordo com o número de pessoas envolvidas e pelas suas ligações.
Exemplos incluem “trios” e “quadras”, assim como as geometrias “V” e “N”. O elemento comum de uma relação V é algumas vezes referido como “pivô” ou “charneira”, e os parceiros ligados indirectamente são referidos como os “braços”. Os parceiros-braço estão ligados de forma mais clara com o parceiro pivô do que entre si. Situação contrastante com o “triângulo”, em que todos os 3 parceiros estão ligados de forma equitativa. Um trio pode ser um “V” , um triângulo, ou um “T” (um casal com uma relação estreita entre si e uma relação mais ténue com o terceiro). A geometria da relação pode variar ao longo do tempo.
Algumas pessoas em relações sexuais e/ou emocionais exclusivas podem, mesmo assim, auto-intitularem-se poliamorosas, se tiverem laços emocionais relevantes com outras pessoas. Adicionalmente, pessoas que se descrevem como poliamorosas podem entrar em relações monogâmicas com um determinado parceiro, quer por terem negociado a situação, quer por se sentirem bem com a situação monogâmica com aquele parceiro em particular.
Alguns praticantes do poliamor são adeptos do swing.
A expressão relacionamento aberto indica uma relação afetiva estável (usualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para terem outros parceiros. Se o casal que escolhe esta alternativa é casado, fala-se em casamento aberto. “Relação aberta” e “poliamor” não são sinónimos. Em termos genéricos, “aberto” refere-se a uma não exclusividade sexual no relacionamento, enquanto o poliamor envolve a extensão desta não exclusividade para o campo afetivo ao permitir que se criem laços emocionais exteriores à relação primordial com certa estabilidade.
Alguns relacionamentos definem regras restritas (ex: polifidelidade); estas relações são poliamorosas, mas não abertas.
Alguns relacionamentos permitem sexo fora da relação primária, mas não uma ligação emocional (como no swing); estas relações são abertas, mas não poliamorosas.
Alguns poliamorosos não aceitam as dicotomias de “estar numa relação/não estar numa relação” e “parceiros/não parceiros”. Sem esta separação não faz sentido classificar uma relação de “aberta” ou “fechada”.
Símbolo do Poliamor.
Poliamor como modo de vida pode, em muitas sociedades, ser contra as normas de comportamento geralmente aceitas (mesmo quando respeita as leis vigentes). Assim, os seus praticantes e/ou simpatizantes sofrem pressão mononormativa para se adequarem à norma de comportamento. Para se ajudarem mutuamente ou conhecerem pessoas com modo de vida semelhante, simpatizantes e praticantes do poliamor têm-se constituído em redes locais ou virtuais de suporte, discussão ou mesmo intervenção social (usando extensivamente a internet). Neste último caso, poli-activistas procuram intervir na sociedade em que se inserem, tentando criar uma imagem positiva e merecedora de respeito junto à sociedade majoritária. Por outro lado, consideram que a ajuda e o suporte emocional por vezes lá prestado constitui por si mesmo uma forma de intervenção social.
Poliamor é um tipo de relação em que cada pessoa tem a liberdade de manter mais do que um relacionamento ao mesmo tempo. Não segue a monogamia como modelo de felicidade, o que não implica, porém, a promiscuidade. Não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo facto de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente.
O Poliamor pressupõe uma total honestidade no seio da relação. Não se trata de enganar nem magoar ninguém. Tem como princípio que todas as pessoas envolvidas estão a par da situação e se sentem confortáveis com ela.
Difere de outras formas de não-monogamia pelo facto de aceitar a afetividade em relação a mais do que uma pessoa. Tal como o próprio nome indica, poliamor significa muitos amores, ou seja, a possibilidade de amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Chamar-lhe amor, paixão, desejo, atração, ou carinho, é apenas uma questão de terminologia. A ideia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão para além da mera relação sexual.
O Poliamor aceita como facto evidente que todas as pessoas têm sentimentos em relação a outras que as rodeiam. E isto não põe necessariamente em causa sentimentos ou relações anteriores.
O ciúme passa a ser questionável. Primeiro porque nenhuma relação está posta em causa pela mera existência de outra, mas sim pela sua própria capacidade de se manter ou não. Segundo, porque a principal causa do ciúme, a insegurança, pode ser eliminada, já que a abertura é total.
Não havendo consequências restritivas para um comportamento, deixa de haver razão para esconder seja o que for. Cada pessoa tem o domínio total da situação, e a liberdade para fazer escolhas a qualquer momento.
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IMPORTÂNCIA PATERNA
Há mais de 4 mil anos, um jovem chamado Elmesu teria moldado em argila o primeiro cartão desejando sorte, saúde e longa vida a seu pai.
E a história mais conhecida em comemoração ao dia dos pais é a de William Jackson Smart, um ex-combatente da guerra civil que perdeu sua esposa quando os seis filhos eram ainda bem pequenos, criando-os sozinho.
Na Psicologia que o pai tem papel importante na saúde mental dos seus filhos é uma discussão psicológica não que não necessita de grandes pesquisas. É uma pergunta que contém uma resposta embutida na intencionalidade afirmativa da importância paterna.
E esta importância tem servido na construção de padrões de egos de “pai para filho” justificada na presença ou ausência da figura paterna.
O ditado popular que “filho de peixe, peixinho é”, é a justificação do filho na herança paterna.
Na sociedade patriarcal é pior não saber quem é o pai do que não ter tido uma mãe.
Fala-se da decadência do patriarcado, mas família patriarcal ainda é um modelo de mundo do homem por excelência.
Na política a mulher no poder segue o modelo patriarcal, o modelo de construção machista, do falo exclusivista. Nossa política mesmo com uma mulher no governo é patriarcal. No poder a mulher assumiu o mesmo padrão masculino.
“A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. (…) Multiplicai a família, e tereis a pátria”. (Ruy Barbosa)
Isto inclui o poder da mulher nas relações de trabalho e em qualquer relação de comando. As mulheres contribuem na criação machista. Mesmo para aqueles filhos que não tiveram a representação da figura paterna.
Homem que é homem tem que se impor na relação e dizer para a mulher: “Olha aqui, tô cansado de avisar que quem manda aqui é você!
Hoje a discussão sobre o modelo patriarcal transcende da família para a Política, a Ciência e a Religião que seguem o patriarcado como modelo.
No mundo ocidental houve a confiscação do divino pelo princípio masculino. O Cristianismo construído na mitologia da Bíblia tem como referência a perspectiva do patriarcado monoteísta. A divindade assume uma forma única e não múltipla, sendo uma divindade sexuada, já que é um “pai”. Essa concepção é, além do mais, apresentada como a única aceitável e exclui qualquer outra visão espiritual, o que a mais ou menos longo termo só pode mesmo acabar em excessos de toda ordem e, em particular, num comportamento intolerante.” Fonte
“(…) Essa ordem da dominação masculina muitas vezes se expressa de maneira radical, por exemplo, uma dessas manifestações radicais é o crescimento do fundamentalismo religioso, ou seja, quando a religião se volta aos seus fundamentos, ao que fundamenta a si mesmo, os seus mitos fundadores, para tratá-los como se fossem verdades absolutas.” Jean Wyllys
Teóloga Pintos conclui que as mulheres como as mais fiéis seguidoras e melhores transmissoras das crenças reproduzem muitas vezes o patriarcado que as submete.
E como será quando a mulher possuir o direito ao sacerdócio?
O teólogo Juan José Tamayo, que abriu a jornada, desenhou um panorama desolador sobre a relação mulher-religião, mas se mostrou otimista porque, disse, “surgiu uma nova forma de pensar e de reformular as crenças e as práticas religiosas”. Ele se referia à teologia feminista.
Com as mudanças sócio-econômicas-culturais em andamento no mundo, está ocorrendo uma modificação dos padrões historicamente estabelecidos nas relações familiares e no modelo da família tradicional reprodutora.
Ocorre o aumento da proporção de homens que tomam conta da casa e dos filhos sozinhos.
E a revolução doméstica em marcha mostra que no futuro haverá cada vez menos diferenças nas relações entre os papéis masculino e feminino na família do século 21.
Oxalá haja uma grande revisão nos papéis e nas estruturas do modo familiar de existência, onde o sexo biológico não esteja mais visto com tanta relevância. O ser pai ou mãe não esteja mais atrelado ao esteriótipo biológico do macho e da fêmea. E os antigos modelos que continuarão existindo sejam transversalizados por um modo mais afetivo de existência.
Novos país são aqueles que não apresentam a sua história como única alternativa de reprodução cultural nos seus filhos.
Novos filhos que não culpem seus pais por tudo.
O que você vai ser quando você crescer?
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CHRIS NÃO, KRISTIN
Soldado de elite americano relata mudança de gênero.
Transgênero ou “trans” são termos utilizados para reunir, numa única categoria, travesti e transexuais como sujeitos que realizam um trânsito entre um gênero e outro.
Gênero e identidade de gênero são conceitos que necessitam diferenciação. O conceito de gênero está ligado às características comportamentais, culturais, sociais e históricas do individuo. A identidade de gênero refere-se à maneira como alguém se sente e se apresenta para si e para os demais (homem ou mulher), independente do sexo biológico.
E quem somos nós para julgar?
Se a homossexualidade não deve ser julgada nem marginalizada por causa de serem o que são, mas integrada a sociedade, devemos viver num mundo onde o humano tenha mais valor do que esteriótipos. Haverá o tempo em que conviveremos como humanos e não como masculinos e femininos?
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ABUSO SEXUAL MASCULINO
Projeto Unbreakable: como as palavras ditas por abusadores podem ser usadas para curar.
Entrei em contato por acaso com o Projeto da fotógrafa Grace Brown em que ex-vítimas de abuso sexual são fotografados com cartazes contendo as palavras dos seus atacantes. Apesar do projeto originalmente ter sido saudado como uma maneira das mulheres lidarem com as questões profundamente dolorosos, uma visita ao site me possibilitou o vislumbre de como os homens que foram submetidos a abuso sexual lidam com a questão.
Para o homem a dificuldade em assumir a experiência de abuso é muito difícil e dolorosa em decorrência do histórico cultural da sociedade em relação ao machismo masculino.
Grace Brown decidiu fotografar sua amiga com um cartaz contendo a citação de seu atacante. “Eu apenas pensei: ‘vou postar isso na internet e talvez mais pessoas vão vê-lo”. Uma semana depois, autora feminista Jessica Valenti reblogou isso e expôs o projeto para uma nova audiência. Apenas três meses depois, Brown recebe centenas de e-mails toda semana – histórias de lugares tão distantes como Abu Dhabi e Austrália. Surgiu o Projeto Unbreakable: como as palavras de abuso pode ser usado para curar.
Assim como Grace, pude compartilhar com alguns homens experiências de abuso no período da infância, principalmente cometido por pessoas muito próximas da família, senão os próprios membros. Destas experiências nasceu o desejo de fazer algo em relação a este fato, funcionando como um alerta para a sociedade.
Para o homem a dificuldade em assumir a experiência de abuso é muito difícil e dolorosa em decorrência do histórico cultural da sociedade em relação ao machismo masculino.
Se você estiver interessado em participar enviando sua própria imagem, você pode enviar um e-mail para:
projectunbreakablesubmissions@gmail.com.
http://projectunbreakable.tumblr.com/
http://projectunbreakable.tumblr.com/tagged/grace%27s+photography/page/27
Os homens são mais resistentes e estão avançando lentamente nas denúncias de abuso.
Os homens estão lentamente avançando para isso. Estima-se que entre 46.000 e 95.000 crianças do sexo masculino são vitimas de abuso sexual a cada ano.
Dificuldade Masculina
Segundo estudos, vítimas de abuso sexual do sexo masculino têm mais dificuldade de lidar com o trauma.
A violência e o trauma de um abuso sexual são intensos para os dois sexos, mas, de acordo com pesquisadores, pode ser mais difícil para os homens se recuperar.
Violentados sofrem com a vergonha e o estigma do abuso e acabam se isolando e protegendo o criminoso com seu silêncio. Contudo, os homens têm de lidar com outro problema: o estereótipo sobre sua masculinidade. Como na maioria das vezes o criminoso é masculino, os garotos acabam sendo levados a questionar a sua sexualidade, coisa que não acontece com as vítimas do sexo feminino.
Um garoto vítima de violência sexual sofre com a discriminação exacerbada diante da contradição social frente ao seu senso de masculinidade. Muitos garotos tem até dificuldade em entender que estão sendo abusados. Nosso contexto social desde cedo colocam os homens no comando da sua sexualidade. Quando acontece um abuso, esta posição, socialmente definida é rompida. A ruptura na “ordem natural das coisas” é a causa de grande confusão para os meninos. E a sociedade atrapalha a recuperação. Por exemplo, quando o abuso é cometido por uma mulher, o trauma para o garoto é tão grande quanto se houvesse sido abusado por um homem, mas a sociedade vê isso como uma reprise do filme “A primeira noite de um homem”.
Outra grande diferença na nossa sociedade é que os meninos são mais expostos à pornografia durante o abuso do que as meninas. As meninas, em sua maioria, são violentadas por mais de um criminoso. Com os meninos, geralmente é apenas um, algumas vezes um menor de idade, mais velho que a vítima.
Além da dor, da confusão, da vergonha e do trauma, às vezes os jovens são acometidos por sentimento de raiva. Vítimas dos dois sexos têm altas chances de sofrer de doenças psiquiátricas como ansiedade e depressão. O preconceito que sofrem os faz calar sobre o abuso sexual.
Mudança de atitude na sociedade pode reverter quadro.
O mito de que os meninos são menos traumatizados por abuso sexual de meninas criou mais danos em alguns homens vítimas de abuso sexual.
Por medo ou vergonha, as vítimas de violência sexual geralmente guardam para si a experiência, o que dificulta a estimativa de casos.
Para que os jovens possam ter mais confiança e coragem de denunciar os violentadores mudanças de ponto de vista são necessárias. A sociedade deve ser mais sensível à gravidade do crime. Não deveríamos ter tanto preconceito em torno destes casos. Enquanto as pessoas rejeitarem, desacreditarem ou negarem o fato, este crime perpetuará.
O abuso sexual de menores corresponde a qualquer ato sexual abusivo praticado contra uma criança ou adolescente. É uma forma de abuso infantil. Embora geralmente o abusador seja uma pessoa adulta, pode acontecer também de um adolescente abusar sexualmente de uma criança.
Num sentido estrito, o termo “abuso sexual” corresponde ao ato sexual obtido por meio de violência, coação irresistível, chantagem, ou como resultado de alguma condição debilitante ou que prejudique razoavelmente a consciência e o discernimento, tal como o estado de sono, de excessiva sonolência ou torpeza, ou o uso bebidas alcoólicas e/ou de outras drogas, anestesia, hipnose, etc. No caso de sexo com crianças pré-púberes ou com adolescentes abaixo da idade de consentimento (a qual varia conforme a legislação de cada país), o abuso sexual é legalmente presumido, independentemente se houve ou não violência real.
Num sentido mais amplo, embora de menor exatidão, o termo “abuso sexual de menores” pode designar, também, qualquer forma de exploração sexual de crianças e adolescentes, incluindo o incentivo à prostituição, a escravidão sexual, a migração forçada para fins sexuais, o turismo sexual, o rufianismo e a pornografia infantil.
Existem duas formas de abuso sexual que os adultos podem praticar contra as crianças e os adolescentes: com contato físico ou sem contato físico. Nos dois casos, o adulto abusa do jovem para conseguir algum tipo de prazer ou satisfação interior.
A identificação e tratamento precoce dos meninos vitimizados pelo abuso sexual pode ser uma esperança para as potenciais vitimas femininas, assim como para vitimas masculinas.
O grupo de vitimas masculinas de abuso sexual pode ter um maior potencial de se tornar abusador quando adulto.
Indicadores
Os indicadores foram separados em categorias arbitrárias. Embora pudessem ser agrupados diferentemente, o agrupamento que se segue foi utilizado por parecer lógico à luz das observações realizadas. As nove categorias listadas são as seguintes:
1- Preocupações homofóbicas
2- Comportamento agressivo e controlador
3- Comportamento infantil
4- Comportamento fóbico/paranóide
5- Linguagem e comportamento sexuais (Ex. masturbação em publico)
6- Sonhos (sonhos em que são caçados, punidos e isolados)
7- Modificações no corpo e na imagem
8- Indicadores sociais e familiares
9- Comportamento Incendiário
Crimes que envolvem todos os tipos de trauma sexual ir em grande parte não declarada, devido à natureza secreta da infracção e da conivência implícita de que é forçado sobre vítimas por seus autores. A incidência de abuso sexual de crianças do sexo masculino é especialmente invisível, porque é a forma mais baixa relatado de abuso de crianças nos Estados Unidos de acordo com pesquisadores, Schultz e Jones.
David Finkelhor, Ph.D., estima que até 92 mil crianças do sexo masculino com idade inferior a 13 são molestado sexualmente a cada ano. Uma maioria significativa desses meninos vítimas de abuso sexual relatam que eles experimentaram várias ocorrências de vitimização por um autor único.
Efeitos do Abuso Sexual de Crianças
Os pesquisadores descobriram que os efeitos duradouros de abuso sexual variar dependendo fatores com base em suas experiências.
Alguns destes fatores incluem:
Idade da criança – segundo pesquisas quanto mais jovem é a criança que sofreu abuso, este se torna mais prejudicial.
Os efeitos são, de longe, mais grave quando o criminoso era um pai, padrasto ou outro membro da família confiável.
Se o abuso sexual foi acompanhado de violência e com mais frequência, o caso é mais grave.
Se ao contar para alguém e a criança sofre discriminação, dúvida, vergonha o dano é maior.
Vítimas de Abusos Quando os homens se Tornam Adultos
Características relatadas de homens adultos que foram abusadas sexualmente quando crianças incluem preocupação sexual ou compulsividade, confusão de identidade de gênero, orientação sexual confusão, dificuldade de estabelecer relações estáveis, de confiança, depressão, abuso de substâncias, distúrbios na imagem auto-estima e do corpo e sintomas de estresse pós crônica -traumático.
A relação entre o abuso sexual e o comportamento homossexual não é necessariamente causal.
Homens que se envolvem em comportamentos sexuais com o mesmo sexo não são necessariamente gay.
Nem todas as crianças do sexo masculino e adolescentes que sofrem abuso sexual se tornam agressores sexuais.
Alguns pesquisadores afirmam que não mais do que 30% das vítimas de abuso sexual, repetem este ciclo de abuso com suas próprias famílias.
Suporte para Homens abusados Sexualmente
Os homens que foram abusados sexualmente quando criança ou na juventude e não buscaram ajuda pode encontrar suporte com sobrevivente masculino. Eles estão comprometidos com a prevenção, cura e eliminação de todas as formas de vitimização sexual de meninos e homens através de apoio, tratamento, educação, advocacia e ativismo.
Propostas:
Discussão sobre Vitimização Sexual Masculina.
Uma conferência inovadora organizada por profissionais de saúde mental. Objetivo de reunir profissionais que queiram melhor compreender e tratar adultos sobreviventes masculinos de abuso sexual na infância.
Se você conhece alguém que está precisando de apoio, que eles saibam que sobrevivente do sexo masculino é apenas um clique de distância.
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ATO MÉDICO
Definir ser privativo aos médicos a formulação do diagnóstico e a respectiva prescrição terapêutica é se colocar sob a total responsabilidade apenas deste profissional a intervenção junto ao paciente.
Profissionais da saúde em vez de ficarem lutando por territórios e poderes devem pensar a vida do paciente sob o conceito holístico. Determinar apenas a médicos com os únicos portadores da formulação do diagnóstico e respectiva prescrição terapêutica é colocar a medicina sob um patamar de hierarquia superior em detrimento de todos os outros profissionais que trabalham para a saúde do paciente.
A obrigação de qualquer profissional em qualquer área acima de tudo deve ser educacional, havendo uma transversalização do conhecimento. Hoje com a informação disponível, também os pacientes tem o direito de discutir suas dificuldades e interagir com os profissionais da saúde para juntos equacionar uma melhor plataforma de ações sobre a saúde do cliente.
Ao suprimir um dos trechos mais polêmicos, que definia ser privativo aos médicos a formulação do diagnóstico e a respectiva prescrição terapêutica a presidente Dilma aproximou outras profissões e especialidades em saúde no patamar dos médicos. Eles querem ser historicamente os únicos com capacidade e detentores na verdade do tratamento. Então que se responsabilizem quando algum procedimento, ou tratamento não vai bem ou leva a alguma erro. O que vemos hoje é a criação de um protecionismo profissional. Querem o direito, a exclusividade, o poder, mas não a responsabilidade.
Dividir de forma holística com uma equipe multidisciplinar é dividir procedimentos e responsabilidades de forma que a atuação venha de encontro com a visão da qualidade do tratamento do cliente e não a marcação de territórios fechados e reducionistas. Este comportamento não condiz mais com a visão moderna de mundo, onde o conhecimento deve ser sim compartilhado e não especializado a ponto de gerar dependências e territórios místicos do saber.
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BEBÊS COM TRÊS PAIS
Governo inglês aprova inseminação que pode gerar bebês com “três pais”
Há muito o conceito de família tradicional reprodutiva está sendo remodelada. Desde a criação da pílula que libertou a mulher para a sua sexualidade, os avanços da ciência em relação a fertilização, os bebês de provetas, a possibilidade da barriga de aluguel, a clonagem e agora o Reino Unido pode se tornar o primeiro país do mundo a aprovar um tratamento de fertilidade que utiliza material genético de três pessoas para evitar certas doenças hereditárias incuráveis.
Sem falarmos que em diversos países a possibilidade de adoção por casais homoafetivos que altera o padrão tradicional da família reprodutiva.
E futuramente quem sabe com a capacidade de clonagem, qualquer um poderá gerar um filho literalmente a sua imagem e semelhança.
A sociedade deve começar a repensar o seu conceito de família.
Por muito tempo a família tradicional hétero reprodutiva tem sido o único modelo do sistema. O medo de uma mudança passa não apenas pelo âmbito da moral tradicional historicamente enraizada nas tradições religiosas, mas também no modelo de família compulsiva que alimenta o mercado.
Esses são os grandes focos de discussão em torno de uma ética familiar sempre que novidades científicas se apresentam.
Se a família tradicional já não se apresenta como única forma viável diante das mudanças sociais, é necessário repensarmos a unidade familiar de forma a não imputarmos apenas o modelo hétero normativo reprodutivo como única forma possível.
Críticos afirmam que a técnica pioneira de fertilização in vitro é antiética.
O Reino Unido pode se tornar o primeiro país do mundo a autorizar um tratamento de fertilidade que utiliza material genético de três pessoas para evitar certas doenças hereditárias incuráveis, depois que a ideia recebeu o respaldo do governo.
O ministério da Saúde britânico redigirá as novas normas relacionadas à polêmica técnica de fecundação in vitro (FIV) e as submeterá a uma consulta pública antes de apresentá-las ao Parlamento, para um debate em 2014.
O procedimento, que pretende evitar que as mães transmitam aos bebês graves doenças genéticas, consiste em substituir o DNA mitocondrial anômalo do óvulo materno pelo DNA mitocondrial saudável procedente de um doador para criar e fertilizar o óvulo reconstruído com esperma do pai com uma FIV clássica.
“Os cientistas têm desenvolvido novos procedimentos inovadores que podem deter a transmissão destas doenças, o que dá esperanças a muitas famílias que buscam prevenir que seus futuros filhos as herdem”, declarou a assessora médica do governo britânico, Sally Davies.
“É correto que busquemos adotar este tratamento que pode salvar vidas o mais rápido possível. O que vamos fazer agora é começar a desenvolver a regulamentação, a consultar sobre ela para depois levá-la ao Parlamento”.
Um em cada 200 bebês nasce a cada ano no Reino Unido com uma forma de enfermidade do DNA mitocondrial, ou seja, uma patologia que afeta as estruturas que permitem proporcionar energia à célula.
Nos casos mais graves, as anomalias podem resultar em doenças como a síndrome MELAS, a síndrome MERRF, a síndrome NARP e a neuropatia óptica hereditária de Leber.
A autorização do procedimento, atualmente proibido por lei, constituiria um avanço radical na área porque permitira alterar a linha genética germinal.
Os bebês nascidos com esta técnica compartilhariam DNA com três pessoas, seus pais e o doador, mas apenas 0,1% procederia desta última pessoa.
Além disso, seriam parecidos apenas com os pais porque as características humanas estão codificadas no DNA do núcleo da célula.
Caso seja autorizada, os especialistas indicam que apenas de cinco a 10 bebês poderiam nascer a cada ano por meio da técnica no Reino Unido, onde quase 12.000 pessoas vivem com patologias mitocondriais.
Procedimento estará disponível para casais em até dois anos.
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